Capítulo 33

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A gente se entreolha, o Nolan corre para ver a Zoe e eu fico desesperada, afinal a maior parte disso foi culpa minha.

Lena: Eu vou chamar a ambulância.
Nolan: Não. Vá buscar as chaves do meu carro, a ambulância vai demorar.

Vou buscar as chaves correndo, o Nolan leva a Zoe para o carro e eu o ajudo abrindo a porta do carro.
Entro no lugar do passageiro e o Nolan franze as sombrancelhas.
Lena: Eu vou com você.
Ele acelera o carro e em poucos minutos chegamos no hospital. A equipe já estava pronta para recebê-la, puseram-na em uma maca e o Nolan os segue segundo a mão da Zoe.

Ela entra em uma sala, o Nolan passa a mão em seu rosto e depois bate os seus punhos contra a parede.
Abraço o Nolan para o confortar, ele não diz nada, apenas se conforta em meu abraço. De repente o telemóvel do Nolan toca e depois de ver quem estava ligando, ele me passa o telemóvel.

Emily em linha

Lena: Alô?
Emily: Gente aonde vocês estão? De repente sumiu todo mundo desta casa.
Lena: Olha Emily a gente está no hospital.
Emily: O quê?! O que aconteceu?
Lena: A Zoe caiu das escadas.
A minha voz sai como um choro.
Emily: Jesus! E em que hospital vocês estão?
Lena: No mais perto de casa.
Emily: Tá. Eu já sei qual é, estou vindo pra aí.

Fim de linha

Pego nas mãos do Nolan e encaro os seus olhos verdes.
Lena: Vai ficar tudo bem.
Nolan: E se ela perder o bebé...
Lena: Shhh. Isso não vai acontecer, tá?
Ele me abraça como se ganhasse mais forças em meu abraço.

Poucos minutos depois a Emily chega e não vem sozinha, vem com a Mary e a Raquel.
Mary: Filho.
Nolan: Mamãe.
Eles se abraçam, enquanto a Emily me puxa para ir tomar um copo de água.
Emily: Toma.
Ela me entrega o copo de água para me acalmar.
Lena: Obrigada.
Emily: Você precisa ficar calma.
Lena: A culpa é minha.
Emily: Como assim?
Lena: Se ela perder o bebé eu não vou conseguir me perdoar.
Emily: O que você está dizendo? Por acaso você a empurrou das escadas?
Lena: Não. Ela nos viu se beijando, saiu correndo e caiu nas escadas.
Emily: Nossa. Isso é coisa de novela, mas é claro que a culpa não é sua, há beijos que não se podem evitar.
Lena: Emily?!
Emily: Amiga, essas coisas acontecem, mas não te sintas culpada.
Abraço a minha amiga e doutro lado vejo a Raquel andando de um lado para o outro.

Lena: Como ela soube?
Emily: Ela chegou com a mamãe lá em casa quando eu estava vindo para cá e aí eu tive que contar o que aconteceu.
Lena: Ela está muito nervosa.
Emily: Pois é.
A gente volta a se juntar à eles, a preocupação preenche o clima.

Mary: O médico ainda não trouxe nenhuma notícia?
Nolan: Não. Será que aconteceu alguma coisa?
Ele respira fundo.
Mary: Raquel?
Raquel: Sim tia?
Mary: Pare de andar de um lado para o outro, está nos deixando mais nervosos.
Emily: É. Desse jeito você vai acabar fazendo um buraco no chão. É melhor poupar as solas dos seus sapatos.
A Raquel revira os olhos e fica quieta.
Raquel: Eu volto já.
A Raquel sai, acredito que ela vai beber um copo de água porque ela está com os nervos à flor da pele.

Raquel narrando

Vou em direção ao quarto em que a Zoe está para ser a primeira a falar com o médico.
Foi uma grande sorte eu ter ido à casa do Nolan para saber que isso aconteceu.

Ninguém pode saber que ela não está grávida.

Espero alguns minutos e o médico sai para dar as notícias. Ele aparenta ter uns 28 anos de idade e cá entre nós, ele é um gato.
Raquel: Dr.? Como está a minha irmã?
Finjo estar chorando e o médico suspira e sorri.
Médico: Fique tranquila. A sua irmã está bem graças ao bom Deus.
Ele diz sorrindo com a sua mão em meu ombro.
Raquel: Ai que bom Dr.! Eu estava com muito medo... e ainda estou.
Médico: Não precisa sentir medo. Ela está fora de perigo.
Respiro fundo e tento usar todo o meu talento como atriz.
Raquel: Bem Dr. eu sinto vergonha só de dizer, mas eu espero a sua compreensão. Eu estou desesperada e com o coração na mão, por isso Dr. eu quero que o senhor minta sobre uma coisa.

