Visitando o Psicopata.

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Já estava pronto para acordar Elizabeth e levá-la para casa, no entanto, sentia receio de sair da casa de Clay que, poderia ser considerada uma área segura...Porém, para manter Lize relaxada, que era o que ela mais necessitava naquele momento, optei por guardar qualquer um desses assuntos até ela poder segurar bem. "Esperar até o meu filho nascer seria uma opção?" Pensei, até achando um pouco engraçado...Nunca imaginei passar por isso...Não bastou só ela voltar para mim...Teve de me dar uma vida junto...
- Eu te amo mais que tudo, baixinha esquentada... - Disse mais para mim mesmo, acariciando o rosto da ruiva.
- Atrapalhei o momento? - Perguntou Carlton, que se ria parado na porta. - Querem uma plaquinha de "Não perturbe"? - Acrescentou.
- Demorou pra aparecer o estraga prazer - Retruquei, entrando na onda daquele idiota. - Fica quieto que ela precisa descansar. - Pedi, mostrando a Lize, que parecia estar num sono profundo.
Carlton olhou para ela, depois para mim, como se estivesse processando algo.
- Jéssica me contou...Man, parabéns. Sei que é cedo pra isso, mas você merece. - Disse Carlton, com um sorrisinho besta.
- Hm? Ah...Valeu. - Agradeci, voltando a acariciar o cabelo de Elizabeth. - Ela tá, com certeza, mais empolgada que eu. - Disse, olhando um pouco para baixo. Admito, ainda estava receoso sobre aquilo...Ser pai parecia assustador...
- Isso explica ela ter vomitado em mim quando a gente tava jogando na sua casa. - Concluiu, parecendo meio enojado.
- Olha, seu cheiro tava bem melhor que o normal. - Completei rindo.
- Vá se foder, Sam. - Levantou o dedo, parecendo irritadinho, mesmo que fosse encenação, já que se ria como sempre.
Após alguns segundos rindo, a face alegre de Carlton desmanchou, me mostrando uma certa preocupação.
- Meu pai...Te mostrou os papéis no escritório...? - Perguntou.
- É... - Respondi infeliz. - O Afton voltou... - Disse para baixo.
- Qualé man...Você matou ele...- Carlton falou baixo, não só acalmar á mim, quanto ele mesmo. Virei o rosto para o lado, quase como se dissesse não.
- E-eu vi! - Levantou a voz. - Vi o corpo dele destroçado dentro daquele robô velho! - Quase gritou. Ele parecia apavorado...O que era plausível...Seu último encontro com Afton havia sido pior do que o meu...
- Carlton, olha...Ele que tá matando aquelas pessoas...A Lize olhou pra aqueles corp-
- Hm... - Antes que eu pudesse acabar a frase, pude ver que nossa barulheira estava acordando Lize. - É-é melhor conversarmos lá fora...Ela precisa descansar. - Falei baixo, dando certas olhadas para a ruiva, que parecia estar voltando a dormir.
- Ah okay...Foi mal ae. - Carlton esboçou certa preocupação, então se retirando.
Tendo a total certeza de que Elizabeth estava bem, fui ao encontro de Carlton, que me esperava ao lado da porta.
- O que...Você...Nós...Vamos fazer? - Já foi perguntando.
- Nós...? - Me perguntei. - Essa briga não é sua, man...Não vou te meter nessa de novo. - Soltei logo, sem rodeios. Já tinha que me preocupar com a minha namorada, de brinde, meu filho também, não queria meter meu melhor amigo nessa guerra...
- É minha, a partir do momento que você, a Liz e o meu afilhado podem morrer. - Bradou, com aquele sorrisinho besta de sempre.
- Ah - Ia questionar, mas ele parecia decidido a ajudar e, quando aquele idiota botava alguma coisa na cabeça, ninguém poderia tirar. - Valeu, idiota. - Disse, sem poder esconder um sorriso. Até que gostava de poder contar com ele.
- Eu até tive uma ideia... - Falou o ruivo, claramente tendo uma ideia "brilhante".
- Se for merda, juro que vou me arrepender. - Respondi, tentando aliviar um pouco o clima.
- Sei lá...Podíamos...Checar se o cara morreu mesmo. Tipo, procurar o corpo...Sabemos onde ele morreu, não é? - Falava despretensiosamente, como se eu fosse simplesmente jogar a ideia fora e chamá-lo de idiota.
