A Fera

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O beijo da lua

lua cheia

de febre, ferida

vermelha pela janela,

convida-me

em noite escura

eu vou, pois,

escura também sou

e vou

vou rompendo cadeias

ao aroma das veias

faço caminho

desnuda ao luar eu saio

a pele se transforma

a Homem se oculta

e fera sou ao luar

terna luminescência

é minha doce perversidade

passam-se os séculos

na memória dos humanos

permanece minha diversão

provocando-os

vou deixando rubros caminhos

de sangue e maldição

trago fogo no coração

tenho a febre da lua

e rubros meus olhos são

ah, lua que ilumina

assim na noite

escura alma minha

por ela jogo com sombras

porém, na unção do sangue

uiva a criatura sombria

meus uivos açoitam a paz

e em todos os lugares

bem sabem

que a fera vem

que a fera sorri

que a fera vive

e a fera sou eu

ainda que sejam tristes estes bramidos

são ferozes minhas garras

ao preço da saciedade

de prata e errante

é tão bonita

lua lua minha

em alma maldita

é tão bendita

pois ao sol que vem

a Outra desperta

até que de novo a lua

seja minha liberdade

fera sou

esta é minha maldição

a fome é minha luz

O veneno a minha paixão...!

O Anjo Sem AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora