Capítulo 9

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TRÊS SEMANAS DEPOIS, Georgia estava em seu estúdio, trabalhando, quando a campainha tocou. Quem raios estaria tocando a campainha dela às 10 da noite? Descontente, ela abaixou o pincel e foi atender ao interfone.

Esse mês de Janeiro têm sido o mais produtivo até agora. Compensado pelo Dezembro-cheio-de-Milly. Coração partido sempre significava maior produtividade, o que era a principal razão da carreira de sucesso de Georgia ter durado tanto. Se sua vida amorosa tivesse sido gentil, ela provavelmente teria acabado trabalhando em um escritório como todo mundo. Mas esse Janeiro, Jane se certificou de que a criatividade dela estivesse à todo vapor.

Ela apertou o botão. "Olá?"

"É a Milly." Georgia respirou fundo. "Oi." "Posso entrar?" "Claro. Georgia apertou a campainha e andou até a pia para limpar as mãos. Ela estava um estado. Ela não saia do flat há alguns dias, mal tinha comido. Coração partido também era bom para a cintura.

Mas aí, ela não estava tão preocupada assim com o que Milly pensava da sua aparência, ela não estava mais tentando impressioná-la, ela tinha certeza que esse não era um convite para sexo casual. A campainha tocou de novo, e Georgia foi atender a sua grossa porta da frente de madeira, enquanto o elevador fazia sua descida quase silenciosa.

Quando ela abriu a porta, Milly entrou sem olhar para ela, passando pelo estúdio até a sala de estar. Ela sentou-se no Chesterfield de couro gasto de Georgia, suspirando alto. Ela alisou o jeans e tentou fazer uma careta, mas não conseguiu fazê-la efetivamente. Georgia não tinha ideia do que fazer com ela aparecendo assim.

"Você está bem? Sua mãe está bem?"

"Nós estamos tão bem quanto podemos estar, mas eu vim aqui para conseguir algumas respostas." Ela pausou, antes de olhar para Georgia.

"Eu não posso... falar com a minha mãe, é muito esquisito. E acredite, eu não quero falar com você sobre isso, mas não tem mais ninguém. E Joanna, bem, ela não serve muito. Ela está em negação, se recusando a acreditar que o que você e minha mãe tiveram não foi nada além de uma aventura." Milly soprou um suspiro. "Mas eu preciso saber: foi mais do que isso, não foi?" Georgia percebeu que estava segurando a respiração: ela soltou-a acenando. "Foi." Ela não podia mentir para Milly, ela a devia mais do que isso. "E eu não tinha ideia de quem ela era, quem você era. Eu sinto muito sobre tudo." Milly levantou a mão. "Me poupe." Ela respondeu. "Eu ainda estou chateada, mas eu sei que isso não é culpa de ninguém. Eu só preciso saber porque a Mamãe está em pedaços."

Jane estava em pedaços? O coração de Georgia caiu em seu peito. Ela faria qualquer coisa para poder juntar os pedaços de Jane de volta, junto com os seus próprios.

Milly lambeu os lábios e fez uma cara, como se não quisesse saber a resposta do que estava prestes a perguntar.

"Vocês estavam apaixonadas?"

Georgia fechou os olhos, então, deu um leve aceno de cabeça.

"Nós estávamos."

"E o que aconteceu?"

"Você deveria perguntar a sua mãe."

Milly levantou as mãos.

"Você perguntaria a sua mãe?"

Georgia revirou essa questão em sua mente.

"Não no meu tempo," Ela disse.

Ela andou e sentou na ponta oposta à de Milly no sofá antes de responder. Ela tentou bloquear as memórias delas fazendo amor nesse mesmo sofá inúmeras vezes. Será que Milly estava fazendo o mesmo?

"Nós estávamos apaixonadas, e estávamos tendo um caso pelas costas do seu pai. Ele nunca soube — e sua mãe não queria magoá-lo, ela o amava também, e ela escolheu ele no fim. Ela queria que fôssemos amigas, mas eu nunca poderia ser só amiga." Georgia olhou para as próprias mãos, e então de volta para Milly.

"A próxima vez que eu a vi, foi no Dia de Natal, com você."

Milly sacudiu a cabeça, soltando outra respiração. "Wow — não é de se admirar que ela estava surtando. Ainda está." Ela pausou. "E eu tenho o mesmo gosto que a minha mãe: não é algo que qualquer filha quer ouvir."

