Capítulo 17

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  Uma vontade repentina de não querer olhar nem pro Pedro e nem pro Daniel me invadiu. Eu guardei as coisas na cozinha e fiquei por lá pensando em vários futuros alternativos. Eu sabia que tinha sido só um beijo e o problema não era esse, o problema era o que eu sentia.

  Eu me aproximei bastante de DoisP, gosto de ficar perto dele, me sinto confortável. Pedro nunca escondeu que gosta de mim. Sempre foi carinhoso e paciente, ainda mais depois de saber do meu passado amoroso. O que eu sinto por ele é confuso demais ao ponto de eu só saber que se passa de amizade. Knust estava certo: quando eu e DoisP não estávamos juntos, a gente queria estar; pelo menos eu queria.

  Com o Daniel é muito mais confuso. Ele sempre foi meu melhor amigo, e isso tudo sobre o beijo e esse sentimento é novo pra mim. Eu penso se Daniel sempre gostou de mim assim, além da amizade, e eu nunca havia percebido. Eu tenho medo de estragar nossa amizade mas só tenho coragem de entrar num relacionamento de novo se for com ele. Pelé foi meu primeiro namorado sério, foi traumatizante. Eu confio no DoisP mas não pra ter um relacionamento agora, já o Knust sempre esteve do meu lado. Acho que vale a pena tentar.

  - Te achei! - Christian entra na cozinha, e logo atrás dele estava Daniel. Me encostei na cadeira onde eu estava sentada e olhei para os dois; na verdade olhei pro Christian já que eu não conseguia olhar pro Knust agora.

  - Eu tentei afastar ele, não sabia se tava tudo bem pra você. - Ouvir a voz de Daniel fez eu apertar os olhos e respirar fundo. - Tá tudo bem? - Foi um erro olhar para ele naquele momento, ele parecia culpado e isso doeu. Eu sabia que aquela pergunta não se referia apenas ao Ct.

  - Tá tudo bem. A gente pode conversar depois Dani? - Knust me olha e só concorda com a cabeça, saindo da cozinha meio tristinho. - O que você quer Christian? - Eu não queria ter sido grossa mas estava estressada, e Ct provavelmente pensou que ainda era por causa dele porque começou a falar depressa demais.

  - Por favor Gabi, me perdoa. Eu sei que fiz merda e me arrependo. Eu não quero ficar mal com você. Te amo, você é minha irmã, me preocupo com você. Só tentei te proteger.

  - Christian, respira. - Não consigo segurar minha risada. - Olha, suas ações me magoaram e espero muito que não se repitam - digo calmamente antes de ele me interromper.

  - Cê tá falando igual a mamãe. - Ele dá um riso curto.

  - Não me interrompe! - A gente ri um pouco. - Enfim, tá tudo bem. Eu sei que você não me faria mal de propósito, com más intenções.

  - Então você me perdoa?

  - Sim. - Sorrio. Ele sorri de volta e me chama pra um abraço. Me levanto e abraço ele sentindo o conforto dos seus braços ao meu redor.

  - Agora me diz o que tá rolando.

  - Como assim? - Me afasto pra olhar pra ele.

  - Te conheço, sei quando você não tá bem. E percebi a tensão entre você e o Knust.

  Depois de um tempo refletindo eu decidi contar pra ele sobre os acontecimentos, pensei que seria melhor poder desabafar um pouco. Contei sobre meus momentos com o DoisP, sobre como eu gostava dele mas ainda não tinha confiança para ter algo a mais. Contei sobre o beijo recente com o Knust e o sentimento recém descoberto, sobre como isso me afetou e me deixou com medo também. Por mais que eu e Christian tenhamos brigado a gente sabia que quando precisássemos sempre podíamos contar um com o outro, e nesse momento eu precisava de alguém.

  - O que você pretende fazer? - ele me pergunta depois de ouvir tudo atentamente.

  - Eu não sei. Eu não queria magoar nenhum dos dois.

  - Isso é o de menos. Se eles gostam mesmo de você eles entenderiam sua decisão, seja ela qual for. O que importa é você. O que você quer?

  - Eu não sei. - Suspiro e meu irmão começa a acariciar minha mão.

  Já estávamos sentados ali na cozinha fazia um tempo e ainda não tinha aparecido ninguém procurando por nós ou indo pegar algo ali, achei isso estranho. Imaginei o Daniel e o Pedro juntos na sala e uma vontade de me juntar à eles e fugir me invadiu.

  - Você vai saber o que fazer no momento certo, é só deixar levar. Independente de qualquer coisa todos nós te amamos e te apoiaremos. - Ele me dá um sorriso.

  - Obrigada. - Me levanto e abraço ele novamente.

  - Agora vem, senão eles vão acabar com tudo. - Ele segura minha mão e me puxa.

  - Espera! Eu tenho que falar com o Dani. - CT me olha com uma sobrancelha arqueada e solta minha mão.

  Eu decidi conversar com o Daniel porque não queria que ele ficasse se sentindo mal, mas não fazia ideia do que falar. Eu só respirei fundo, entrei na sala e procurei Knust com os olhos. Enquanto eu olhava atentamente a sala pela segunda vez, alguém tampa minha visão entrando na minha frente. A pessoa era mais alta que eu então demorou um pouco para eu ver que era o DoisP, e ele estava tão perto que eu prendi a respiração por uns segundos.

  - Tá tudo bem? Te liguei e você não atendeu, quem abriu o portão pra mim foi o Knust, chego aqui não te vejo... Fiquei preocupado.

  - Tá - minha voz sai rouca então pigarreio. - Tá, tudo bem sim. Eu só estava conversando com o Christian.

  - E como foi? Se resolveram?

  - Sim, estamos de bem. - Ele sorri ao ouvir isso, e ver seu sorriso tão perto de mim (e pra mim) me derrete. Antes de me dar conta eu já estava com um sorriso em meu rosto também.

  Era estranho porque parecia que eu e ele estávamos numa bolha gigante só para nós dois, nada mais no mundo importava além de nós. Mas algo em minha mente me despertou e eu só consegui ver Knust saindo apressado pela porta.

  - Daniel! - Comecei a ir atrás dele, mas antes olhei pra trás e vi DoisP com um olhar confuso. - Desculpa Pedro - foi tudo que consegui dizer antes de correr atrás do Knust.

Continua...

Duro Igual Concreto (1kilo)Onde histórias criam vida. Descubra agora