alguns filhos depois...

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Um dia eu disse aqui nesse diário que ser um adolescente não é um mar de rosas como eu pensava quando era um criança mas... acontece que não ter festas regadas a álcool e drogas todo final de semana pelo jeito não é um problema tão grande quando você é adulto, até porque elas estão realmente lá todo final de semana.

Mas a partir do momento em que você encontra uma garota legal em uma dessas tais festas e ela te liga um ou dois meses depois pra contar que uma versão miniatura de vocês dois vive dentro dela, agora as coisas complicam um pouco. Principalmente quando são de cara duas versões miniatura de vocês e depois que chegam nesse mundo são extrema e igualmente barulhentas.

E como diria o meu eu de anos atrás...

Meu nome é Frank Iero e foi assim que eu me fodi.

A menos de um mês me mudei de volta pra casa do papai, dessa vez com a minha belíssima esposa Jamia e minhas belíssimas filhas, Lily e Cherry. Depois que me formei no ensino médio e me mudei pra Nova Iorque para cursar música as coisas complicaram bastante em muitos sentidos, e eu me fodi todos os dias a partir disso.

Meu pai entrou em depressão em menos de um mês depois de eu ir pra faculdade e eu só fiquei sabendo disso nas férias de verão, já que no recesso de final de ano eu decidi aproveitar as festas que tanto queria e a primeira pessoa que transei como universitário cheio de hormônios engravidou de duas meninas que hoje em dia são minha maior (e única) conquista.

Depois que eu descobri que seria pai mudei meu curso de música pra administração e no primeiro dia eu já queria morrer mas aquela mudança era mais necessária do que minha felicidade (infelizmente). Principalmente porque o senhor Nestor me fez pedir sua filha em casamento e a gente nem namorava na época.

Mas acabou que foi até bem agradável casar com uma garota como Jamia e, excluindo o fato de eu ainda querer um pau na minha bunda as vezes, ela é o melhor que eu poderia querer agora. E a família dela também é católica então papai amou quando recebeu a notícia.

Agora as minhas filhas já tem idade suficiente para primeira comunhão e se confessar, e aproveitando que estou de volta à Jersey, papai me disse para levá-las até a igreja onde eu fiz minha primeira comunhão. Lógico que eu só concordei com ele porque ele ta doente e eu quero ver um sorriso no seu rosto antes que o pior aconteça mas eu ainda sabia bem o que me esperava naquela igreja.

E eu sempre soube que um dia eu voltaria naquela igreja e o encontraria mas não esperava por ele ficar ainda mais gostoso usando aquele tipo de roupa. Sua bunda ficava muito bem naquele vestido de padre dele e sua voz estava meio rouca também, como se ele tivesse começado a fumar um maço por dia logo depois que eu fui embora.

Michael continuou sendo meu melhor amigo durante todos os anos em que vivi em Nova Iorque, mas combinamos de não falar de Gerard depois que ele se tornou oficialmente um padre. Mas algo me dizia que ele estava bastante feliz com o jeito que olhei pro irmão quase babando. E é, Mikey não mudou nada e continua um adolescente de 16 anos.

Os Way pareciam orgulhosos por ver que hoje sou casado e pai de duas crianças, dizendo que encontrei Deus e essas coisas loucas de gente louca. Nunca escondi da minha esposa meu gosto por pau então pelo menos depois a gente pode rir um pouco (talvez bastante) das palavras dos pais do garoto que, no lugar de ser um bom exemplo pra mim como eles diziam, tirou minha virgindade.

E nesses dois meses que voltei a morar aqui, indo assistir as missas de domingo todas as semanas, só ontem fui falar com Gerard diretamente. Ou melhor, me confessar. E devo dizer que agora pode até me fazer rir mas eu estava meio apavorado e talvez a melhor coisa que fiz foi achar esse diário.

Ele ainda estava exatamente no mesmo lugar que deixei, nem um centímetro pra direita ou esquerda, intocado e assim que comecei a reler Jamia veio me perguntar do que eu tava rindo, e então lemos juntos, rindo das minhas idiotices do passado. Exatamente como vou fazer daqui a alguns anos lendo o que estou prestes a escrever aqui agora, já rindo.

Hoje em dia eu sou um homem formado e graduado mas devo admitir (não tenho mais tanta dificuldade para admitir as coisas, pois é) que meu coração bate do mesmo jeito que batia anos atrás quando Gerard sorri ou tenta se esconder atrás da sua máscara de anjo de Deus. E ele continua sendo simplesmente perfeito, exatamente como anos atrás.

Decidi que 'me confessar' seria a melhor oportunidade para ficar sozinho por um tempo e conversar com Gerard como antes mas se estou aqui é porque me fodi né. E pelo jeito eu deveria parar de fazer planos perfeitos porque em meus 26 anos de vida nenhum deles nunca funcionou.

Ouvi um suspiro baixo vindo do padre assim que entrei no confessionário e é, ele meio que ainda se lembrava do cheiro do meu perfume que nunca mudei. Antes mesmo de começar aquela frasezinha clichê de "padre bla bla bla pequei bla bla bla" ele já perguntou o que eu tava fazendo ali.

Padres deveriam ficar felizes com os féis visitando a casa de Deus né. Mas parece que as coisas são um pouquinho diferentes quando o tal padre te fodeu (no sentido literal da palavra) dez anos atrás. E isso foi exatamente o que eu disse, mas diferente do que achei que fosse acontecer, ele riu.

E sua risada continuava sendo a coisa mais linda que já ouvi em toda minha vida. Eu conseguia visualizar seu sorriso por trás da pequena gradezinha e... é, nessa noite de domingo depois de conversar com Gerard eu não consegui gozar com a minha esposa, mas eu bati uma pensando no padre e aqui estou eu, prestes a dormir pela segunda noite seguida no sofá e com as costas tão fodidas quanto minha consciência.

...e foi assim que eu me fodiOnde histórias criam vida. Descubra agora