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O silêncio reinava na mesa, não me levou muito tempo pra perceber que a minha mãe não estava nos bons termos com o meu pai também. Encaro todos da mesa um por um por tentando pensar num assunto que não vá causar nenhuma confusão, quando chegamos meu pai tentou fazer algumas piadas mas minha mãe permaneceu com essa cara desagradável, eu não via a hora desse almoço terminar pra eu poder aproveitar a praia com o Victor, sem ter que olhar pra cara dela.

"Conseguiu o emprego de volta?" Minha mãe encara o Victor e depois olha pra mim, eu não acredito que ela tá fazendo isso. Olho pro meu prato fechando os olhos lentamente.

"Não, eu não quis" respondo friamente e coloco um pedaço de carne na boca.

"Não quis ou colocou um homem na frente do seu trabalho?"

"Ai que saco, como você ficou desagradável." Resmungo e continuo comendo irritada, é capaz de me dar até azia

"Filha, ignora" meu pai fala e coloca a mão dele encima da minha.

"Você sempre apoia as palhaçadas dessa menina, por isso ela é mal acostumada. Você sabia que esse rapaz namorava quando ela se envolveu com ele?" Minha mãe esbraveja, Victor olha pra mim com uma cara de assustado e eu só queria que ela parasse de falar.

"Ela já me contou tudo e assunto não vem mais ao caso. Já foi"

"Ela sabe muito bem o que eu penso de traição"

"Foi comigo, não foi com você. Para de projetar sua vida na minha, saco" levanto a voz e jogo o talher no prato. Perdi a fome total.

"Se vocês me permitem falar, eu...eu sei que nós erramos, e eu sei que temos muito pra acertar ainda, mas eu e a Tay temos uma história, não é um capricho, nem uma coisa de momento, eu amo ela." Victor fala e meus pais ficam em silêncio.

"Vocês não sabem o que é amor" minha mãe debocha

"Hoje ele tá falando que te ama, amanhã tá fazendo o mesmo que fez com a outra" 

"Eu não sou assim." Victor se defende

"Nenhum homem é, até ser." Ela se afasta da mesa, a cadeira fazendo barulho no chão de madeira e se retira. Coloco as mãos na testa e massageio os dois lados da minha cabeça irritada

"Por que ela tá fazendo isso?" Pergunto pra mim mesma. Minha mãe sempre teve um gênio forte mas agora ela ultrapassou os limites, esse mal humor dela não vai melhorar nunca? Eu só queria que ela me ouvisse, do jeito que o meu pai ouviu.

"Calma, filha...de um jeito ou de outro ela vai se acalmar" sinto a mão do meu pai encostar no meu ombro.

"Eu tô exausta de ter que ficar esperando a boa vontade dela, eu já sou adulta, ela tem que parar com isso"

"Eu sei, filha, mas sua mãe é complicada mesmo" sinto Victor pegando minha mão debaixo da mesa.

Ela que seja complicada longe de mim, se ela continuar assim eu vou embora, afinal quem está casado com ela é meu pai, eu não tenho que aguentar ela me insultando toda hora, ela pode ser minha mãe mas eu estou exausta dessas provocações.

Terminamos de comer e o Victor insiste em pagar o de todo mundo e eu me recuso.

"Não tem sentido, para" resmungo puxando a mão dele quando ele vai tirar o cartão da carteira "Minha mãe foi super grossa com você, não, você não vai pagar tudo"

"Eu não ligo, Tay...eu quase não pago nada pra você, deixa de frescura"

"A gente divide" proponho, ele fecha a cara mas acaba concordando e eu abro um sorriso.

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