Capítulo 6

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   Quando acordei, Nicolas estava sentado em sua escrivaninha.
   – Bom dia – sorri para ele.
   – Júlia, o que é isso? – questionou – você fez isso enquanto eu dormia?
   Encarei o meu caderno de desenhos e sorri instantaneamente quando vi o rosto de Nicolas estampado ali. Pela primeira vez em muito tempo, gostei de um desenho que havia feito. Porque agora eu finalmente tinha uma inspiração.
   – Sim. Não gostou? – questionei preocupada. E se ele me achasse maluca?
   – Eu adorei, é lindo – sorriu enquanto olhava pra mim – obrigado.
   Dei de ombros.
   – Por que não investe em você?
   – O que? Isso é loucura. É só um hobby.
   – Tanto talento não deveria ser desperdiçado.
   – Nicolas... – digo enquanto levanto da cama – ninguém compraria um desenho meu – beijo seus lábios – vamos esquecer isso.
   – Acredite em mim, Júlia. Eu tenho bons olhos, é só observar quem eu tenho ao meu lado.
   – Você é um idiota – dou um tapa de leve em seu ombro – vou ver como a Lin está.
   – Tudo bem – ele beija minha testa.
   – Ficarei com isso – pego meu caderno de suas mãos e saio do quarto dando risada.
   – Tirarei cópias, então – ele grita enquanto viro o corredor.
   Esbarro em dois empregados e me pergunto o quanto devem me achar desajeitada durante o trajeto até o quarto que Lin está acomodada.
   Quando chego lá, bato na porta e a minha irmã a abre imediatamente.
   – Júlia! – comemora enquanto me abraça – entre.
   O quarto é um pouco menor que o do Nicolas, mas continua sendo enorme. Tem uma cama no centro e é muito bem decorado. Tudo no quarto é tecnológico, até mesmo a cortina tem um controle remoto, e isso me faz pensar imediatamente que Lin está ótima. Como poderia ser diferente se ela está em seu hábitat natural?
   – Aqui é incrível! Você está curtindo?
   – Muito.
   – Eu percebi – arrancou o caderno das minhas mãos – Nicolas é um gato, né?
   – Cuidado, garota! Ele é um cara comprometido agora.
   – Não acredito, Júlia! Vocês finalmente vão juntar os trapos? – ela riu – desculpa, esse vocabulário de pobre já está pegando em mim.
   – Não vamos juntar os trapos, só namorar. Temos prudência.
   – Melhor assim. Não quero ser tia agora.
   – Não será, credo!
   Acabei rindo. Lin era pirada às vezes.
   – Vem, vamos descer! Estou louca pra fazer alguma coisa hoje.
   Então, eu fui. Não estava tão animada pra sair, mas fui.
   Quando chegamos na sala, todos estavam sentados e quietos.
   – Bom dia, meninas – Elisa nos cumprimentou. Ela está extremamente estranha essa manhã.
   – Bom dia – a respondi.
   – Nossa... o dia está tão lindo! Vão mesmo ficar aí sentados? É um desperdício.
     – Por que não saímos hoje? – Nicolas convidou, depois do suspiro desanimado de Linne.
    – Abriu um restaurante novo aqui perto, a crítica disse que ele é incrível – a mãe de Nicolas sugere.
    – Ele parece ótimo mesmo, Elisa. Mas vão só vocês, eu estou exausto – Leon diz.
   – Eu prefiro ficar aqui também – acabo falando. Não estou muito animada pra sair.
   – A gente leva seguranças, Júlia – Nicolas falou – você devia espairecer.
   Não quero sair por aí olhando para todos os lados e pensando que a qualquer segundo posso ser morta. Mesmo com gente me vigiando.
   – Não, mas obrigada mesmo.
   – Bom, eu quero ir – Linne fala animada.
   – Eu fico com a Júlia. Vão vocês duas.
   – Não, Nicolas. Você também precisa descansar. Eu tomo conta dela, vá – o pai dele fala.
   – Quer saber? Melhor ficarmos todos – Elisa diz, e parece nervosa agora.
   Observo o pai de Nicolas e sinto que ele está metralhando Elisa com os olhos. Sinto um arrepio terrível quando o vejo fazendo isso.
   – Vão se divertir! Júlia e eu ficaremos ótimos.
   – Tudo bem... vamos, gente – Elisa então, levanta e chama Linne e Nicolas.
   Linne salta instantaneamente do sofá, mas Nicolas parece hesitante, e vem até mim pra se despedir.
   – Tem certeza que vai ficar bem? Não estou com uma sensação muito boa – ele sussurrou.
   – Tenho, relaxa. Vai e curte o jantar com elas! O que poderia acontecer? Estou aqui e cercada de seguranças – então eu sorrio para confortá-lo. Era óbvio que eu estava forçando um sorriso, mas torcia pra que ele não percebesse.
   Nicolas me abraçou forte e depois se dirigiu até sua mãe e minha irmã.
   Os acompanhei olhando pela janela até que o carro não pudesse ser mais visto. Suspirei profundamente, como se algo me incomodasse. Mas eu não sabia exatamente do que se tratava, já que eu estava fora de perigo. Seja lá quem fosse o ladrão, não poderia me pegar na casa do Nicolas.
   – Querida, você precisa relaxar – Leon disse, tocando meu ombro – vamos até o meu escritório? Investigar o caso pode te distrair.
   – Você tem razão... vamos sim.
   Eu continuava desconfortável, mas não queria transparecer isso. Leon estava sendo educado, estava se preocupando comigo e eu não queria ofendê-lo.
   Quando chegamos até o escritório, Leon trancou a porta de imediato. Eu estava confusa, mas não disse nada. Talvez ele só não quisesse ser incomodado.
   Mas, quando ele colocou um par de luvas nas mãos e pegou uma mordaça que estava em sua gaveta, meu coração acelerou.
   – Acho melhor eu descer... não estou me sentindo muito bem – digo.
   – A chave está comigo, sua boba.
   – O que você está fazendo? – eu questionei. Estava tão assustada agora.
   – Cuidando do meu filho – e então ele me prendeu na cadeira em que estava sentada.
   – Que tipo de brincadeira é essa?
   – Eu não estou brincando!
   – Por que você está fazendo isso comigo? Nicolas jamais apoiaria algo assim.
   – E é por isso que ele não está aqui agora.
   Leon abriu o seu cofre e tirou de lá uma arma. E só então, eu comecei a ligar os pontos.








































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