Enquanto experimentava fazer um pouco de magia e deixava a irritação com Luan de lado, Cristina manteve em mente que aquilo não era brincadeira, como Leonardo havia dito, mas precisava experimentar para saber se conseguia ou não praticar feitiçaria.
Preparou pequenos saquinhos com efeitos variados, segundo as instruções, deixava uma pessoa invisível, temporariamente cega, confusa, fazia alguém dormir rápido, coisas assim. Por não saber se daria certo, precisava de Leonardo para testar.
Guardou os saquinhos no bolso da jaqueta e foi para a sala, ainda esperava Leonardo voltar, chegou a pensar que ele não voltaria, pela demora, mas se a casa dele estava cercada por demônios, esse era um problema não muito simples de resolver.
Depois de terminar os saquinhos de feitiços, deitou no sofá, ansiosa pela volta dele.
Sentiu como se tivesse tirado um cochilo de horas, mas foram apenas alguns minutos. Acordou com o barulho do portão e eufórica, aguardou a porta da sala abrir, para entrar sem chamar àquela hora da madrugada, só poderia ser quem estava esperando.
Levantou-se coçando os olhos e quando a porta se abriu, um homem entrou, mas não era seu amigo.
O homem sorriu, aparentava ter uns 40 anos, vestia roupas sociais um tanto antiquadas, seus cabelos eram longos, na altura da nuca.
— Bom dia, moça!
— Quem é você e o que quer na minha casa? – Estava tão surpresa que não teve outra reação e em seguida pensou em pegar sua adaga, mas não o fez, pois Leonardo chegou antes que o homem respondesse.
— Oscar Fagundes, o que faz aqui? – Leonardo perguntou e se colocou ao lado da moça.
— Bom dia! – Bufou, impaciente. — Vim te procurar, encontrei um dos seus irmãos e ele disse que você estava aqui, exatamente de onde senti uma forte energia.
— Eu tive alguns problemas, então...
— Eu soube. Que bom que conseguiu resolver. – Aquela conversa soava estranha para Cristina, os dois pareciam manter uma educação forçada. — Como não tivemos notícias suas viemos ver o que houve. – Ele se aproximou dos dois. — Essa é a moça afetada pela visão?
— Sim e já repreendi meus irmãos, acredito que tomarão mais cuidado de agora em diante.
— Ela está muito bem para uma humana que viu o que não devia.
— Bom... Ela não estava tão bem assim...
— Não importa, não agora. Você pode explicar isso a Ordem pessoalmente. Vamos?
Cristina olhou para Leonardo e ele assentiu.
Em silêncio seguiram Oscar para fora da casa. Na rua, Oscar se manteve á frente enquanto caminhavam sentido a praça da cidade. Todos estavam dormindo, não havia qualquer pessoa na rua, ainda era madrugada, o sol nem havia nascido e a neblina cobria a praça. Pararam em frente à banca de jornal e aguardaram enquanto o homem sussurrava algumas palavras.
Como costuma acontecer quando o sol está muito quente, as portas de aço da banca tremularam e Oscar passou por elas como se fossem apenas uma miragem.
— Devo deduzir que isso é algum tipo de portal? – Ela o encarou, queria fazer mais perguntas, porém, achou que não seria o momento.
— Exatamente, nós vamos atravessar. Você vai ficar levemente tonta quando chegarmos ao outro lado. Controle a respiração que logo melhora.
Ela apenas balançou a cabeça e atravessou sem hesitar, fazendo Leonardo se apressar atrás dela a tempo de segurá-la.
— Caramba, achei que fosse ficar um pouco tonta, não que ia até perder o equilíbrio por isso. – Se afastou dos braços dele, sorrindo para mostrar que estava bem e olhou a sua volta.

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Sobrenaturais
AvventuraFilha única e criada pelo pai, após a mãe morrer no parto, Cristina passou sua infância aprendendo a atirar facas, assim como seu pai fazia no circo, mas com a chegada de sua madrasta e uma meia irmã, tudo mudou. Tentou de todas as formas manter a h...