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"Você não vai mentir pra mim?" Pergunto encarando o médico.

"Jamais" Ele nega. Éramos só nós dois no quarto, eu preferia assim, pra ninguém embaralhar meus pensamentos.

"Sigilo de médico e paciente?"

"Isso é só pra psicólogos e mesmo assim quando-"

"Você vai manter sigilo, sim!" Falo fechando a cara pra ele, ele arregala os olhos e concorda.

"Pode começar" peço.

"Bom, pra começar, você teve uma overdose. Encontramos quantidades significativas de LSD no seu sangue"  ele me fala e observa minha reação, apenas peço pra ele continuar. "Ao que me parece, como eu tinha falado pro seu namorado, você vinha tomando pequenas doses faz algum tempo o que me faz acreditar que você tomava um pouco todo dia, em pouco quantidade por isso os efeitos não eram tão fortes"

"Quais os efeitos?" Pergunto a me irritando, aquela vagabunda de alguma maneira estava me drogando e eu não faço ideia de como ela conseguiu

"Irritabilidade, insônia, perca de apetite, muita sede...entre outros, no dia que você chegou você poderia ter morrido porque tomou em grande quantidade"
Meu coração se aperta só de pensar nessa possibilidade, será que agora eu estou viciada nisso? O que eu vou falar pra minha família? Meus amigos?

"E-eu...eu não tô entendendo, como eu tava com isso no meu corpo se eu não tomei nada disso?"

"Tem certeza?" Ele levanta a sobrancelha e eu olho feio pra ele me sentindo ofendida

"Isso tem cheiro?" Perguntei.

"Não"

"Mas não é em pó? Alguém teria visto em com isso se é em pó né?"

"Tem em líquido também"

Deve ter sido assim que ela me drogou, como ninguém levantou essa hipótese? Muitas mulheres são drogadas hoje em dia por que ninguém acha que alguém esteja me drogando? Essa mulher pensou em tudo, agora todo mundo vai pensar que eu sou drogada.

"Tá, e foi só isso?"

"Basicamente sim, mas agora já está tudo estabilizado fizemos uma lavagem, o que está na sua corrente sanguínea já foi embora e você não corre mais risco de parada cardíaca"

"Parada cardíaca?" Pergunto preocupada. Ele coloca o óculos e olha na prancheta dele.

"Sim, você teve 3 paradas cardíacas, quando seu namorado e seus amigos saíram pra descansar, aquela moça do cabelo azul que chegou primeiro e pediu pra eu não contar pra mais ninguém"

"E você obedeceu?" Levanto a voz. Como ela tem esse sangue frio?

"Eu não sei todo mundo aqui é bem confuso" ele fala claramente nervoso.

"Eu posso ir embora?"

"Claro, que não, você está de observação, talvez amanhã eu te libere"

Ele começa a preencher algo nos papéis que ele está segurando e eu começo a puxar na minha mente em que momento ela possa ter começado a me drogar, ela me oferecia água frequentemente e na maioria das vezes eu aceitava pode ter sido aí, mas ela também pode ter entrado no nosso quarto de hotel, ou sei lá o que, ela é uma psicopata. Ela pode muito bem ter jogado isso em cada comida que ela pegou pra mim. A água que aquele funcionário me deu...como eu vou provar isso pra alguém? Não tem como.

"Daqui a pouco eu peço pra te trazerem o jantar, qualquer coisa eu estou de plantão. Espero que você consiga resolver seu problema"

"Eu não tenho problema!" Falo abismada. Ele balança a cabeça como quem acha que eu sou um caso perdido, e eu reviro os olhos, ninguém vai acreditar em mim. Nem o Victor.

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