JANE NÃO CONSEGUIA SE DECIDIR em uma roupa, não conseguia se decidir em nada. Ela era uma bola apertada de confusão, e ela se perguntava se era assim que sua adolescência era para ter sido, não puramente aceitando tudo e indo de acordo com como o mundo era. Ela só ficou com garotos na sua juventude, pois, por quê ela faria outra coisa? Nunca houve outra opção.
Na Universidade, ela continuou o padrão, eventualmente, ficando com Paul, porque, bem, ele sempre esteve por perto e ele era seguro. Paul sempre fez Jane se sentir amada, cuidada, como se a vida não fosse a mesma sem ela. E ela gostava desse sentimento. Ela o recebeu de bom grado. Ela não teve uma educação tão estável, e foi isso que Paul trouxe para ela. Com 22, dada a escolha, ela nunca iria recusar essa opção.
Mas Georgia — ah a Georgia. Ela trouxe a faísca, ela era a derradeira fruta proibida. Uma fruta que Jane nunca tinha contemplado antes, mas quando foi posta no prato dela, ela deu uma mordida e descobriu que era deliciosa. E naqueles seis confusos e emocionantes meses, Jane tinha tudo. Mas nada dura para sempre, e ela não podia ferir Paul. Então, ela fez o que todo mundo esperava que ela fizesse: se casou com ele. E ninguém precisava saber do seu flerte com Georgia. Ela preferiu chamar de flerte, porque dizer que era mais do que isso, faria com que fosse maior em sua mente, exatamente o mesmo tamanho que sempre têm sido em seu coração. Perder Georgia a despedaçou, tinha sido uma bagunça catastrófica, e quando Paul a perguntou o que estava errado, ela não podia dizer a ele. Mas ele perseverou, e quando não obteve uma resposta, ele a perguntou a questão derradeira para acalmar seus medos: e ela disse sim.
Aquele simples ''sim'' estampara qualquer sentimento que ela pudesse estar carregando por Gerorgia. Ela abafara as suas emoções e as guardava, depois jogava fora as chaves.
Isso é, até Georgia voltar para a sua vida no Dia de Natal. E aí, Jane explodiu de medo, ansiedade, confusão, e possibilidade. Todos os sentimentos usuais em relação à Georgia.
Mas hoje era diferente. Hoje, elas estavam se encontrando para o almoço em um restaurante tendo um Encontro Perante Deus. E pela primeira vez na vida dela, Jane não estava mais se escondendo.
A amiga dela, Rachel sabia, porque ela precisava falar com alguém, então ela a contou ontem, na mesa da cozinha. Rachel só levantou uma única sobrancelha, quando Jane confessou antes de lhe informar sobre o espectro da sexualidade e o fato de sermos capazes de mudar em algum momento das nossas vidas.
"Você já fez alguma coisa com uma mulher?" Jane perguntou.
Rachel, em resposta, abaixou o olhar e suas bochechas coraram. "Não a coisa toda, mas um beijo, sim." Ela nem foi capaz de olhar Jane diretamente nos olhos. "Se é isso que você sente no seu coração, então eu digo, vá em frente. Quem sabe o que teria acontecido se eu fosse?" Jane não estava atrás da benção de Rachel, mas foi bom ser um pouco entendida e encorajada. E ela iria voltar para a história de Rachel outra hora — ela não ia escapar tão fácil assim.
No entanto, não era com a benção de Rachel que Jane estava preocupada, essa honra tinha ido para as suas filhas, Milly e Joanna. Como elas reagiriam à mãe delas namorando uma mulher? E não qualquer mulher, mas Georgia quem Milly trouxe para casa no Natal? Joanna estava sendo estoica, surpreendendo Jane no processo. "A vida é curta, Mamãe" ela disse, "você sabe mais do que ninguém. Se ela te faz feliz, então estou te apoiando totalmente," Ela pausou. "Não é a mim que você precisa convencer — é a Milly."