- Até que...Não é má ideia..Se for mesmo ele por trás de tudo...Não vai ter nada lá... - Indagava. - Mas...O que eu seu pai ia dizer desse plano? - Já me apressei em perguntar, sabendo exatamente a resposta que Carlton iria dar.
- E ele precisa saber? - Perguntou, mais previsível que nunca.
Por alguns segundos, ponderei seriamente em deixar aquela ideia de lado e voltar para Lize, porém...Eu tinha muito mais curiosidade...
Respirei fundo, fitando seriamente os olhos daquele idiota.
- Okay...Me convenceu. Vamos lá...Aproveita que a Lize não vai acordar tão cedo. - Me virei, apenas confirmando se Elizabeth ainda estava descansando (Para minha sorte, ela parecia estar no sétimo sono).
- Esse é o espírito! Bora destroçar aquele filho da puta de novo! - Sorriu, mesmo aparentando ter medo, rindo das próprias idiotices.
- Oh, respeita o meu sogro, seu insolente. - Comecei, entrando na onda de idiotice. - É...Senhor filha da puta, respeito. - Não consegui conter a risada, enquanto levantava o dedo, imitando broncas que recebíamos aos 5 anos.
- Me perdoe, me perdoe. Acho que perdi o cargo de padrinho de casamento. Buá! - Fingiu chorar, rindo alegremente.
- Vambora logo, senhor idiota. - Chamei, já andando na liderança.
- Primeiro as miladys. - Disse ele, se reverenciando no momento em que passei a sua frente. Apenas mandei um gesto obsceno, enquanto seguia meu caminho escada a baixo.
O caminho até a Freddy's foi bem tranquilo, dirigia na paz, ouvindo algumas músicas aleatórias no rádio, as quais Carlton interpretava e cantava junto, tornando a viagem leve, mesmo que o objetivo não fosse dos mais simples. As ruas, ainda em recuperação pela chuva e tornado que ocorreram nos dias anteriores, quanto mais nos aproximávamos do antigo bairro em que Elizabeth e eu costumávamos morar, mais casas destroçadas e sem conserto apareciam, talvez pelo fato de que aquela área ficara abandonada...Muitas famílias se mudaram após a fama da família Afton, o que realmente parecia o mais sensato a se fazer.
Avistei a antiga casa dos Aftons, estacionando em frente, sem ter o mínimo cuidado sobre a grama crescida.
Só naquele momento, parei para observar a casa...Havia mudado tanto em todos aqueles anos. Tinha apenas um andar, sendo menor que a casa em que eu vivia com meu pai. O azul das paredes, completamente desgastado, costumava ter um tom como o da água...As janelas, sujas e cheias de rachaduras...Porém, não foi isso que nos atraiu...
Carlton e eu nos olhamos, como se buscássemos a aprovação um do outro para sair do carro. Confirmando ao mesmo tempo, finalmente deixamos nossos lugares.
- Então...Só irmos no porão, né? Foi lá que você matou o senhor filha da puta... - Perguntou Carlton, ligeiramente desconfortável.
Gelei, não o respondendo muito rapidamente...Na grama crescida, ainda haviam vestígios do sangue de Elizabeth...Podia ver a trilha saindo da porta do porão. Sentia como se ela estivesse novamente morrendo em meus braços... Seus baixos e desesperadores gemidos de dor, enquanto seu corpo tentava lidar com as feridas extremamente dolorosas.
Olhei para o Carlton, recordando finalmente de nossa missão.
- É-é...Foi lá. - Afirmei, retornando aos dias atuais.
- Simples, bora caçar cueio! - Riu, tentando aliviar a situação.
- Nah, prefiro caçar pato. - Retruquei, me sentindo mais leve.
- Ah mano, sou o Patolino, mó bosta. - Bradou, com sua cômica falsa expressão de raiva.
Seguimos, lentamente, em direção a entrada do porão. Ainda haviam restos de fitas da polícia e marcas de viaturas no quintal, mas, mesmo assim, aquele lugar me parecia um santuário intocado, tanto pela minha infância de entrar e sair daquela casa...Tanto pela luta que tive no ano anterior.
Sem rodeios, puxei a porta do porão, porém, ela não se abria de maneira alguma.
- Trancada? - Perguntou Carlton, que ficara apenas observando.
- É...Mas que poha...? Quem trancou isso? - Me perguntei irritado, puxando a maçaneta novamente.
