Canyon Moon

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A roupa coube perfeitamente em seu corpo, o tecido de lã a aqueceu por inteiro, os cabelos ainda molhados caiam sobre seus ombros apesar de enxutos.

Ainda confusa, Genevieve observou o lugar ao seu redor, a casa era humilde mas confortável, apesar de ter um cheiro forte masculino, o que a fez revelar uma careta que logo tratou de disfarçar ao sair do banheiro.

— Oh, aí está você. — comentou Harry se colocando de pé assim que lhe avistou. — Ficou realmente boa em você.

— Coube como uma luva, muito obrigada. — forçou um sorriso.

— Ah, pegue antes que esfrie. — entregou a xícara com o chocolate quente. — Está bom?

A jovem aceitou a bebida e provou um gole antes de respondê-lo.

— Está ótimo.

Harry sorriu satisfeito, era tão bom ser reconhecido por algo que ele mesmo fez, era uma resposta sincera e não para agrada-lo.

— Está se sentindo melhor?

— Sim. — Genevieve quis ri, era tão engraçado o jeito como Harry se mostrava responsável por ela sendo que nem ao menos se conheciam.

Ambos ficaram longos segundos sem dizer uma palavra. Harry não queria ser invasivo demais, poderia sufoca-la com tantas perguntas e não seria bom para nenhum dos dois. Enquanto o silêncio de Genevieve era por estar pensativa, tentando se lembrar de como foi parar naquela ilha.

— Então... eu estive pensando, você quer conhecer a ilha? — sugeriu ele, era uma tentativa de se aproximarem.

— Acho uma boa ideia. — qualquer lugar seria melhor do que aquele cheiro de peixe, pensou.

— Me espera um minuto, por favor. — era até irônico pedir algo assim, mesmo que ela quisesse Genevieve não tinha para onde ir.

Harry foi às pressas para onde imaginou ser quarto do antigo morador daquela casa. Como esperado, estava vazio, não havia roupas e as suas também precisavam ser trocadas pois estavam bastante úmidas.

Entre os entulhos encontrou um capacete de mergulhador junto com um macacão jeans escuro. Seria um ótimo disfarce, pensou.

— Estou pronto! — apareceu na sala completamente equipado.

— Isso é sério? — a garota gargalhou tão alto que fez Harry se sentir um bobo.

— Ei, sem julgamentos. — repreendeu sem graça.

— Ok, então conte-me; qual é o propósito desta roupa?

— É uma roupa encantada. — disse a primeira coisa que veio em mente, bem inteligente, Harry. — Você não entenderia.

— Acredite, realmente não. — segurou a vontade de ri. — Então, você será meu guia turístico com poderes mágicos, algo assim?

— Quase isso. Irei lhe apresentar um lugar.

— Contanto que não haja surpresas pelo caminho. — Harry não entendeu o que ela queria dizer, mas de fato ele não ligava.

— Vou preparar nossa mochila. —Harry buscou por alguns lanches e pôs dentro da mesma antes de sair.

Do lado de fora Genevieve demorou para se adaptar com a luz do dia, não estava ensolarado como imaginava, Harry continuou firme com seu capacete enquanto faziam a trilha para seu lugar secreto, ela não entendia o porque dele agir assim apenas o seguia.

O caminho os levou até o alto de uma montanha bem distante do vilarejo. Harry finalmente sentia-se seguro para ficar exposto ao ar livre, ele abriu os braços de olhos fechados e inalou profundamente.

— Consegue sentir isso? — murmurou, a garota não sabia ao certo o que dizer. — O som do mar, o modo como o vento bagunça meus cabelos, tudo é tão leve daqui de cima, eu me sinto verdadeiramente livre.

— Você ama esse lugar, não é? — perguntou já imaginando a resposta.

— Muito! Quando estou triste e quero pensar, é onde costumo ficar. É o meu lugar favorito no mundo.


— Harry... você já saiu da ilha alguma vez?

— Não. — diz franzindo os cenhos.

— Então como esse pode ser seu lugar favorito no mundo?

O rapaz refletiu sobre suas palavras, ela tinha razão, mas Harry não saberia explicar o real motivo.

— E se eu tiver um lugar especial também? Como vou saber? — continuou pensando alto, estava perdida.

— Eu sei que quer sua memória de volta, mas talvez você precise ser paciente. — confortou. — Esse pode ser seu lugar favorito também, não me importaria de dividi-lo com você.

A jovem sorriu com seu comentário, ela realmente sentia-se acolhida.

Os dois se acomodaram na grama e preparam um sanduíche tendo a paisagem do penhasco para admirar.

Harry era um ser adorável, em alguns momentos brincava fazendo dancinhas e rodopios com alguma música imaginaria só para descontrair quando percebia que Genevieve estava tensa.

Ao lado dela, Harry não se sentia mais sozinho, era tão boa aquela sensação, como se as peças se encaixassem e tudo tivesse um sentido.

Talvez o universo realmente conspirasse, para que no final eles ficassem juntos.

Eroda • H.S Onde histórias criam vida. Descubra agora