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"Isso não é aí" reclamo com o Felipe pela décima vez quando ele coloca o prato no lado errado na mesa

"Caralho, mano" Felipe bufa olhando pra mim sem saber onde colocar o prato

"Aqui" pego o prato dele e coloco no lado contrário da mesa.

"Dá na mesma, tá vendo?" Ele joga as mãos pra cima e sai da sala, reviro os olhos

"Dá na mesma o rabo dele" Murmuro.

Começo a roer minhas unhas de ansiedade e dou um pulo quando a campainha toca, será que já é a mãe do Victor?  Olho pra um lado e pro outro esperando o Felipe ou o Victor aparecerem pra abrir a porta mas nada... só silêncio, a campainha toca de novo repetidamente e eu dou um pulo de novo. Eu vou ter que abrir.

Apreensiva abro a porta e meu coração acelera ao ver que é mesmo a Dona Regina, mãe do Victor. O meu maior medo é como explicar pra família dele como tudo aconteceu entre a gente mas ele nem quer te assumir, sua burra. Minha consciência aponta.

"Ah, oi" ela diz um pouco sem graça ao me ver.

"Oi Dona Regina" dou um sorriso de lado pra ela, tenho a impressão que ela não gostou de ter me visto, será que ela já me odeia assim? Eu tô ficando paranóica a cada segundo que passa.

"Pode chamar de Regina só, É...Taynara né?"

"Sim" abro um sorriso feliz que ela lembra do meu nome, ela me abraça e fecha a porta atrás dela

"E os garotos?"

"Ah, acho que estão se arrumando" ela concorda com a cabeça e vai em direção ao quarto. Solto minha respiração enfim e sento no sofá ainda.

Felipe sai do quarto e dá um sorriso pra mim depois diz que vai fazer uma bebida pra ele

"Sua mãe não vai brigar?"

"Ah to nem ai" ele ri e vai pra cozinha, não aguento mais esperar e decido ir ver o que o Victor está fazendo que tanto demora. Ao chegar perto da porta do quarto que estava meio aberta

"Eu não quero saber, Victor...era uma coisa em família, não me interessa que ela fez isso ou aquilo" Fico imóvel ouvindo ela falando de mim, era óbvio que era de mim

"Para com isso, mãe, por que você tá sendo assim? ela não tinha lugar pra passar o natal, ela já fez muito por mim"  Eu não tinha onde passar o natal? Ele pediu pra eu ficar.

"Você não toma as decisões sozinho assim, mocinho. Não fique achando que porque você é famoso que você não me deve mais satisfação."

"Do que você tá falando? A casa é minha, e eu quero que ela fique. Encerrou o assunto."

"Isso não quer dizer que eu estou feliz com isso"

"E com o que você fica feliz  né, mãe? Tá difícil de te agradar ultimamente"

"Fala direito comigo, Victor!"

O silêncio invade o lugar e eu decido não  ficar ali ouvindo a mãe dele falando o quanto ela não quer minha presença aqui, como ficar num lugar onde a mãe do cara que você está apaixonada não quer que você esteja ali? Começo a pensar repetidamente naquilo, tanto que começa a me deixar agoniada com a situação, eu queria sair dali, mas não teria como agora. A campainha toca de novo e eu queria correr pro quarto e me esconder, mas nada do Victor sair do quarto.

"Eu vou chamar ele, tá bom?" Felipe diz colocando a mão no meu ombro ao notar meu desespero. Segundos depois Felipe e a mãe dele sai do quarto, ela gritando com ele sobre ele estar bebendo, aproveito a distração de ambos e entro correndo no quarto, quando fecho a porta já estou praticamente sem ar.

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