Capítulo 5

50 8 17
                                    

-Sabe uma coisa que ainda não se encaixa nessa história toda? - Josh perguntou enquanto empurrava o carrinho com as nossas malas pelo saguão do aeroporto californiano.

-O que?

-Aquela chave que encontramos no escritório do seu pai. Ela não era do diário, certo?

-Não, eu tive que forçar o cadeado.

-Então...

-Você tem razão, mas acho que ela pode ter alguma relação com o que viemos fazer aqui, então trouxe-a na mala.

-Espero que você esteja certa.

Passamos alguns minutos em silêncio, pelo menos até finalmente sairmos do local e chamarmos um táxi.

-Vamos para o hotel primeiro ou já vamos direto para o endereço que descobrimos? - Perguntei, tentando me aliviar um pouco do grande calor que fazia.

-Vamos para o hotel, não aguento mais ficar com essa calça jeans.

-Ok.

Colocamos nossas malas no porta-malas do automóvel e entregamos um pequeno papel com o endereço do lugar onde ficaríamos hospedados.

Tudo o que fizemos nos próximos trinta minutos fora observar a paisagem da Costa Oeste do país pelas pequenas janelas do carro.

(...)

Do lado de fora, o lugar tinha uma coloração creme com o seu nome escrito por grandes letras pretas.
Por dentro, tudo era muito sofisticado e tecnológico, com vários funcionários e uma decoração linda.

-Josh, de onde você tirou tanto dinheiro para reservar um quarto em um lugar como esse?

-Digamos que existe uma possibilidade de eu ter forjado uma barraca de ponche em três bailes de formatura seguidos.

-Fala sério?

-Vender cada copo por dois dólares e dizer que todo o dinheiro serviria para a reforma do colégio acabou me ajudando bastante.

-E eu pensando que você era um cara honesto e inocente...

-Todo ser humano faz algo um tanto ilegal pelo menos uma vez na vida, está bem? E eu queria o novo PlayStation!

O tom de indignação na voz dele me fez gargalhar alto, o que levou à recepcionista que estava em nossa frente dirigir toda a sua atenção à nós:

-Boa tarde, posso ajudá-los?

-Claro, a gente quer a chave para o nosso quarto.

-Nosso? - Perguntei em tom de sussurro.

-Barracas de ponche não dão dinheiro suficiente para dois quartos, desculpe.

-Entendi.

-Qual o seu nome, senhor?

-Joshua Melbourne.

-Ok... Suíte 305, aqui está. Boa estadia, senhor e senhora Melbourne.

Quando percebi, eu e Josh já estávamos corados com a frase da mulher.
Por isso, Melbourne tratou de pegar a chave das mãos dela o mais rápido possível, me arrastando pelo pulso até o interior de um dos elevadores.

-Parece que somos um casal agora. - Eu disse, tentando constranger ainda mais o garoto ao meu lado. Não estava entendendo o porquê dele estar tão vermelho e sem graça.

-Segundo a recepcionista, somos mesmo.

Continuamos andando pelo quarto andar do hotel, reparando nos pequenos detalhes.
Ao chegar no nosso quarto, fomos mais uma vez surpreendidos.

-Acho que não só segundo a recepcionista...

O cômodo só possuía uma cama de casal, com uma bela bandeja cheia de pequenas torradas com geleia e uma carta dizendo "felicidades ao casal!".

-Então eles acham que somos recém-casados?

-Provavelmente.

-Olha, se você quiser eu posso dormir no chão.

-Claro que não, Joshua! A não ser que você veja algum problema em dormirmos na mesma cama por alguns dias...

-N-não, nenhum problema, é que...

O tom vermelho que suas bochechas foram lentamente adquirindo novamente me fez gargalhar ainda mais alto.

-Não precisa se explicar, Josh. Apenas vá colocar uma roupa mais fresca enquanto eu como algumas torradas, ok?

-Ótima ideia.

Ainda sem graça, ele seguiu até o banheiro da suíte com uma de suas malas na mão.

(...)

-Para onde você acha que esse endereço irá nos levar, Pattie?

-Boa pergunta. Pode ser uma empresa, uma loja, qualquer coisa!

Aos poucos o automóvel foi parando em frente ao lugar que tanto procurávamos.
Saímos do táxi rapidamente e completamente confusos, já que o endereço nos levara até uma... Agência dos correios?

-Pattie, você tem certeza que estamos no lugar certo?

-Sim, conferi umas três vezes.

-Parece que poderia ser qualquer coisa mesmo... Vamos entrar?

-Vamos.

Entramos com rapidez naquele local, logo sendo atingidos pela refrescante brisa do ar condicionado.
Lá dentro, tudo o que tinha eram pequenas caixas para as cartas, todas numeradas e trancadas por grandes cadeados.

-Qual será que é a certa?

-Espere, tem dois números escritos no papel do endereço, certo?

-Sim.

-Se o número 52 se refere à agência...

-O número 97 se refere à caixa certa! Josh, essa sua faculdade de psicologia forense está te fazendo muito bem.

O garoto apenas sorriu para mim e foi olhando para todas as caixas, até finalmente encontrar a certa.

-Aqui!

Andei até onde ele estava e, com facilidade, destranquei o pequeno cubículo.
De lá dentro, tudo o que tirei fora várias cartas, todas escritas por meu pai.

-Temos um novo endereço.

-Posso ver o nome da rua?

-Claro.

Entreguei um dos envelopes para o garoto, que em questão de segundos descobriu algo que nos ajudaria bastante.

-Eu conheço essa rua!

-Sério? Onde fica?

-Há uns dois quarteirões daqui. Se você estiver disposta a andar, não precisamos nem pegar táxi.

-Claro que estou disposta, vamos logo!

Peguei Josh pelo pulso esquerdo e saí correndo pelas ruas daquela cidade, ainda com todos os envelopes em minha mão.

Quando chegamos no segundo endereço, fiquei ainda mais confusa.
O local se tratava de uma grande casa, pintada nas cores azul e branca e com vários brinquedos no jardim da frente.

-Josh, tem certeza que estamos na rua certa?

-Tenho, absoluta.

-Você acha que eu devo ir bater na porta?

-Acho que sim.

Respirei fundo e, após reunir a coragem necessária, fui até a porta da frente de casa.

Levemente, bati no objeto à minha frente.
Logo uma mulher com longos cabelos loiros e olhos verdes me atendeu, sua expressão estava mais surpresa que a minha.

-Oi, meu nome é...

-Patrice? O que está fazendo aqui?

X

Miss Jackson - MadnessOnde histórias criam vida. Descubra agora