Capítulo 11

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GEORGIA nunca tinha se preocupado tanto com sua roupa, nunca se importara tanto com o que seu par ia pensar dela. Mas ela estava se cobrando muito, porque esse não era qualquer encontro, era um encontro com Jane. O amor há muito tempo perdido de sua vida. Querida Jane, com o rosto de porcelana. Ainda tão delicada como no dia em que se conheceram. Ela ainda não conseguia acreditar na direção que a vida a atirou, ainda admirava a maturidade de Milly. Ela tinha certeza que não reagiria assim se a mãe dela tivesse roubado a sua namorada.

De uma coisa ela tinha certeza: se isso tudo funcionasse como ela esperava, as suas pinturas estavam prestes a naufragar e ficar arruinadas. Sempre que Jane estava perto dela, Georgia ficava estupidamente feliz, seu coração se acendia — e isso nunca era bom para o seu trabalho. Mas por Jane, ela estava pronta para abrir mão de tudo, para ser feliz. Por Jane, ela estava preparada para fazer qualquer coisa.

Elas estavam se encontrando em um restaurante nos arredores do East London, um que servia frutos do mar e champanhe; tinha sido recomendado por um dos amigos artistas de Georgia. Georgia o escolheu pela carta de champanhes. Isso tinha sido algo que elas duas sempre concordavam. Ela não podia esperar para ver Jane, agora que elas estavam juntas, para todo mundo ver, agora as filhas dela aprovaram, agora, ela podia tocá-la, finalmente.

Esse encontro podia até acabar com um beijo, talvez mais. Se era qualquer coisa entre Jane e ela, poderia ser muito mais.

Georgia pegou o seu telefone, e lá estava, uma mensagem de Jane. O medo subiu pela traquéia, dando um nó na garganta, se ela estivesse cancelando, Georgia ia morrer.Ela estava parada no trânsito de Londres, então clicou; mas era apenas Jane perguntando se o restaurante tinha um estacionamento próprio. Ela estava se perguntando a mesma coisa. Georgia respondeu a mensagem dizendo que esperava que sim, até mandar uma mensagem para Jane acende uma faísca pelos dedos e através de seu corpo, direto para a parte entre as suas pernas.

Georgia balançou a cabeça. Com 54 anos, ela ainda sentia isso.

Ela virou a esquina na estrada em que o local estava, na sua cabeça, passava um mixtape de momentos arrebatadores do passado delas. Ela não conseguia lembrar exatamente dos beijos, traços e locais do seu amor anteriormente, mas ela se lembrava das sensações como se fosse ontem.

Na verdade, ela nunca foi capaz de se livrar das sensações que Jane lhe trazia, o toque dela, o cheiro dela...

Toda a amante que Georgia tinha levado para a cama tinha sido comparada a ela, e todas ficaram aquém. Sim, até Milly, embora tivesse algo sobre ela que Georgia não conseguia explicar. Não era tão difícil de explicar agora, mas ela não queria pensar nisso hoje.

Hoje era tudo sobre Jane. Porque com ela, a paixão de Georgia já a consumia antes mesmo de elas caírem na cama. Desde o primeiro momento em que se conheceram, ela sabia que a amava. Aí, era só o caso de convencer Jane de que o sentimento era mútuo. Ela fez o seu melhor, mas não foi o suficiente.

Desta vez, ela estava determinada a ser a epítome da convicção, mas Georgia tinha o pressentimento de que só iria reforçar uma ideia que já estava assentada. Ela tinha todos os dedos cruzados.

Ela viu o local, com sua discreta sinalização, virou o Mercedes na esquina, seu sangue pulsando, seus níveis de excitação disparando para o céu. Ela estava indo para um encontro com o amor da sua vida, isso era grande.

Georgia escaneou o estacionamento: uma vaga. Ela deveria ser cavalheiresca e deixá-la para Jane? Ela desacelerou e considerou, mas aí, outro alguém poderia pegá-la enquanto isso, então nenhuma delas estacionária. Ela ficou às voltas com a decisão em sua mente, antes de passar o pé para o acelerador para colocar o carro dentro da vaga.

⚢Tinha Que Ser Você - Clare Lydon (PT- BR)⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora