Nothing World

A festa

Eu termino de me fazer minha maquiagem e vou para a sala encontrar com os meninos. Quando chego na sala percebo que Harry já estava ficando impaciente me esperando.

- Estou pronta, vamos? - falo
- Já não era sem tempo - responde Harry

Quando chegamos ao carro de Harry, o Lucas como esperado vai se sentar no banco do passageiro, pois ele enjoa quando anda de carro e não está dirigindo. Devido a isso, Willian vai no banco de trás comigo. Eu percebo ele me observando de canto de olho, então resolvo olhar para ele. Qual o problema dele comigo?

- Você está bonita, essa camiseta fica melhor em você - diz Willian baixo o suficiente para só eu ouvir.

Eu sou pega de surpresa com esse comentário, então apenas sorrio agradecendo e me viro para a janela, fingindo estar prestando atenção na paisagem.
Na verdade, estou pensando novamente no sonho. E quanto mais eu penso nele, menos eu entendo.

Quando chegamos ao local da festa, é uma casa grande, com uma bela faixada e cheia de jovens no quintal.
Lucas sai do carro e vem ao meu encontro, me dando seu braço para eu entrelaçar nos meus. Nós sempre andamos assim, mesmo depois que ele começou a namorar, e para mim isso sempre foi normal, mas hoje, por algum motivo, é estranho andar assim com ele.

A casa por dentro também bonita, tem moveis modernos e minimalistas, arisco falar que quando eu tiver a minha casa, decoraria da mesma forma.
Willian nos guia até a cozinha, aonde tem as bebidas. Ele nos serve e pega uma garrafa de água.

- Você não bebe? - pergunta Lucas
- Não quando vou ser o motorista da noite - responde ele.

Lucas me olha, e eu sei que ele só não revirou o olho porque não quis ser mal educado.
Eu teria revido os olhos sem me importar com isso, mas nesse caso, eu gostei da atitude do Willian.
Pego uma bebida e chamo o Lucas para darmos uma volta enquanto bebemos. O Harry já sumiu, provavelmente atrás de alguma garota bebada o suficiente para querer ficar com ele.

Eu passo a maior parte da noite conversando e bebendo com o Lucas, nós encontramos um lugar no quintal e a noite está agradável.

- Essa casa é linda - diz Lucas
- Sim, provavelmente vou me inspirar nela quando for decorar a minha - falo.
- Resta saber se o seu futuro marido teria o mesmo bom gosto diz ele - me olhando nos olhos.

Provavelmente estou ficando louca, porque posso jurar que o Lucas nunca me olhou como está me olhando agora.

- Se ele não tiver o bom gosto de achar está casa linda, eu nem me casaria! - digo rindo. Não sei se por causa do álcool no meu sangue ou por achar graça do que falei.
- Ainda bem que eu acho essa casa linda - responde Lucas.
- Que sorte da sua futura esposa então - respondo
- Sim, você é sortuda. - diz Lucas.

Eu fico sem saber o que responder, eu devo estar fora de mim. Deve ser efeito do álcool, nós dois bebemos, nenhum está falando nada com nada.

- Eu vou lá pegar um pouco de água, quer? - diga me levantando.

Sou pega de surpresa quando o Lucas me puxa pelo pulso e faz me sentar novamente ao seu lado, só que dessa vez, mais perto.

- Eu errei de ter namorado a Lucy - diz ele.
- Sou obrigada a concordar - respondo.
- Pois é, mas eu só consegui ver isso quando você se mudou.

Ele olha fundo nos meus olhos como se implorasse para que eu enxergasse o que ele queria dizer. Mas eu apenas fico sem reação.

- O motivo da Lucy ter surtado com a Grace, é que estávamos juntos e ao invés de falar que a amava, eu falei seu nome. Ai a Grace ligou e quando ela me pediu para escolher entre vocês eu não suportei me imaginar sem vocês, principalmente você. Por isso dirigi até aqui, eu precisava te ver...
- Eu também senti a sua falta, não precisa se justificar por ter vindo, eu amo estar com você...
- E eu? Você ama? - pergunta ele.
- Que pergunta tola, Lu, é claro que eu te amo! Você é o meu melhor amigo. - respondo.

Se o Lucas fosse um balão, nesse momento poderia dizer que ele foi esvaziado assim que eu falei as palavras "melhor amigo"

- Ah - diz ele.
- O que foi? - pergunto.
- Nada, deixa pra lá.

Eu sei que não é nada, então eu me aproximo mais dele e falo:

- Pode me falar, Lucas, eu sei que não é nada.
- Eu te amo Tray e não é só como melhor amigo.

Ouvir isso me tira o chão. Caramba. Meu melhor amigo está falando que é apaixonado por mim? Não, eu devo estar sonhando de novo.

- Tray? - diz Lucas.

Eu não paro de olhar para ele. Tenho medo de ser um sonho e eu acordar sozinha na minha cama de novo.
Então não sei se por causa do que eu acabei de ouvir ou do álcool, eu me inclino e beijo o Lucas. No início ele parece surpreso, mas logo me envolve em seus braços e me beija de forma lenta, eu quero que esse momento dure o máximo possível, tenho medo de tudo não passar de um sonho.
Quando nos afastamos, ele acaricia meu rosto. Eu não sei o que falar, mas eu preciso dizer algo.

- Eu fui apaixonada por você até conhecer o Richard - digo me sentindo envergonhada por admitir isso.
- E eu fiquei com a Lucy para esquecer você, mas não deu muito certo. Quando o Richard foi um babaca com você, eu pensei em terminar com ela, mas ai sua mãe ficou doente e eu não quis te deixar confusa, você precisa de um amigo e eu queria estar do seu lado, nem que fosse só assim, mas eu não aguento mais isso, Tray, eu sou apaixonado por você desde o colégio, e eu consegui trancar esse sentimento enquanto você estava por perto, mas no dia seguinte que você foi embora, eu já comecei a enlouquecer, ai você me ligou e falou da história do Willian e eu fiquei morrendo de ciúmes, e tive vontade de vir ver você, mas tinha a Lucy, então tudo foi acumulando e eu não sei explicar, só sei que você é o que me motiva a levantar todos os dias.

Eu escuto tudo calada, cada informação gravada na minha memória, me lembra que isso não é um sonho, e que o meu sonho do colégio está se realizando agora, bem aqui na minha frente.

- Você não tem ideia de como é louco ouvir tudo isso. - eu digo sorrindo para ele.

Escutamos um barulho e quando eu viro vejo o Willian carregando o Harry bebado nas costas.

- Acho que para o urso aqui a festa já acabou, estou levando ele para casa, vocês veem ou voltam de taxi? - pergunta Willian.
- Nós já vamos.