O médico franze as sombrancelhas e me encara.
Médico: Como assim?
Raquel: Não se preocupe. Será uma mentirinha do bem.
Médico: E que mentira seria essa?
Raquel: A minha irmã não pode ter filhos, ela é estéril e na família do seu noivo não aceitam esse tipo de mulheres. A coitada da minha irmã teve que mentir que está grávida para que conseguisse casar com o seu amado, porque sem isso eles teriam os separados... o senhor não sabe o tamanho do amor que um sente pelo outro, seria uma tristeza enorme para mim ver a minha irmã separada dele.

Digo soluçando em choros e pela cara do Dr. parece que ele está todo sensibilizado com a minha historinha.

Médico: Você quer que eu minta que ela está grávida?
Raquel: Quero que o senhor diga que ela perdeu o bebé.
Médico: Quê?!
Raquel: Dr. a minha irmã prometeu tirar a sua própria vida se descobrissem que ela não estava grávida.
Abraço o médico e ele me acalma.
Raquel: Eu não suportaria vê-la morta.
Médico: Bem, eu não sei... é melhor a gente ir.
Ele vai ter com o pessoal e eu o sigo.

O Nolan levanta logo que vê o médico chegando.
Nolan: Dr. como ela está? E o bebé?
Mary: Filho calma.
O médico olha para mim e engole em seco.
Médico: A Zoe Pascalle está fora de perigo, o tombo não foi muito grave, mas ela ficará em observação e se Deus quiser amanhã mesmo ela terá alta.
Mary: Graças à Deus!
Nolan: E o bebé Dr.?

Fico com medo do que o médico vai dizer, parece que ele não quer mentir, mas faço aquela minha cara que ninguém consegue dizer não ao meu pedido.

Médico: Ela...
Ele volta a olhar para mim.
Médico: ... ela perdeu o bebé infelizmente...Sinto muito.
Um alívio muito grande invade o meu peito, mando um sorriso para o Dr. e ele assente com a cabeça.

O Nolan fica arrasado com a notícia e vai embora, a Lena tenta ir atrás dele, mas eu a impeço segurando o seu braço.

Lena: Me larga Raquel.
Solto o braço dela.
Raquel: Você não deveria estar aqui e nem sequer ir atrás dele. Vai embora daqui.
Lena: Eu não vou abandonar o Nolan.
Raquel: Ah não? Você deve estar feliz agora que ela perdeu o bebé, mas não se preocupe. Você será a convidada especial no casamento deles.
Ela suspira antes de revirar os olhos.
Lena: Você pensa que todo mundo é igual a você hein Raquel? Até quando você será tão nojenta?
Levanto uma sombrancelha  e ela vai atrás do Nolan.

Lena narrando

Lena: Nolan.
Corro atrás dele e quando chego lá fora vejo o carro dele saindo com toda velocidade do parque de estacionamento.

Lena: Droga.
Coloco a mão na cabeça e a Emily vem correndo.
Lena: Ela perdeu o bebé Emily.
A Emily me abraça forte.
Emily: Eu também estou triste pelo meu sobrinho, mas não fique assim.
Vejo um táxi passando e eu corro para apanha-lo.
Emily: Lena aonde você vai?
Lena: Atrás do Nolan.

O táxi me leva até o lugar que eu imagino que ele esteja.
Corro sobre a areia branca e vejo o Nolan sentado em baixo da árvore daquele lugar.

Lena: Sabia que estava aqui.
Nolan: Os meus parabéns por ter me encontrado, mas eu queria ficar sozinho.
Me sento ao seu lado vendo o sol beijando o mar, a noite já está caindo e o frio arrepia os meus pelos.

Lena: Eu sei como está se sentindo.
Suspiro.
Nolan: Eu estava imaginando como o meu filho seria, a gente jogando futebol, carregar ele no colo... graças à te eu comecei a me acostumar com a ideia de ser pai.
Ele solta um sorriso.
Lena: Eu tenho a certeza que seria um bom pai.
A gente troca olhares e ele sorri.
Lena: Eu sinto muito. Peço desculpas por ter sido a causa...
Nolan: Não precisa pedir desculpas, simplesmente aconteceu.
Lena: Nolan?
Nolan: Diga.
Lena: É melhor a gente parar de se ver, de nos encontrarmos e...
Nolan: E você acha isso possível?
É ele tem razão, isso não será possível, estudamos na mesma universidade e estamos sempre nos vendo.
Nolan: Porque se for eu aceito o desafio.
Suspiro.
Nolan: Não é assim que se resolvem as coisas.
Lena: É a única solução.
Me levanto e vou embora.

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