- Talvez o meu pai. Você sabe que ele encobriu umas merdas do Afton pra você e a Liz não se ferrarem, certo? - Disse o sardento, claramente tentando apagar a possibilidade de que o próprio Afton tivesse trancado.
- É...Pode ser... - Falei, pensando na possibilidade de William ter se levantando dos mortos. - Entramos pela casa? - Sugeri, simplesmente porque me sentiria mais á vontade arrombando a porta de entrada, do que a do lugar onde William fazia seu santuário de tortura.
- Boa, hora de um passeio macabro na casa de um Serial Killer. - Disse Carlton, enquanto se levantava.
Demos a volta pela casa, notando os pequenos estragos que a tempestade havia feito. Destroços e pedaços de parede rodeavam o lugar...Janelas, que antes lacradas, se encontravam totalmente escancaradas, sendo apenas os cacos de vidro, nosso único impedimento de pular para dentro.
- O Sam...Já tinha isso aqui antes...? - Perguntou o sardento, fitando o chão, perto de algumas moitas mal cuidadas.
- O que? - Me aproximei, porém ainda não via nada de diferente naqueles arbustos.
- Olha pro chão, mano. - Disse incrédulo.
- ...Que...?
Haviam pegadas, enormes pegadas. Não eram humanas, muito menos de um animal. Aquele formato tão estranho, mas que claramente era um pé, só que...Deformado...Apenas por aquele formato, havia uma única imagem em minha mente...Aquele SpringBonnie todo ferrado...Se levantando e indo dar um passeio...Carregando a alma de um psicopata.
- Que bosta é essa, véi...? - Perguntou Carlton, olhando em volta, porém, seja lá o que for, havia deixado uma trilha pequena, de apenas 4 pares de pegadas deformadas.
Por um momento, pensei em falar sobre o SpringBonnie, porém balancei a cabeça e decidi não mencionar aquela... "criatura".
- Não...Faço ideia... - Disse, me afastando um pouco daquelas pegadas.
- Cara, esse lugar é tão merda quanto o dono. - Falou, também se afastando daqueles arbustos.
Respirei fundo, então batendo as costas na parede casa.
- Hm? - Soltei, me virando para a janela logo atrás de mim.
Podia ver um quarto cor de rosa, com quadros de flores, pôsteres da Freddy's e alguns desenhos. Tive certeza, reconheci logo que aquele era o quarto de Elizabeth.
- Quarto da Liz? - Perguntou Carlton.
- É...Que bizarro ver ele tão abandonado... - Indaguei, tendo uma sutil recordação de quando entrava e saía daquele quarto, rindo, segurando a mão de Elizabeth...Ouvindo sua risada...Sua sincera risada...A que eu ouvia todos os dias e, agora, ouço bem raramente, porém...É mais bela que a anterior.
- Você baba demais por essa mina, puta que pariu. - Riu Carlton, entrando pela janela de Lize.
- Eu...Eu não tava pensando nela! - Menti, indo atrás daquele idiota.
- A T A. - Disse com sarcasmo, andando pelo quarto.
O lugar parecia pior por dentro. As paredes com um tom desbotado pela umidade...Poeira, cacos de vidro, galhos e folhas secas invadiam o lugar.
Andei pelo pequeno quarto, não sabia o que procurava...Apenas andava, observando a sombra do que já fora um dos lugares em que mais fiquei durante a infância. Olhando pelo quarto, vi algo caindo de uma gaveta.
Me aproximei, olhando de relance o que parecia uma mão de boneca...Abri a gaveta, que revelou uma pequena boneca...Com cabelos ruivos, olhos azuis e um vestido bufante, pude reconhecer como uma pelúcia da Circus Baby. Elizabeth costumava andar com a boneca para tudo que é lado...Amava ela...Costumava brincar que a boneca era nossa filha...Bem, agora realmente teríamos uma...Peguei a boneca, a colocando cuidadosamente em meu bolso. Elizabeth poderia gostar de vê-la novamente.
Vi Carlton sair do quarto, andando pelos corredores, ele se afastava calmamente.
Dei uma última olhada no quarto, procurando algo mais que poderia ser interessante para Lize, mas não parecia haver nada útil. Saí do quarto, tornando a tomar a frente. Carlton olhava de relance para algumas áreas destruídas da casa...Lugares como a sala de estar e banheiro estavam praticamente impossíveis de se visitar, tendo sido tomados por partes da parede, galhos, folhas, móveis partidos e cacos de vidro.
