Capitulo IV-Entalhando ideias

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  O jantar foi de longe um dos mais animados que a família já teve. Angela estava animada para começar seu novo projeto no escritório, Leonardo comentava com muito bom humor da festa de aniversário que o pessoal do TI fez para um membro antigo daquele departamento e Jin contava animadamente tudo que ele e as bruxas haviam feito, mostrando também as coisas que ele havia ganhado nessa empreitada.

  Fazia um tempo em que os três não paravam juntos para jantar (ou para qualquer refeição). Geralmente, Jin acordava às cinco da manhã para tomar uma ducha rápida, colocar a primeira roupa que encontrara no armário, tomava café na velocidade da luz e saia correndo de casa só dando um tchau rápido para os pais, com medo de perder o ônibus e chegar atrassado na escola, voltando à vê-los rapidamente à tarde e indo jantar um tempo depois deles. Momentos assim eram bons e sempre bem vindos!

  Da janela da cozinha, Jin conseguia ver, além da área de serviço, as casinhas das ruas mais afastadas da sua. O lugar tinha uma beleza muito incomum de noite. Postes, tijolos, telhadinhos de concreto e árvores, vira e mexe, um carro passava por trás de algumas casas. Geralmente, as pessoas não enxergariam beleza numa visão tão simples, mas o garoto sempre admirava aquilo! Principalmente quando o céu estava limpo e estrelado. Ele lavava os pratos e panelas ao som do rádio e não parava de reparar em cada mínimo detalhe além da janela, quando...

  -Jin! Telefone! É a sua avó! –Sua mãe grita do andar de cima.

  -Já vou! –Jin larga tudo que estava fazendo e corre pro telefone, eufórico.

  O coração acelerado. As mãos tremendo. O que ele deveria dizer? Jin respirou fundo para a voz não tremular e junta as palavras:

  -Yŏboseyo, Hana halmoni! Tudo bem com a senhora?

  -Yŏboseyo, Jin. –A voz calma da avó botou um sorriso no rosto do neto –Eu estou bem, querido. Estou terminando uma roupa nova agora.

  -Uma nova coleção? Daebak! –Jin não pode deixar de ficar animado. Adorava a boutique da avó e todas as roupas que ela fazia.

  -Sim, sim. Mas queria ter meu trio de modelos favoritos para desfilar com essas roupas! Você, o Bernardo e a Gi são ótimos nisso! –Hana brinca, ouvindo as risadas doces de seu neto –Lembro como se fosse ontem o dia em que vocês resolveram brincar de princesas com os vestidos que eu fiz. Vocês estavam lindos!

  -Ai, ai. Eu queria ter usado o vestido amarelo, mas até que azul fica bem em mim! –Jin coça a cabeça, risonho –Ah! Halmoni! Errr... Eu tenho uma coisa pra te falar...

  -Oh. Deixe-me adivinhar: É sobre o colar de prata, não é? –Hana continuava calma, mesmo que Jin parecesse preocupado.

  -Ué... Como você sabe?! –Jin toma um susto ao ouvir isso.

  -Digamos que um amiguinho me contou. –Jin conseguiu escutar uma risadinha por parte de sua avó –Ele reconheceu o selo no colar e veio aqui me contar que meu netinho descobriu sua conexão com a magia.

  Jin ficou encucado com isso. As bruxas teriam contato para ela? Não, ela teria dito. Ele preferiu não fazer muitas perguntas quanto à isso e foi direto ao assunto:

  -Você também é uma artesã, halmoni?

  -Desde que eu tinha sua idade. –Hana confirmou

  -Uou... E você ficou frustrada por não conseguir usar magia igual as outras pessoas? –Jin questiona

  -Que nada, meu querido! Eu fiquei feliz mesmo! –E ele pode ouvir ela dar risada novamente –Toda a magia pode ser bela, independente do dom com que o bruxo nasça! O que faz a diferença na magia é o quanto você se empenha nela e o quanto do seu "eu" você põe nela. Ao menos, foi isso que a minha mestra me ensinou.

Help!!!: Um garoto tentando ser normalOnde histórias criam vida. Descubra agora