Há algum tempo atrás, mais precisamente dezesseis anos, Carla Wheeler deu à luz duas extraordinárias bruxas, Florence e Genevieve, mal sabia ela que as duas iriam tocar o terror em todos os lugares.
Ou
Onde Florence e Genevieve Wheeler competem com...
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01. aquele em que as gêmeas vão para hogwarts
- Florence e Genevieve! Desçam aqui AGORA! - Carla gritou tão alto que sentiu seus próprios ouvidos doerem, em seus braços um garotinho de cabelos pretos a olhou assustado. Não demorou muito e duas menininhas desceram as escadas. Eram idênticas! Até o último fio de cabelo. Ambas com os cabelos castanhos trançados e olhos escuros que se encontravam arregalados, não deviam ter mais que quatro anos.
As garotas apenas encararam a mãe, sem dizer nada.
- Enviar o irmão de vocês pelo correio! Ficaram doidas? Sem parafuso? A sorte de vocês é que o carteiro me avisou!
Florence cruzou os braços e fez um bico. - Vamos ter que dar um jeito no Sr. Carter também.
A mãe arregalou os olhos e saiu pela casa gritando, não demorou muito e John Wheeler apareceu para descobrir que gritaria toda era aquela.
- AS SUAS FILHAS! - Apontou - TENTARAM DESPACHAR WILLIAM E DESSA VEZ PELO CORREIO! PELA TERCEIRA VEZ NO MÊS!
John suspirou e olhou repreensor para as meninas, mas escondia um sorriso. Se abaixou na frente das filhas e disse calmo:
- Meninas, o que o papai falou sobre tentar enviar o irmãozinho pelo correio?
- Nada! O senhor só disse que a gente não podia vender ele na feira. - Florence juntou os braços atrás das costas.
- Nem vender pros vizinhos. - Genevieve continuou, imitando a pose da irmã.
- Nem tentar cozinhá-lo e dar para o gato.
Carla achou aquilo o cúmulo e sumiu na cozinha com o filho ainda no colo. John se controlou para não gargalhar e se manteve sério.
- Certo, vamos ver se desse jeito vocês entendem: as duas não podem, em hipótese alguma, em nenhuma circunstância, não, nunca e jamais, se livrar do seu irmão.
As meninas fizeram careta, insatisfeitas.
- E estão de castigo, sem doces após o jantar. - O pai levantou e saiu, deixando duas crianças furiosas para trás que mais tarde, naquele mesmo dia, atearam fogo nas toalhas de mesa da mãe.
*
Os anos iam passando e as gêmeas cresciam lindas e arteiras.
- É só a idade. - Carla escutou dizerem quando as filhas tinham nove anos. Mas não era a idade, na verdade, quanto mais tempo passava mais parecia que Florence e Genevieve ficavam piores.
E o que já não estava bom ficou ainda mais ruim quando elas descobriram que podiam fazer magia. Deixavam Carla louca, eram sapos que apareciam nos armários, era o irmão sendo levitado para cima e para baixo, eram pequenas explosões que aconteciam pela casa... Enfim, a vida dos Wheeler era um verdadeiro caos e por mais que odiasse as travessuras das filhas, Carla não as mudaria de nenhum jeito.
*
Eram exatamente sete e cinquenta e nove da manhã do dia quinze de maio, quando o ponteiro apontou para às oito Carla e John apareceram com dois bolos diferentes, um para cada gêmea, William segurava os presentes das irmãs que sorriam alegres. Estavam fazendo onze anos. Um farfalhar de asas foi ouvido vindo da lareira e todos se viraram a tempo de verem duas belíssimas corujas descerem pela chaminé. Cada coruja soltou uma carta na mão de cada gêmea e voaram de volta por onde haviam entrado.
Florence e Genevieve se entreolharam, os sorrisos nascendo em conjunto.
- NÓS VAMOS PARA HOGWARTS!
John sorriu.
- E agora elas são problemas do Dumbledore.
Permaneceu com um sorriso divertido, vendo as filhas pularem de um lado para o outro de mãos dadas.
*
E no dia primeiro de setembro daquele mesmo ano, Florence e Genevieve embarcariam para Hogwarts. Na porta de casa, uma Carla chorosa se despedia das filhas, não poderia as acompanhar, pois não era bruxa, então ali estava ela abraçando as meninas fortemente enquanto dava inúmeras recomendações.
- Não se metam em encrencas. Não façam coisas erradas. Tirem notas boas. Não desobedeçam os professores. Me escrevam três vezes na semana. Não explodam banheiros.
- Nossa mamãe! Você está tirando toda a graça de ir para Hogwarts! - Florence franziu o cenho.
- Sim, sim! O que iremos fazer lá se não pudermos explodir os banheiros? - Genevieve cruzou os braços.
Carla, ao invés de ficar séria e começar a dar broncas nas filhas, sorriu. Iria sentir falta de toda a bagunça que "Florenvieve" causavam.
- Amo vocês, meninas.
- Também amamos você, mamãe. - responderam juntas e olharam o pequeno William, agora com nove anos. - Fique longe do nosso quarto! - William revirou os olhos, mas abraçou as irmãs e se despediu.
As gêmeas então deram as mãos para o pai, que observava toda a cena com um sorriso discreto, e no segundo seguinte, não estavam mais ali.