Joanna estava certa, claro. Mas que nem Jo, Milly surpreendeu Jane também, aparecendo em sua porta semanas antes e falando para ela ir em frente e sair com Georgia.
Jane não soube o que dizer, então ela agarrou os ombros da filha enquanto eles tremiam levemente em seus braços.
"Você tem certeza?" ela perguntou, saindo do abraço e procurando nos olhos de Milly por alguma coisa. Ela só percebeu um vislumbre de tristeza, do que poderia ter sido. "Se você tiver qualquer dúvida, eu estou do seu lado, você sabe disso."
Mas Milly só tinha sacudido a cabeça e suspirado. "Eu não vou negar, amei estar com Georgia, eu posso entender a atração." ela disse, fazendo Jane corar vermelho vivo, "Mas tudo acontece por uma razão, mesmo que ainda seja difícil de absorver" Milly pausou. "Mas ela é sua Mamãe, não minha. Vocês têm uma história. E claramente era pra eu trazer ela para você, esse era meu papel. Você sabe que eu sou uma grande fã da fé. Preferia não ter tido esse papel a desempenhar, mas é assim que a vida é às vezes."
Jane balançou a cabeça "Eu não sei o que eu fiz pra te merecer — você tem uma cabeça tão sábia nos seus ombros jovens." Milly soltou uma risada estrangulada. "Eu não sei se sábia é o adjetivo certo que eu usaria. Eu passei as últimas semanas ficando bêbada com tudo o que conseguisse pôr as mãos, tentando entender tudo."
Jane estremeceu com isso: Milly ainda era a sua filhinha, não importava o que acontecesse. "Eu nunca quis que você se machucasse, querida. Essa é a última coisa que eu iria querer." "Eu sei, mas a vida não é justa às vezes. Eu estou chegando a um acordo com isso, porque eu meio que tenho, não é?" Ela respirou muito fundo. "Nós não podemos colocar a gênia de volta na garrafa, ela está livre agora." Jane gargalhou. "Eu não tenho certeza que Georgia te agradeceria por essa descrição."
Milly sorriu de volta. "Ela vai superar." Pausa. "Eu te amo, Mamãe e eu talvez tenha amado a Georgia um pouquinho também," Jane ia dizer algo, mas Milly levantou a mão "E se eu amo as duas, como eu posso ficar no caminho de algo que é bem maior do que eu, algo que estava estabelecido mesmo antes de eu nascer? Eu não posso. Vocês amaram uma à outra durante 30 anos, você precisa dar uma chance a isso. Vocês estão destinadas uma à outra."
"Não são muitas pessoas que tem a chance de ter dois amores na vida delas — mas você teve o Papai, agora você tem a Georgia." Uma lágrima escorreu pelo rosto de Milly, mas ela a limpou. "Você precisa começar a próxima fase da sua vida com ela a seu lado, se é isso o que você quer. E eu e Joanna estaremos bem aqui, torcendo ao seu lado."
"Você é uma mulher incrível, sabia disso? E com quem quer que você acabe, vai ser uma mulher de sorte."
"Ah cara, não se esqueça. Estamos todas no espectro, lembra-se? Você de todas as pessoas deveria saber disso."
Jane riu bruscamente disso. "Você acha que eu saberia, não é?"
Ai ela pegou o precioso rosto de sua filha nas mãos e a beijou gentilmente.
"Eu te amo tanto. E isso nunca vai mudar."
"Eu sei." Milly respondeu, fungando.
Isso tinha sido há duas semanas atrás.
Então Georgia ligou.
Hoje era o dia do encontro.
Hoje realmente podia ser o início do resto da vida dela.
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⚢Tinha Que Ser Você - Clare Lydon (PT- BR)⚢
RomanceEsse era para ser um dia de natal normal, em que Milly iria apresentar a sua namorada para a família. - apesar de Georgia não concordar com a ideia, e Jane estar apreensiva para conhecer a pretendente que arrebatou o coração de sua filha - Mas nenh...