Capítulo 3

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Elevei as mãos aos céus quando avistei a minha casa no fim da rua, estava tão exausta e claramente confusa que nada melhor do que um banho quente e demorado para retirar de mim todas aquelas sensações e maus pensamentos.

— Mãe! – Henry correu em minha direção, abraçando-me com toda força ao pular no meu colo.

— Oi garoto! – respondi com os braços ao seu redor, dando-lhe beijos no alto da cabeça. – Está tudo bem? – ele rapidamente assentiu com a cabeça. – Onde está a Branca?

— Na cozinha mamãe, está preparando o jantar. – disse ele, sorrindo grande. – Fizemos cookies de chocolate pra você!

— Pra mim? – arqueei as sobrancelhas, fazendo-me de desentendida. – Por que eu ganho biscoitos por ficar fora o dia inteirinho? – coloquei o menino no chão, agarrando a sua mão e começando a caminhar até a cozinha.

— Por que você é a mãe. – disse simplesmente, sorrindo.

— Emma, que bom que você chegou. – balbuciou Branca, remexendo algo no fogão, de costas para mim. – E ai? Conte-me, como foi o seu primeiro dia!

Tenho tantas coisas para contar e bom, Henry não poderia ouvir. – Filho, por que você não vai separando a sua roupa de dormir, assim que eu terminar aqui, nós vamos tomar um banho! – antes que eu tornasse a repetir, ele já estava longe, pisando fortemente contra os degraus da escada. – Sem correr!

— Por que você o dispensou? – Branca pela primeira vez me encarou e arregalou os olhos. – O que foi que aconteceu com a minha blusa?! – deu ênfase na penúltima palavra, deixando-me com a boca seca.

— Isso... Bom... – olhei para a mancha amarronzada. – Eu vou comprar outra pra você.

— Eu gostava dessa. – revirou os olhos, cruzando os braços na frente do corpo. – Achei que tinha idade o suficiente para cuidar melhor das coisas que não são suas.

— Wow! Calma aí. – abri os braços, brincando. – Eu disse que a "dívida" vai ser quitada! – joguei-me na cadeira ao lado, agarrando uma maça da fruteira e dando uma bela mordida em seu meio. – Ainda quer saber como foi o meu primeiro dia?

— Claro né, Swan! – bufou e sentou-se em minha frente, colocando os cotovelos à mesa para apoiar com as mãos o seu rosto.

Contei delicadamente tudo o que havia acontecido naquele dia e quando mencionei a cena do banheiro, a mulher em minha frente caiu na gargalhada, parei no mesmo instante. – Onde está a graça nisso, Srta. B?!

— Você flertou no seu primeiro dia de trabalho! – disse em alto e bom som, fazendo as minhas bochechas queimarem de vergonha.

— Ela estava flertando comigo e não ao contrário! – retruquei.

— O que é flertar mamãe? – quase saltei da cadeira quando o assunto foi cortado pelo garoto. Olhei para Branca de relance e depois me virei para encarar aqueles olhinhos curiosos.

As palavras fugiram e eu não sabia como responder a sua pergunta, já que não tinha noção de quanto tempo ele estava ali.

— Flertar é conversar. – interrompeu a mulher mais velha, soltando um riso irônico ao final.

— Então... – ele colocou uma das mãos na boca, como se estivesse pensando. – Eu flerto todos os dias com a minha professora mamãe.

Sua inocência me fez querer gargalhar, embora não podia, pois com certeza ele faria mais perguntas. – Filho... Só pessoas adultas usam essa palavra, tá bom?

— Oh sim, só pessoas adultas! – interrompeu Branca, dando-me um soco leve no braço ao se levantar. – Isso não inclui a sua mãe, Henry!

Rosnei quando ela deu a volta em meu corpo, levantando-me e caminhando até o meu filho. – Vamos tomar um banho garotão? – Ele assentiu com a cabeça, saltitando ao meu lado pelo corredor. Revirei os olhos mais uma vez para a mulher e só depois comecei a subir os degraus para o outro andar.

THE LAST CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora