Uma dor do passado.

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NARRADORA

Todo o caos se alastrou em mais um dia comum na vida de Finn Wolfhard. Ah, o pobre Finn Wolfhard... o mesmo estava com os seus nove anos de idade, que era a idade de brincar, correr, aprontar, se divertir... porém invés disso ele estava sentado em uma poltrona de hospital, esperando o dia que a sua mãe ficaria bem e eles pudessem ir para casa. Desde o dia que Mary foi internada pela piora de seu câncer, Finn se recusou a ficar longe dela, nem que fosse por algumas horas apenas.

Estava nas férias de verão, e o calor era insuportável. Finn poderia muito bem estar na casa da sua tia rica bebendo uma limonada gelada ou nadando em sua enorme piscina. Para ele pouco importava tudo isso, porque a única coisa que valia a pena naquele momento era ficar perto da pessoa que ele mais amava. Ele passava praticamente a madrugada toda acordado para se certificar de que ela não iria ter uma crise. Seus olhinhos já estavam cansados e com olheiras mas ele se recusava completamente a voltar para casa pra ter uma boa noite de sono.

Essa era a rotina monótona do pequeno Wolfhard. Nada melhorava e nada piorava... até que chegou o dia. O dia que ele morreu completamente por dentro. O dia que sua mente ficou desesperada e desacreditada. O dia que ele desistiu de tentar entender o sentido de todo aquele sofrimento. Era para ser mais um dia comum, se não fosse trágico e decisivo para moldar o resto de uma vida inteira.

- Bom dia, mamãe! - o garoto correu até ela. Assim que percebeu que estava acordando.

- Bom dia, meu amor. - beijou o topo de sua cabeça. - São sete da manhã, filho. Poderia ter dormido mais.

- Eu não estou conseguindo dormir direito...

- Você é tão teimoso, Finn. Volta pra casa por favor. Você precisa dormir bem.

- Não vou! Eu quero ficar aqui com você!

- Realmente insistente. - ela brincou forçando um sorriso.

- Mamãe.

- Sim?

- Eu não quero que a gente volte a morar com o papai. Ele abandonou você.

- Não fala assim filho...

- Mas é a verdade. - Finn respondeu com a voz arrastada.

- Está bem. Está bem... você pode morar com a tia Elizabeth. O que acha?

- Nós dois iremos morar com ela!

- Sim meu amor. Nós dois.

Mary sabia que isso não iria acontecer. O tratamento não estava mais funcionando e ela sabia que poderia morrer a qualquer momento, mas a mesma não conseguia olhar Finn nos olhos e falar que não estaria com ele por muito tempo, ela simplesmente não conseguia.

- Oie família! - Elizabeth falou animada.

- Tia! - Finn gritou indo até a porta.

- Oi meu lindo! Como você está?

- Não estou muito bem. Mamãe tá muito desanimada hoje...

Ela encarou Mary e a mesma estava com os olhos marejados, praticamente implorando por ajuda.

- Finn... você pode ir na máquina de refrigerante pra tia, enquanto eu converso com a sua mãe?

- Claro! - ele pegou o dinheiro da mão dela e correu para fora do quarto.

Elizabeth andou até a cama e se sentou perto de Mary. Respirou fundo enquanto encarava seus olhos cansados.

- O que está acontecendo, Mary?

The little psychopath // FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora