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"Eu sei que vou me arrepender disso quando estiver sóbrio"

| SOBER, G-Eazy & Charlie Puth |

Ellie

Acordei e nada. Nenhuma ressaca se escondia dentro de mim, tampouco uma gripe maldita graças à chuva de ontem. Eu estava bem e continuaria no mesmo estado se tivesse sorte. Sem preocupações, sem pesadelos.

Eu não me lembrava dos fogos de artifício. E eu amava fogos de artifício. Deveria lembrar da explosão colorida no céu, mas nada vinha à mente. Achava até mesmo engraçado, porque realmente não sentia nada. Eu estava liberada para sofrer com o buraco nas minhas memórias, afinal não perdia uma Virada de Ano há muito tempo. E, sim, preferia dez mil vezes o giro para o dia primeiro de Janeiro do que qualquer outra coisa, incluindo meu aniversário. Então por que me sentia assim?

Girei na cama e bati em outro corpo. Automaticamente, como um furacão enfurecido, as lembranças bateram em minha cara. Havia curtido a noitada ingerindo quantidades imagináveis de álcool ao lado de Elisabeth Ewing, então saímos no relento atrás do nosso táxi e retornamos salvas para casa. Agora alguém estava na minha cama e eu, maliciosamente, só podia concluir uma coisa.

Atirei-me para longe em um susto nada contido como se a pessoa que dormia ali tivesse uma doença contagiosa. Escorreguei nas minhas meias, mas me segurei bem na cômoda. Eu estava em choque, os dois olhos praticamente saltando das órbitas e meu coração mais frágil que uma folha de papel molhada. Eu não conseguia sequer respirar direito sem que um pedaço dos meus órgãos se despedaçasse.

A pessoa se movimentou na cama à procura de mim. Eu permanecia estática e apoiada no móvel, porque sabia que cairia de pavor se ousasse me locomover. Felizmente eu estava vestida, mas não sabia se ela também. Eu podia tê-la feito a mulher mais feliz na madrugada e sido altruísta o bastante para não receber o prazer de volta — pelo menos não naquela vez.

— O que você está fazendo? — Srta. Ewing perguntou meio sonolenta. Não era nenhuma coincidência que ela havia me feito a mesma pergunta no dia do não-beijo.

Eu devia parecer bem hilária, mas a situação era urgente demais para que eu pensasse em aparências.

— Eu não sei — respondi.

Ela caiu de volta no travesseiro e fechou os olhos, batendo no espaço vazio do colchão.

— Venha. Ainda está cedo. — Bocejou para provar o seu argumento.

Eu podia fazer quantas caretas quisesse, porque ela não estaria vendo. Então fui de fininho me colocar de volta à cama. Eu não queria que ela me encostasse. Acomodei-me um pouco longe do seu corpo e, por causa da minha sorte matinal, ela não passou o braço pela minha cintura de forma carinhosa como se esperava naquele ponto.

Seria insensível perguntar o que acontecera na noite passada? Ela não podia me culpar se eu havia esquecido algum momento memorável entre nós duas, certo? Eu estava bêbada! Pessoas bêbadas passavam dos limites e também esqueciam das coisas. Odiava-me se houvesse sido uma delas, porque aquilo não estava escrito que era para ocorrer. Ela deixara muito claro que não devíamos fazer algo do nível quando barrara o meu não-beijo. E estava certíssima! Eu era a professora dos filhos dela. Óbvio que não haveria espaço — e ética — para um relacionamento entre a gente.

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