1 | Prólogo

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Era frustrante. Frustrante demais a forma como o medo tomava conta de todo o seu corpo, adentrando sua corrente sanguínea o impedindo de tomar qualquer decisão que não seja a lógica e correta. Ainda que o skate laranja nos braços de seu colega pareça tentador e sua proposta mais ainda, a maneira patética que seu cérebro formulou cada possível acidente impossível, o fez descartar qualquer possibilidade de seus pés irem de encontro com o pedaço de madeira.

"Não mesmo." o tom de voz do garoto foi alto, assim como as batidas de seu coração em resultado a altura em que as outras pessoas iam com aquele maldito skate.

"Qualé, hyung." a voz de Jisung estava regada de deboche e sarcasmo seguindo o olhar de seu amigo. "Você não precisa fazer aquilo, apenas, ande. Assim você se livra de ter que ir com seu motorista todos os dias ao colégio."

"Eu já expliquei que é durante um curto período. Minha bicicleta está no concerto, logo, logo está de volta." Donghyuck tentou se justificar ou buscar a saída mais fácil para a caralha que queriam o meter, escutando a risada sonora de seu amigo.

"Sua bicicleta está no concerto a dois meses. Tá mais que na cara que sua mãe tá te enrolando." Jisung continuou insistindo, vendo Donghyuck murmurar palavras desconexas, percebendo que seu esforço não o levaria a lugar nenhum. Então ele suspirou, se despediu de seu amigo e basicamente se jogou com o skate na pista, fazendo o coração do Lee se desesperar em pavor.

Ele queria, ele realmente queria não ser esse medroso. Ele queria ter coragem e não se amedrontar com qualquer coisa que o faça sair de sua zona de conforto, se permitindo explorar e aproveitar a sua juventude. Sentir o vento bater contra seu rosto e as diversas coisas que escuta, lê e assiste, que o fazem ficar com um sorriso no rosto durante um dia inteiro.

Desde criança ele havia aprendido que o arriscado não era uma opção agradável. Onde via seus primos e seu irmão pularem e correrem por todos os cantos e quando decidia tomar uma inciativa, sua mãe entrava em pânico e gritava para que ele se mantivesse na área de segurança, ou seja, se balançando em um balanço ou no tedioso escorregador. Restava para o coitado apenas assistir e imaginar o dia que seria como o Peter Pan, encarando os desafios sem medo algum. Talvez a única coisa de radical que ele fez em sua infância, foi atravessar o canteiro de rosas de sua vizinha para pegar seu carrinho vermelho dentre as flores, escrevendo uma carta de desculpa pelas pegadas logo depois.

E mesmo depois de crescer, as coisas não mudaram tanto.

Ele ainda era um grande sonhador, mas, não um aventureiro. Tinha vontade, mas, não coragem. E talvez a única coisa radical que tenha feito depois de grande, tenha sido se assumir gay para seus pais na ceia de natal devido aos incentivos de seu irmão.

Ele admirava e no fundo tinha esperanças que um dia faria o que seu coração mandasse, que por um momento agiria por emoção e deixaria o raciocínio de lado. Sonhando por um tão desejado amanhã que ele colocaria em prática todos os seus desejos que bom, não eram muitos.

Eram 10 pequenos desejos que foi escrevendo durante o decorrer de seus 17 anos de vida, selecionando apenas os mais cobiçados que fariam a sua adrenalina ir ao topo ou seu coração acelerar como o de uma donzela nos braços de seu cavaleiro. Ele tinha objetivos e muitos sonhos, apenas esperava que um dia o seu medo e suas incertezas o fizesse capaz de alcançar cada um deles.

☀️

por enquanto é só ksksks <3

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