Capitulo VIII-Doce Confusão pt.2

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De noite...

  Parecia que Stella estava à uma hora pedindo desculpas para os pais de Jin. O garoto se concentrava em fazer seu exercício de respiração e construir um aparato novo, escutando a conversa toda com um olhar profundamente melancólico. Angela e Leonardo já haviam compreendido toda a situação e diziam para ela que só o fato de terem vindo ao socorro do filho deles já era um pedido de desculpas satisfatório, mas a bruxa continuava a pedir perdão, quase como se fosse um réu diante do juiz.

  -Jin ainda estava fragilizado com a história de Kind e ele precisava de tempo para se recuperar. Eu não esperava que nossos colegas de trabalho iam ser tão insensíveis à ponto de passar isso para seus aprendizes de forma tão nojenta! Não existem desculpas para essa situação!

  -Maninha, eu acho que eles já entenderam. –Velma passa a mão pela têmpora, cansada do monólogo da irmã –De qualquer forma, eu sei bem o que fazer: bancar a Befana e transformar esses m&#*@$ em carvão!

  -Calma garotas! Sem soluções drásticas! –Leonardo pede –Nós agradecemos muito que vocês foram ajudar o Jin. Digamos que ele tem um histórico bem grande com esse tipo de coisa e acho que falo por mim e pela Ange quando digo que é um alivio saber que ele tem amigas que se importam com o bem estar dele.

  -Não foi, nada, senhor Leo! Não dá pra passar pano pra um bando de mimadinho que não sabe controlar a língua! Principalmente quando chamam alguém que eles nem conhecem de mestiço! –Velma diz, convicta –Ah! Mas eu quero estar lá quando a Rose meter o c@$&*& neles!

  -Se for possível, eu quero estar lá também! Adoraria bater um papo com esse pessoalzinho. –Angela sorri de um jeito amedrontador –Quero ver se eles falam isso do Jin na minha cara.

  Jin deu uma risadinha de dentro de seu quarto. O modo "justiceira" de sua mãe era algo que ele presenciou em poucos momentos de sua vida, então ele sabia que, se ela entrava nesse modo, a pessoa a qual cometeu a injustiça ia ouvir umas boas verdades!

  A conversa seguiu por mais um tempo e o garoto já não conseguia escutar mais nada além dos próprios pensamentos. Era como se o exercício de meditação estivesse se misturando com o exercício de respiração e tudo ao seu redor não o atingisse.

"Foi legal da parte da Stella de me levar pro banheiro pra lavar o rosto."

"Foi legal da parte da Velma ir confrontar aquele pessoal comigo."

"Devo ter dado muito trabalho pra elas."

"Queria conseguir me defender."

"Mas o que eu devo fazer pra me defender?"

"A minha força é igual a de um rato."

"E eu sempre travo quando tenho que dizer alguma coisa."

"Será que eu deveria parar de ter pena de mim mesmo?"

"Ah. Deve ser cansativo me ter por perto."

"Será que eu forço as pessoas à terem dó de mim?"

"Ou será que eu é que tenho dó de mim mesmo?"

"Às vezes... Eu queria ser só humano."

"Ou totalmente bruxo."

"Ser um dos dois já dá trabalho pra caramba."

"Ser o dois dificulta ainda mais."

...

"O que devemos fazer?"

Help!!!: Um garoto tentando ser normalOnde histórias criam vida. Descubra agora