Knust - Gabi, calma. Onde você está?
Eu - No shopping, na praça de alimentação. Por favor Dani.
Knust - Estou indo. Não sai daí!
Ponho o celular na mesa e o observo de longe. Vejo vultos do passado: nossa discussão, a gritaria, sua mão vindo de encontro à minha cara... Respiro fundo tentando me acalmar mas meus olhos não se distanciavam dele e isso resultava na minha perca de controle. Ele estava acompanhado, tão rápido. Maurício nunca foi de estar sozinho mas mesmo assim aquilo me machucou, pensar que nós não significamos nada pra ele, pensar que ele não se arrepende.
Sabe quando você sente um desconforto e pensa estar sendo observado, ai você olha para todos os lados em busca da fonte desse desconforto? Pois é, acho que foi isso que Pelé sentiu. Enquanto eu o observava e torcia para que ele não se virasse, me vise e viesse na minha direção, foi exatamente o que ele fez. Lentamente ele se virou, me olhou nos olhos e veio em minha direção deixando sua acompanhante na fila. Meu coração parou. Tudo me dizia para eu sair dali o mais rápido possível mas o medo era tanto que eu não conseguia me mexer.
- Gabriella, eu... - fala quando chega perto de mim mas é interrompido.
- Sai de perto dela.
- Knust? Você está com ela? - Pelé se vira perguntando e eu consigo ver Daniel lá.
- Cara, por favor, somos amigos e eu não quero fazer nada contigo. Então, por favor, só sai de perto dela - Knust fala firme mas de um jeito meio amigável e sorri fraco pra mim. - Maurício - Pelé se afasta de mim mas se aproxima dele.
- Eu que não quero fazer nada com você, e nem com ela - aponta pra mim. - Só quero conversar.
- Não vai rolar - DoisP aparece do meu lado. - Tudo bem? - me pergunta e eu confirmo.
- Deixa a gente - Knust pede. Pelé bufa e sai andando, depois Daniel vem para o meu lado.
- Ei, tudo bem?
- Estou bem. Obrigada gente - eles sorriem pra mim.
A gente ficou mais um pouco lá. Eles queriam me tranquilizar mais, então compraram sorvetes e ficaram lá comigo. Depois de um tempo conversando com eles nós fomos embora. Knust tinha vindo com o carro dele então fomos de encontro ao mesmo.
- Tenho que voltar pra gravadora, tudo bem pra você? - Daniel me pergunta quando dá partida no carro.
- Não sei... - não queria que me vissem daquele jeito, eu ainda estava meio mal depois desse reencontro.
- Eu levo ela pra casa - DoisP se pronuncia.
- Certeza? - eu e Knust perguntamos juntos.
- Sim. Eu levo ela pra casa e fico lá fazendo companhia.
- Você não tem que terminar as coisas lá na gravadora? - Daniel pergunta.
- Deixo isso pra depois.
- Não Pedro. Eu tô bem, sério. Podem me deixar em casa e voltar pra gravadora.
- Não vou te deixar sozinha - DoisP que estava no banco do carona me olha. - Não é nada de importante que eu tenho que fazer lá, eu já ia embora mesmo e você sabe - sorrio pra ele.
Knust foi até a casa dos meninos (que é onde fica a gravadora) e se despediu de nós deixando o carro com o DoisP. Antes de irmos o Daniel chamou DoisP para conversar lá fora e eu fiquei curiosa sobre qual assunto mas não consegui ouvir nada. Depois de cinco minutos Pedro volta pro carro e dá partida indo pra minha casa.
- Obrigada Pedro - beijo seu rosto. - Não precisa ficar, eu estou bem.
- É o mínimo que eu posso fazer depois de chegar atrasado ao shopping e não comprar seu presente.
- Não se preocupa com isso.
- Isso foi só desculpa pra ver se você cedia. Eu quero ficar - sorrimos.
Saímos do carro e entramos em casa. Pedi para ele fica à vontade e me esperar enquanto eu tomava um banho. Meu irmão já havia saído e se não fosse por Pedro eu ficaria sozinha em casa até amanhã já que eu sabia que Ct só voltaria amanhã como ele já tinha avisado. Tomei meu banho pensando no acontecido de hoje mais cedo e me senti idiota por não enfrentar meus medos, senti vergonha por ter medo de um cara como Pelé. Eu podia ter pelo menos tentado resolver sozinha mas a primeira coisa que fiz foi envolver meu amigo.
Saio do banho, me visto e desço encontrando DoisP deitado no sofá mexendo no celular. Me aproximei e sentei em cima das pernas dele o fazendo olhar pra mim meio assustado.
- Você não é tão leve quanto parece, sabia?
- E você se sentiu à vontade demais, tá ocupando o sofá inteiro - ele riu e eu saí de cima dele deixando-o se sentar direito.
- Está melhor?
- Sim, obrigada.
- Não precisa ficar me agradecendo. Gosto de você, foi o mínimo que eu poderia fazer - esse "gosto" me deixou confusa mas eu sorri. - Gabi, posso te fazer uma pergunta? - confirmo. - O que aconteceu exatamente entre você e Pelé? Foi algo mais do que uma traição pra você agir daquele jeito.
- Pedro, não sei se é uma boa...
- Ei, tá tudo bem - põe a mão em meu queixo e o segura gentilmente fazendo eu o olhar. - Não precisa contar se não quiser, não quero te forçar a nada.
- Acho que tudo bem contar à você - respiro fundo criando coragem. - Eu e Maurício nos conhecemos no Tanque, ambos éramos amigos do Daniel. Depois de uns meses ele foi me conquistando e ficamos, mais um tempo depois nós começamos a namorar e isso durou um ano. Depois desse um ano maravilhoso de começo de relacionamento ele começou a mudar, ai outro dia ele estava mais chapado do que nunca e... - doí relembrar, é como se eu estivesse lá passando por tudo de novo.
- Não precisa continuar - acaricia meu rosto.
- Não, tudo bem - decidi continuar. Doía relembrar mas talvez me deixasse um pouco melhor desabafar; ou pior. - Meu irmão não estava em casa e Maurício chegou mais bêbado e chapado do que eu já tinha visto. Ele queria transar mas eu não estava afim, então começou uma discussão e começou a jogar na minha cara que não precisava de mim pra isso, ele já tinha várias putas por aí que já havia comido, várias que eram melhores que eu - deixo umas lágrimas caírem e Pedro as seca rapidamente. - Eu falava que era mentira dele, que ele não era capaz disso, mas ele disse que no dia anterior mesmo havia me traído e que não foi a primeira vez. Ficava jogando várias coisas na minha cara, coisas que me machucavam. Eu gritei com ele, o mandei ir embora, mas ele não quis e me bateu, mandou eu nunca mais gritar com ele - mais lágrimas caem e dessa vez Pedro me puxa pra um abraço.
- Desculpa te fazer relembrar. Desculpa - me abraçava forte.
Continua...
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Duro Igual Concreto (1kilo)
Fanfic*recriação* Gabriella é obrigada a superar o seu passado se quiser viver seu futuro com quem ama.