一日三秋 || One day, three autumns {pt-br}

Desconhecido [3]

Kasumi não dormiu direito a noite e assim que clareou o dia, ele se levantou e fez sua higiene matinal, tornando-se apresentável rapidamente. Era um tanto estranho e difícil pentear aqueles cabelos tão grandes e depois de tanto tentar, ele acabou prendendo-os em um rabo de cavalo e algumas mechas que não conseguiu prender ficaram soltas.

Ele examinou o kimono de cor clara que vestia e deslizou os dedos sobre os bordados, eram iguais aos que viu no kimono de Shou. Então aquele era o brasão da família.
Kasumi sentia muito a falta de sua cama macia — por mais que quase nunca dormisse nela. Na maioria das vezes, ele pegava no sono em cima do teclado do computador e acabava destruído pela manhã. Por isso, acabou dando uma cópia de sua chave para seu melhor amigo, pois caso ele morresse de fome ou falta de sono, poderia ter um enterro digno.

Uma leve batida na porta o tirou de seus pensamentos e ele foi abrir, vendo Yoshiko logo pela manhã.
— Bom dia, waka-sama. — ela curvou-se e Kasumi abriu um leve sorriso sonolento. — É tão cedo mas já está acordado.
— Não consegui dormir por mais tempo. — respondeu com sinceridade.
— O café da manhã já está posto. — ela avisou.
— Ah, claro.

Ele saiu do quarto e acompanhou-a até a sala de jantar, onde encontrou Shou sentado à mesa.
— Chichi-ue. — Kasumi curvou-se brevemente antes de ser convidado para sentar à mesa por seu pai. Era um tanto engraçado, geralmente quando acordava, ele estava sozinho em casa, comia alguma coisa sozinho e dormia sozinho. Talvez devesse adotar um gato para fazer-lhe companhia.
— Dormiu bem? — perguntou, enquanto Yoshiko lhe servia um pouco de chá e depois serviu Kasumi.

— Ah... Sim. — ele coçou a cabeça. — Tem alguma coisa para eu fazer hoje?
— Hm, não exatamente. Só depois que conhecer o han. — disse. — E também quero que melhore suas habilidades com a katana.
Kasumi segurou o riso bebendo um grande gole do chá que saia fumaça, se arrependeu no mesmo instante porque queimou a língua. Seus olhos encheram de lágrimas e Shou colocou água em um copo, colocando perto dele rapidamente.

— Obrigado. — ele murmurou, sentindo a língua arder depois do gole de água.
— Precisa ter cuidado.
Kasumi assentiu enquanto comia um pedaço do onigiri. Antes, ele teve vontade de rir pois suas habilidades com uma espada não deviam ser tão ruins, ele já tinha jogado muitos jogos de RPG com personagens que usavam espadas de todos os tipos. Não devia ser tão difícil assim, embora nunca tivesse segurado uma de verdade.
O máximo que fez, foi na época da escola pegar um cabo de vassoura e balançar como se fosse uma espada.

— Chichi-ue, mas por que preciso fazer isso?
— Por que? — Shou fitou-o intensamente antes de desviar os olhos. — Um dia, vai precisar cuidar disso tudo. Eu rezo para que não seja necessário, mas talvez precise empunhar uma espada para isso. Mas Kasumi, sempre ande pelo caminho da gentileza.

Kasumi não pode fazer nada além de acatar o pedido feito com suavidade e gentileza de Shou.
Percebendo que o silêncio entre eles era um tanto desconfortável, Shou limpou a garganta antes de falar novamente. Dessa vez seu tom era bem mais leve e despreocupado.
— Vou pedir a alguém de minha confiança para fazer isso.
— E onde está ele? — Kasumi pareceu interessado, falou com a boca ainda cheia.
— Só fale quando sua boca estiver vazia. — o outro homem deu uma leve e graciosa risada. — Ele deve voltar hoje, foi resolver uns assuntos no han vizinho.
— Ao norte? — Kasumi perguntou.
Shou balançou a cabeça negativamente enquanto mastigava e só falou depois que sua boca estava vazia.
— Não, ao leste.

Pelo que Kasumi se lembrava do mapa do jogo, o han mais próximo ficava ao norte. Mas por algum motivo, alguém da confiança de seu pai havia ido ao leste resolver assuntos ainda desconhecidos por ele.
— E o que eu faço até lá?
— Não sei, descanse, leia, ande a cavalo. — seu pai respondeu. — Mas ele deve chegar hoje de qualquer jeito. Está tão animado assim para ter aulas de katana?
— É... Pode ser.