- Esse lugar já tava fodido, mas o furacão terminou com o que tinha sobrado. - Disse Carlton, olhando para o que parecia já ter sido uma televisão.
- É... - Assenti, apenas olhando sem muita atenção. - Bora logo pro porão... -
Tomei á frente, rumando para uma portinha no que já fora uma pomposa e bela cozinha. A antiga geladeira, agora amarelada pelo tempo, havia tombado em frente á entrada do porão.
Carlton apenas me olhou, retribuí o olhar, então fomos juntos levantar a bendita geladeira. Retirá-la do caminho foi bem fácil, ela não era muito pesada.
- Pronto, caminho livre... - Disse Carlton, apenas encarando a porta.
- É...Me dão calafrios só de pensar em voltar lá... - Encarava a entrada, recordando de que William jamais me deixara passar pela mesma...Muito menos Elizabeth...Bem, agora entendo o porquê...
- Olha, cara, se quiser eu desço lá e tiro uma selfie com o presunto e volto rapidinho. - O ruivo soltou essa, já puxando a maçaneta.
- Nem fudendo, também quero uma selfie com ele. - Tomei coragem, já sorrindo.
- He! - Carlton deu um sorrisinho besta.
Ele abriu a porta, que rangia e praticamente caía das dobradiças. Um cheiro pútrido, doce e horroroso, algo realmente similar a morte...Um cheiro muito pior ao que eu havia sentido naquela cena de crime com o Clay...O pior cheiro que já senti...Meu estômago se revirava e tudo parecia escuro. Um cheiro tão insuportável não parecia real...
Carlton parecia ainda mais enjoado, segurando o estômago e boca, tentando não vomitar.
- Eu suporto melhor...Posso descer sozinho. - Me ofereci, já tentando me recompor. 
- Nah...Nem a pau. - Soltou o ruivo enjoado. - Eu vou com você, mesmo que vomitando minhas tripas. - Encerrou o idiota, fazendo uma imitação de som de vomito.
- Você que sabe, seu idiota. - Mandei, já descendo as escadas.
Á medida que íamos descendo, o cheiro se tornava ainda mais forte, nunca se tornando suportável. Tentei acender a luz, porém, claramente que a fiação da casa fora queimada há muito tempo. Saquei minha lanterna, procurando ter cuidado por onde andava.
Aquele porão parecia mais nojento que antes...A mesa e instrumentos de tortura, cobertos em sangue seco e podre...A imagem de Elizabeth amarrada à aquela mesa era uma perturbadora recordação que invadia minha mente.
Atrás de mim, Carlton quase não se movia...Andava em passos curtos, segurando sua ânsia de vômito.
Eu iluminava o chão, procurando a área em que William caiu morto.
- Puta que pariu... - Disse baixo, tirando a mão de minha boca, me expondo novamente á aquele cheiro de putrefação.
Iluminei o chão desesperadamente, o procurando...Mas...Ele já não estava lá...Havia uma enorme e fedida poça do que parecia já ter sido sangue, porém, nada do corpo ou fantasia de coelho. Minhas mãos estavam trêmulas...Também sentia meu suor descer...Ele estaria vivo? Como...? Jurava ter ouvido seus horrorosos gritos de agonia...Vê-lo morrer...Ver seu sangue escorrer...Como ele poderia ter saído vivo daquilo...?  
Senti uma mão em meu ombro, o que me fez gelar, sentir meu corpo inteiro entrar em calafrio, quase puxando a arma em meu bolso, porém...
- Hey, man...E-eu sei que ele não tá aqui, mas...Aposto que foi a polícia que o levou... - Era apenas Carlton, tão nervoso quanto eu, falando em um tom até que tranquilizante.
- Cara...Eu quero voltar pra Lize...Agora... - Indaguei, ainda nervoso...Temendo pela vida dela e a do meu filho.
- É...Eu sei...Melhor vazarmos daqui... - Disse Carlton, se recompondo e abrindo a porta externa do porão. - Eu dirijo se quiser. - Falou ele, já saindo e me oferecendo a mão para sair.
- É...Pode ser. - Tentando retornar á realidade, olhei para o porão uma última vez e, logo em seguida, segurei a mão de Carlton e saí daquele inferno.
Andando para o carro, ainda olhando para trás, tive uma certeza...Clay não havia removido o corpo...William havia retornado e...Iria atrás de nós para se vingar.
