Capítulo 10

2.5K 167 6
                                    

Me sentei na cadeira a frente da mesa, olhando bem para o rosto daquele bode

- então querida, o que tem em mente? - pergunta o bode

- pagar a dívida do menino e quero que soltem a irmã dele - digo decidida, os três caem na risada, eu os olho confusa

- acho que você não vai conseguir pagar querida - diz zombando de mim

- não há outra forma? - pergunto, ele me olha e sorri, se levanta, e da a volta na mesa

- claro que há  - diz e olha para os capangas, o gordo e o alto, e fala para eles se retirarem, eles saem e só fica eu e ele na sala - se você fizer um pequeno favorzinho pra mim

- não irei me prostituir para você ou algo parecido - digo sendo direta e séria, ele da uma gargalhada alta

- para a sua infelicidade minha cara, já tenho várias a minha disposição para isso, não preciso de mais uma - diz chegando perto de mim- mais eu tenho um serviço que você pode fazer para mim

- estou ouvindo - eu não conseguia relaxar com ele perto, mais eu precisava me manter séria, pelo menino

- ninguém suspeitaria se uma jovem e bela dama for ao Palácio - disse ele mais para si do que para mim, ele veio atrás de mim, e me segurou pelos ombros - você irá roubar o rei para mim 

- o que? - pergunto ainda tentando formular o que ele acabo de falar

- é simples, você roubara o rei para mim, nunca desconfiaram de você, uma bela jovem - diz sorrindo, ele tem um sorriso amarelo, que dava nojo de ver

- roubar o que exatamente? - pergunto

- a coroa do rei - diz bem devagar e em auto bom som, eu rio em pensamento, pra que diabos ele quer uma coroa?

- mais o que você faria com ela, não é mais fácil joias, ou algo mais útil? - Elena se repreendeu por sua boca afiada naquele momento, tinha esquecido que tipo de homem estava na sua frente

- é muito simples minha cara - disse ele voltando para a sua cadeira - você não precisa saber o motivo de eu querer a coroa, mais sim onde conseguirá ela para mim - disse e eu me encolhe um pouco na cadeira- você terá que ir até a sala onde o rei a guarda e pega-la

- como? - digo e ele da uma leve risada

- vai ter um dos meus subordinados te esperando lá fora, mais agora pra você entrar na sala, isso é problema teu - diz grosso

- mais o rei não usa a coroa na cabeça, inteligência- digo sarcástica, tinha esquecido que ele podia me matar aqui é agora

- ele só usa para ocasiões muito especiais, fique tranquila, ele não estará com ela, a sala fica dês portas depois do corredor oeste - disse ele com calma

- é se eu não conseguir? - ele só me encaro e indicou o dedo na garganta, e fez uma mímica como se fosse cortada, engoli em seco

- estamos entendidos senhorita? - disse ele cínico

- sim, estamos - digo séria

Me levantei da cadeira que não estava lá no seu melhor estado e falei

- se não comprir com a sua palavra - falei num tom ameaçador

- não se preocupe, agora volte amanhã de manhã que eu explicarei melhor - diz e eu saio daquele lugar imundo

Quando eu sai, vi uma rua escura, com apenas as luzes das casas iluminando, não podia voltar para casa, não conseguiria olhar para os olhos de Charles, só de lembrar o nome dele meus olhos já começam a lacrimejar, quando eu estava prestes a começar a andar, ouvi o som de um barril sendo derrubado atrás de mim, virei com rapidez, e me surpreendi ao ver o menino, de cabelos cacheados, ele estava me seguindo eu acho

- oi rapazinho - digo chegando perto, ele deu um passo para trás - não tenha medo por favor

- não estou com medo - diz ele com uma voz falha - você que devia te medo de mim

- como assim? - pergunto confusa

- as pessoas correm de mim senhorita, me chamam de rato de rua, tem medo de esbarrar em mim e sujarem as roupas, mais eu não consigo entender por que a senhorita me defendeu

- eu achei o certo a se fazer - digo me sentando na calçada e olhando a rua escura vazia, só comigo e aquele garoto - qual seu nome?

- Michael - diz o menino

- Michael? É um nome muito bonito, o meu é Elena, prazer - digo e ele assente

- a senhorita tem onde dormir? - pergunta o garoto com um tom de preocupação

- eu não faço a mínima ideia - digo sorrindo pra ele, ele mostrou um leve sorrisinho

- nem eu - diz

- quer me fazer companhia? - digo indicando o lugar do meu lado, ele pareceu meio ezitante, mais se sentou - que noite em, nunca acreditaria que estaria aqui agora, em toda a minha vida

- a senhorita foi pra cima do Barril e Carranca

- Barril e Carranca? - pergunto

- os dois caras que te levaram mais cedo - explica - a senhorita não tem noção do perigo?

- se fosse para mim estar morta eu já estaria faz tempo certo? - pergunto e ele assente - onde está sua irmã? - pergunto mais séria desta vez, ele olhou para o chão com um olhar melancólico

- eles a levaram, não sei para onde, só sei que nossos pais pegaram muito dinheiro emprestado para nós alimentar, mais eles acabaram falecendo, e ficou nas mãos da minha irmã mais velha cuidar de mim

- quantos anos ela e você tem? - pergunto

- 16 e eu 7 - que novos, tão novos e tão sozinhos

- sinto muito - digo olhando para baixo

Mais quando eu olhei para ele não obtive resposta, ele tinha encostado no meu ombro e estava em um sono profundo, fiz um leve carinho em sua cabeça, tocando em seus caichinhos, tão pequeno com tanta preocupação

Encostando na parede dormimos ali mesmo, ele encostado no meu ombro, dei graças ao céus por não ter feito frio e nem que algo nos fizesse mal aquela noite

Ela pertence ao rei Onde histórias criam vida. Descubra agora