⚢Tinha Que Ser Você - Clare Lydon (PT- BR)⚢

Capítulo 2

"Então, quantos vão vir no dia? Só as garotas?" a velha amiga da Jane, Rachel, tinha trazido um vinho tinto de baixa caloria porque ela estava em um Pontapé Inicial Saudável Antes do Natal para perder alguns quilinhos. Toda vez que ela tomava um gole, ela segurava a taça, para inspecioná-la, como se questionasse as calorias do conteúdo.

Jane não se importou: tinha gosto de vinho, além do mais, as baixas calorias significavam que era menos provável que ela tivesse dor de cabeça pela manhã, como frequentemente acontecia depois que Rachel visitava.

"Milly, Joanna e os dois novos parceiros delas", ela respondeu, mastigando outra batata de sal e vinagre. Jane não tinha certeza elas iriam com o vinho, mas ela não ia parar de comê-las: ela tinha que obter suas calorias de algum lugar.

"Os dois? Isso é um pouco maldoso, deixar você de fora."

Jane encolheu os ombros.

"Estou contente por elas. Embora Milly estivesse fazendo barulho sobre o fato de a parceira ser um pouco mais velha que ela, para que eu não morra de choque quando conhecê-la. Como se eu nunca tivesse visto um casal com diferença de idade antes."

Rachel riu. "Os jovens são os primeiros a experimentar qualquer coisa, lembra?" Ela pausou. "Mais velha quanto?"

"Não tenho certeza, mas se eu tivesse que adivinhar, eu diria uns dez anos, talvez um pouquinho mais."

"Então, Milly está saindo com uma mulher de 35 anos?"

"Aparentemente."

Rachel sentou-se, com o vinho na mão, apertando os olhos conforme o brilho de uma das luzes da cozinha batia em seu rosto.

"Bem, bom para ela." Ela olhou para Jane. "Você poderia estar saindo com um de 35 anos, sabia?"

Jane engasgou com o seu vinho.

"Eu dificilmente acho isso — tenho 54, caso você tenha se esquecido."

"Estou bem ciente da sua idade, mas olhe só para você... você está ótima! E quanto tempo faz desde Paul?"

O coração de Jane suspirou, como sempre fazia quando seu falecido marido era mencionado.

"Foram três anos em Outubro."

"Já está na hora de você se apresentar ao mundo também, que nem as suas filhas."

"Com um cara de 35 anos? Não, obrigada. Meus dias de babá acabaram. Quando eu estiver pronta para voltar aos encontros e conhecer alguém, ele vai ser responsável, alto, e de preferência, com alguns fios de cabelo na cabeça."

"Exigente."

Rachel teve que responder com um sorriso.

***

AQUILO TINHA SIDO HÁ duas noites atrás, e agora aqui, Jane sentou-se na sua cozinha, embalando presentes, na Véspera de Natal, assim como ela sempre tinha feito a vida toda. Só que, ela tinha feito anteriormente com Paul, as suas filhas, ou com os dois. Hoje, é a primeira Véspera de Natal que ela passava sozinha, e as palavras da Rachel estavam girando na sua cabeça. Talvez ela devesse começar a pensar em voltar para o mundo, voltar para o cenário de encontros. Porque uma coisa era certa: todo o resto do mundo estava.

Ela não sabia o que dar para as garotas: elas eram tão diferentes e os interesses delas eram tão variados. Além disso, elas não tinham a maioria das coisas que queriam?

Incluindo parceiras agora, aparentemente. Jane estava apenas contente que as duas estavam felizes, entusiasmada em saber que ela criou duas mulheres capazes de manter relacionamentos amorosos — ela e Paul tinham tentado dar o exemplo, e o casamento deles foi estável, amoroso. Eles conviveram bem. Paul sempre foi um bom provedor para elas; até mesmo na morte, as apólices de seguro dele significam ela agora estava sendo cuidada durante toda a vida.

Jane as fez membro do Tate Modern como presentes para elas, junto com umas botas novas para Milly e um cardigã de cashmere para Joanna.

Ela também comprou para o novo namorado da Jo um suéter cinza, e para a namorada da Milly, uma garrafa de champanhe - sob o conselho de Milly - Jane sorriu para essa constatação: também era seu drink favorito, então, talvez ela e essa mulher tivessem mais em comum do que ela imaginava. No entanto, por mais velha que ela fosse, ela certamente estava colocando uma mola nos passos da sua filha: quando ela falou com a filha mais cedo, Milly soou mais feliz do que já havia estado em algum tempo.

Jane rasgou a fita adesiva com os dentes colou no presente de Mill, certificando-se que as extremidades estavam perfeitamente arrumadas. Jane era uma empacotadora de presentes caprichosa. Verdade seja dita, ela estava um pouco nervosa com o Natal, e estava se perguntando como ela iria se sentir — especialmente desde que Rachel apontou que ela iria ser uma solteirona solitária.

Ao longo dos últimos anos, desde a morte do Paul, foram só elas três: Jane, Milly e Joanna. O primeiro e o segundo ano foi difícil, mas no último ano, elas riram e realmente aproveitaram o dia, até brindaram ao Paul: algo havia mudado. Aí, todas as duas estavam se virando sozinhas, mas agora, era só a Jane. Ela estava pronta para conhecer alguém e começar um relacionamento? Não tinha certeza. Mas agora que Milly e Joanna estavam ambas em relacionamentos, talvez esse era o empurrão que ela precisava. Ela ainda tinha só 54, afinal de contas, ela ainda tinha muita vida para viver.

Talvez amanhã, quando ela visse o quão felizes suas filhas estavam, isso daria a ela o ânimo que ela precisava. Ela sorriu quando pegou a garrafa de Laurent Perrier, junto com um brilhante laço vermelho. Ela estava sendo tola, tinha certeza de que tudo ficaria bem..