O caminho de volta foi bem silencioso...Tanto eu, quanto Carlton permanecíamos  quietos, apenas olhando a janela, a qual revelava á atual escuridão da noite e mudando algumas estações no rádio...Uma música aleatória do Michael Jackson não parecia adequada á situação, porém, era melhor de se ouvir do que a narração de um jogo de futebol.
Clay nos esperava na porta, vestindo um roupão e pantufas. Ele parecia impaciente e preocupado, o que não me surpreendia, afinal, passamos o dia fora, logo após uma conversa como a que tivemos mais cedo...
Saí do carro, sentindo que meu cheiro era o mesmo do que aquele porão.
- Sabem que a Elizabeth estava extremamente preocupada, não é? - Disse o velho policial, claramente emburrado.
- É...Foi mal, Clay...Nós só-
- Foram checar o corpo? - Antes que eu pudesse terminar minha frase, Clay já havia me cortado.- Não é uma visão muito bonita para dois garotos. - Falou preocupado.
- Pai, a polícia retirou o corpo pra autópsia, né? - Perguntou Carlton, com uma falsa expressão de calma que escondia seu real nervosismo.
A expressão de surpresa assustada de Clay, já entregava a verdade, porém, Clay pareceu se recompor e voltar a sua cara séria.
- Entrem logo e tomem um banho. - Falou sério, voltando para dentro.
- Ele não respondeu... - Murmurou Carlton, entrando cabisbaixo.
Os segui, tendo minha mente completamente tomada por pensamentos mórbidos e assustadores. Poderia William ter se levantado dos mortos? Poderia ter sobrevivido? Era impossível...As springlooks eram mortais...Se bem que...Ele já havia sobrevivido há um acidente há anos atrás...
- Sammy! - Senti Elizabeth pular em cima de mim. Sua voz preocupada...Ela me abraçou forte...Levei alguns segundos para computar que ela havia me abraçado, então finalmente pondo meus braços sob ela. - Por onde andou...? Fiquei preocupa- Ela parou de falar, parecia enjoada, devia ser o meu cheiro.
- Me perdoa, Lize...Como se sente? Já está andando e pulando. - Notei, sentindo uma ponta de alegria ao perceber que ela havia levantado, corrido e pulado até mim...Coisas que ela andava fraca demais para conseguir.
- Os remédios estão me ajudando! - Sorriu docimente. - Já me sinto muito bem. - Falou animada, no entanto, estava obviamente nauseada.
- Okay, já entendi que tô fedendo. Vou tomar um banho. - Passei a mão pelos cabelos da ruiva, já subindo as escadas.
Elizabeth permaneceu parada por alguns segundos, porém, se apressou, virando em minha direção.
- Onde...Onde vocês foram!? - Perguntou, hesitante, no entanto, alto e imponente.
- Eu...Hm... - Não sabia se devia responder.
- Não...O acharam, não é...? - Perguntou Liz, então me fazendo sentir um baque.
Ela sabia...O tempo todo...? Escondemos apenas para mantê-la calma.
- Eu...Imaginei que...Ele poderia... - Hesitou, olhando para o chão, segurava a barra de sua saia. - Poderia voltar... - Afirmou, já tendo seu rosto voltado para o meu. Seus olhos...Sérios e focados, mas...Tinham uma pequena ponta de medo...
- Ele...Não vai tocar em você...Nunca mais. - Falei, voltando para ela. Segurá-la em meus braços...Sentir o cheiro, a maciez dela...Isso me acalmava, dava uma sensação imensurável de alegria.
- Eu sei que não vai...Confio em você... - Disse ela, apenas se enroscando ainda mais naquele abraço.
A noite passava, minutos, horas...E eu mal dormi nela...Ficava remoendo os acontecimentos do dia anterior...Olhava de relance para Elizabeth, que mal dormia também...Ela acariciava sua barriga, murmurando alguma música que eu não conseguia identificar. Sua doce voz me mantinha calmo, talvez ela pensasse que eu estivesse dormindo...Gostava de observá-la, ás vezes...Não como um stalker, apenas como um garoto apaixonado idiota. Se William retornasse, tudo que construí nos últimos meses, seria completamente destruído...Ele tentaria tirá-la de mim novamente..."William, eu vou te matar...Nem que custe a minha vida" Assim pensei, fechando meus olhos calmamente e me deixando dormir.

Five Nights At Freddy's: I am alive. (Livro Descontinuado, Leia Por Sua Conta)Onde histórias criam vida. Descubra agora