Georgia bufou.

"Obrigada, eu acho."

"Mamãe ainda te ama, você acha que mamãe ainda te ama?"

Ah Deus, ela não queria ter essa conversa com Milly: já foi ruim o suficiente tê-la com Jane.

"Eu não sei. Eu honestamente não sei."

Milly olhou para ela. "Não minta para mim. Você me deve esse tanto. Por favor, não minta para mim."

Georgia mordeu o lábio e sentiu o gosto de sangue, antes de acenar lentamente. "Eu acho que talvez ela possa."

Ela ouviu a respiração de Milly prender na garganta dela. "E você a ama?"

Georgia pausou: deveria ela dizer a verdade? Mas quando ela olhou para Milly, era a única opção em oferta. Elas tinham, afinal, compartilhado alguns momentos íntimos. Ela não era simplesmente a filha do seu maior amor de todos os tempos: ela também era sua ex, e ela a devia a verdade, não importa o quão fosse difícil ouvir.

"Eu nunca parei de me perguntar onde é que ela estava. E eu nunca parei de amá-la."

A cabeça de Milly caiu para trás enquanto ela fechava os olhos. Aí ela ficou de pé, quase tropeçando pela sala de estar, enquanto ela tentava entender tudo. Era muito para absorver, Georgia sabia disso, mas para alguém tão jovem, ela estava indo incrivelmente bem.

E então, ela se bateu mentalmente por ser tão condescendente. Milly não era como qualquer mulher de 23 anos que ela tivesse conhecido, essa era uma das razões pelas quais sentiu-se atraída por ela. Eventualmente, ela ficou de pé, então se inclinou, descansando as mãos em cima das coxas, ofegando um pouco, como se tivesse corrido uma maratona, ela tinha perdido o fôlego. Georgia entendeu.

"Eu não acredito que vou dizer o que estou prestes a dizer, mas eu vou" Milly começou, encolhendo os ombros um pouco mais "Eu acho que você deveria entrar em contato com Mamãe, e ver como as coisas se resolvem. Elas não podem funcionar para nós, eu sei disso, mas se essa é a grande chance de Mamãe no amor depois de Papai, eu não posso ficar no caminho dela." Ela colocou a cabeça para baixo e soltou o suspiro mais longo do mundo, antes de se endireitar e correr os dedos pelos cabelos.

Milly ainda era bonita, não tinha como negar isso.

Mas ela não era a original, nem de longe.

"Não significa que não vai ser esquisito num primeiro momento, mas eu não quero ser a pessoa que vai causá-la dor — e eu vejo que estou, embora ela não me diga. Só está demorando um pouco para eu juntar os pedaços. Ela sempre nos colocou em primeiro lugar, e está na hora dela colocar a sí mesma. Especialmente agora que ela está sozinha." "Você está dando a nós a sua benção???" A voz de Georgia aumentou, ela não conseguia acreditar nos seus próprios ouvidos.

"Estranhamente, estou. Eu não tenho ideia do porquê, mas parece a coisa certa a se fazer." Ela prendeu Georgia com o olhar. "Contanto que isso seja real — sem brincadeiras, ou você vai ter que se ver comigo.

Georgia sorriu e sacudiu a cabeça. "Eu nunca brincaria com os sentimentos da sua mãe." Milly curvou a boca em um rosnado, como se ela tivesse comido algo particularmente odioso. "Ok, eu tenho que ir." Ela caminhou em direção à porta e Georgia seguiu ela "Ei," Georgia disse, tocando Milly no braço. "Obrigada por vir hoje, eu sei que isso não deve ter sido fácil."

Milly a encarou, abaixando seu olhar para a boca de Georgia, onde tinha beijado tantas vezes antes, agora, se sentindo enojada consigo mesma. "Você não tem ideia..." ela disse finalmente. "Mas se ela te ama, não posso ficar no caminho dela. Então, ligue para ela uma hora dessas ok?"

Milly se virou e abriu a porta da frente, antes de se virar para trás:

"Acho que vou te ver por aí um dia desses."

Georgia assentiu: "Eu acho que sim."

⚢Tinha Que Ser Você - Clare Lydon (PT- BR)⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora