Duro Igual Concreto (1kilo)

Capítulo 16

  No meio do filme a pizza tinha chegado e não demoramos muito para comer. No meio de um segundo filme a campainha toca e eu vou atender, quando abro a porta vejo os meninos e Suzanna.

  - Demoraram hein - digo abraçando um de cada vez.

  - É que eu ainda estava na faculdade amiga, os meninos acharam melhor me esperar - Suzanna diz.

  - Ainda bem que não tenho aulas por agora - levanto as mãos em agradecimento e sorrio.

  - Cês tão vendo o que ai? - Chris pergunta se jogando no sofá.

  - Um filme aleatório - Daniel responde dando de ombros.

  - Oba, tem pizza - Bavi diz já pegando um pedaço.

  - Folgados? Nem um pouco - eu e Suzanna rimos.

  Nos juntamos à eles no sofá e dessa vez conversamos mais do que vemos o filme. Ficamos conversando e fofocando um pouco por um bom tempo. Os filmes acabaram e ninguém mais estava nessa vibe, então colocamos algumas músicas e ficamos curtindo. Knust e Mz foram comprar mais algumas bebidas já que as daqui de casa não eram o suficiente pra essa galera, e era melhor ir comprar agora que estava cedo e que estavam "sóbrios" ainda. Bavi queria ir com os meninos também mas disseram que ele beberia tudo antes de chegar.

  Ficamos bebendo o que tinha, ouvindo música e dançando. Os meninos bolaram uns beck e curtiram um pouco na deles antes de os perturbamos para se juntarem a nós. Eles entraram na zueira de dançar um pouco desajeitadamente e conversaram quando canssávamos. A gente estava conversando sobre uma coisa qualquer quando meu celular fica vibrando no bolso indicando uma chamada. Pego o celular e quando vejo quem é eu me afasto da galera pra poder atender.

  - Alô.

  - Oi Gabi. É o Pedro. Tá me ouvindo?

  - Oi. Tô ouvindo sim. Pode falar.

  - Estou livre agora e com vontade de beber e de... ver você. Aquele convite de eu ir aí, ainda está de pé?

  - Claro! Pode vim.

  - Vou me arrumar e já vou. Beijo.

  - Beijo Pedro.

  Desligo e quando percebo tem um sorriso no meu rosto. Eu não conseguia controlar, sempre tinha um sorriso em meu rosto depois de eu falar com Pedro, e isso fazia eu me sentir boba e sentir raiva pelo descontrole ao mesmo tempo. Pedro têm sido tão incrível esses dias...

  - Que sorrisinho é esse? - Knust me assusta perguntando e me abraçando.

  - Que susto Daniel! - rimos. - Pedro me ligou. Ele vai vim - eu falo e Daniel se afasta de mim, a cara dele estava fechada agora.

  - Comprei as paradas. Estão na cozinha - ele se vira pra ir mas seguro sua mão.

  - Dani, o que foi?

  - Nada ué - tenta sair mas seguro sua mão mais forte e o puxo pra mim.

  - Toda vez que eu falar do DoisP você vai ficar assim? O que aconteceu com você? Pra que isso? O que ele te fez? Fala comigo porque não consigo ver você assim comigo.

  - Não é você, são vocês. Vocês dois juntos. Eu tenho... ciúmes.

  - Por quê? Você sabe que...

  - Que sempre vou ser seu melhor amigo? É, eu sei. Mas já pensou que... que eu não quero só amizade?

  - Como assim? - eu comecei a ficar meio nervosa.

  - Eu amo ser seu amigo, sempre vou te apoiar e estou sempre aqui pro que precisar, mas, Gabi, eu te amo, e tipo, te amo mesmo. Eu não queria te dizer isso agora, nem aqui e nem assim mas ver você com o DoisP tá foda. Desculpa tá?

  - Eu... nem sei o que falar. - Eu estava extremamente confusa, tentando organizar meus sentimentos e pensamentos.

  - Tá tudo bem, eu só precisei tirar esse peso, eu acho. Vamos continuar amigos de boa né? - Eu comecei a pensar. - Gabi, por favor. Eu não quero te perder só por isso, a amizade pode continuar. Eu preciso de você. - Ele fica me encarando com os olhos nitidamente me implorando por uma resposta.

  Ver ele assim, daquele jeito, depois de ter se declarado pra mim despertou em mim algo que eu não fazia ideia de que existia. Meu coração batia forte. Um desejo fez com que minha boca fosse até a do Dani como um imã, e assim ficou por um tempo. Era só um selinho. Um toque leve de nossos lábios que pôde despertar a vontade escondida por trás da amizade.

  - Tudo bem? - pergunta depois de se afastar um tanto demais com hesitação.

  - Só... Fica quieto Daniel. - Agarrei a gola da camisa dele e o puxei pra mim, mas sem beijar, apenas o deixei perto o bastante para poder sentir sua respiração nervosa bater em meu rosto e achar poder ouvir seu coração batendo rápido mesmo com a música alta lá na sala; ou talvez fosse o meu.

  Eu fechei os olhos e curti aquele momento. Aquele momento que você pensa "Fiz merda. Isso é errado de alguma forma " mas pensa por cima "Foda-se, eu quero.". Quando abri meus olhos Daniel me olhava com um sorriso tímido. Eu meio automaticamente olhei para seus lábios e imaginei como seria eles de encontro aos meus, num beijo de verdade. Para minha surpresa, desejei profundamente aquele momento, mas tive medo.

  Passado uns segundos (talvez um minuto ou mais) Daniel tomou a iniciativa e me beijou. Foi um baque pra mim beijar meu melhor amigo e querer muito guardar esse momento. Eu só... vivi.

  Enquanto nossas bocas se conheciam e estabeleciam um ritmo, minhas mãos foram parar entrelaçadas atrás do pescoço do Dani e as dele, com cuidado, uma em minha cintura e a outra no meu rosto. Daniel fazia tudo com calma, com cuidado, como se qualquer toque errado ou mal planejado fosse poder me despedaçar em pedacinhos.

  Paramos e nos afastamos quando o meu celular começou a tocar, nos assustando. Os sons antes pareciam ter abaixado para aquele momento, agora, aumentando de novo eles confirmaram que o momento tinha acabado. Olhei meu celular e antes que eu pudesse atender ele parou de tocar, mas consegui ver quem era.

  - É o DoisP - falo ao olhar pro Knust que me observava calado. - Ele deve ter chegado. Você trancou o portão? - Tive que fazer a mesma pergunta de novo para poder trazer ele para a realidade.

  - Quê? Ah! Tranquei - responde, finalmente. - Quer que eu vá lá abrir? Tinha que ver onde colocar aquelas bebidas. - Eu vi na cara dele que ele não queria que eu fosse falar com o Pedro, com medo de eu esquecer o que tinha acabado de acontecer, com medo de que eu achasse que não fosse nada. Achei meio fofo.

  - Pode ir lá. - Sorrio.

  Antes que ele fosse, segurei sua mão e dei um selinho nele.

  Só depois eu percebi o que tinha acontecido. Eu tinha beijado o Daniel! Só não sabia que depois de me dar conta disso eu lembraria do beijo do DoisP e do que senti quando nos beijamos. Agora eu me sentia culpada.

Continua...