Capítulo 4

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Aquele lado pacato e um tanto deserto da cidade acordou com as sirenes altas dos carros de polícia.
Aparentemente, algo muito ruim havia acontecido lá.

-Mais uma vítima?

-Sim, delegado Parsons. Aquele morador de rua foi quem nos alertou dessa vez.

-Eu não acredito. Essa mulher está me desafiando! Já sabemos quem era?

-Sim. Era um empresário, George Lucca, era casado e tinha duas filhas. E, pra variar, estava envolvido em negócios com as outras vítimas.

-Droga. A perícia está aí?

-Sim, estão lá dentro.

-Ótimo.

Após ajeitar seu terno, o delegado seguiu até o interior do galpão.
Com cuidado, colocou as luvas feitas com plástico azul, pronto para investigar cada pequeno detalhe daquela nova cena.

-Uma mesa de sinuca?

-Descobrimos que a vítima disputava campeonatos desse esporte, senhor. Ela fez questão de descobrir cada pequeno ponto da vida dele e usar para constituir a cena do crime. - Anna, uma das responsáveis pelas investigações, contou os detalhes ao chefe enquanto anotava novas informações em sua prancheta.

-Inacreditável.

O delegado contornou a mesa de sinuca, onde o cadáver jazia há alguns dias.
Tudo o que ele pensava era sobre como a tal assassina planejava tudo. Ela personalizava as cenas de crime, arranjava depósitos em pontos de difícil acesso na cidade e, com isso, ganhava dias de vantagem sobre Parsons.

Estava praticamente impossível encontrar a responsável por tudo aquilo.

Pelo menos até ele reparar em um pequeno embrulho dentro de um dos bolsos do terno da vítima.

-O que temos aqui?

Com as pontas de seus dedos, desembrulhou o pequeno papel e, rapidamente, leu o que estava escrito:

-George Lucca... Direito a vinte e cinco por cento da nova empresa... Anna?

-Sim, chefe?

-Já sabemos qual a relação entre as vítimas?

-Não temos certeza, mas sabemos que tem algo a ver com uma nova empresa.

-Pesquise tudo sobre essa empresa. Tudo mesmo.

Rapidamente, todos os funcionários estavam mobilizados em frente aos seus computadores portáteis, procurando todas as informações sobre aquela empresa que estava descrita no papel encontrado por Parsons.

-Chefe?

-Diga.

-Todas as vítimas estavam envolvidas em um contrato com... Patrick Melbourne e Madison Claire Jackson.

-O presidiário e a fugitiva. Todos os envolvidos já foram mortos?

-Quase todos. Falta apenas um.

-Quem seria?

-Bethany McCullough, uma das investidoras e sócias. Parece que ela e Madison eram muito amigas.

-E onde ela está agora?

-Não há nenhum registro, mas sua última propriedade comprada está localizada na... Califórnia.

-Ótimo, vamos para lá.

-Mas chefe, a jurisdição...

-Eu não ligo para essa porcaria agora. O que me importa é acabar com a farra dessa criminosa, e nós conseguiremos isso a partir do momento em que pousarmos na Califórnia.

Enquanto isso, em outra parte da cidade...

-Não está mesmo esquecendo de nada, Patrice? - Josh perguntou ironicamente, observando minhas quatro malas quase jogadas no chão do aeroporto.

-Tenho, Joshua. Estou levando apenas o necessário e nada mais.

-Apenas o necessário? Como você consegue dizer que tudo isso é necessário?

-Joshua, entenda: eu tenho camisetas que combinam com quatro calças diferentes e saias que combinam com oito blusas diferentes. Eu preciso estar aberta à todas as oportunidades de visual!

-Eu realmente não entendo esse seu lado todo patricinha, Pattie. Parece que você ainda tem uma parte daquela Patrice antiga, que andava pelos corredores da escola como uma rainha.

-Não compare a minha eu atual com aquela coisa do meu passado. Mas, espera, como você sabe como eu era desse jeito se nem estudava lá naquela época?

-Eu passei um tempo sendo amigo de Katherine e Lauren enquanto você estava... Lá.

-Eca. E onde elas estão agora?

-Elas brigaram muito feio. Lauren foi expulsa no meio do ano e desistiu de estudar. Katherine está trabalhando naquela cafeteria que existe na esquina do colégio.

-Pra quem passou a vida inteira planejando a grande entrada na Yale, isso é... Humilhante. Eu não posso dizer nada, mas...

-Você foi e continua sendo injustiçada, isso aconteceu com elas porque elas deixaram acontecer.

-É, sei lá.

No mesmo momento, o número de nosso vôo foi anunciado pelos alto-falantes do aeroporto, indicando que o momento para embarque era agora.

Respirei fundo e peguei as minhas coisas, seguindo Josh até o portão de embarque.

Estávamos caminhando para o fim daquele pesadelo, o fim da pior experiência de toda a minha vida.

Estávamos caminhando para o fim do legado da temida Miss Jackson e nem sabíamos ainda.

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MIL DESCULPAS PELA DEMORA AMORES, CULPA DAS COISAS DA ESCOLA ♥

Miss Jackson - MadnessOnde histórias criam vida. Descubra agora