Inesperado

Capítulo 2

"Ao se lembrar de araras, o desânimo lhe da uma surra de baixo astral, queria estar livre àquela tarde. liberdade... e então se lembra que está solteira, mas não morta - O carinho dos fãs era revigorante, mas não a completude de tudo, precisava de mais. Quem sabe uma voz em seus ouvidos dizendo "vem..." e a tirando da realidade, sonhava acordada... formando um bico enorme e uma carinha de choro"

"Sentira sua visão sair de foco, fruto dos olhos a essa altura já marejados, talvez tivesse caído no choro ali mesmo, se não fosse uma notificação que a trouxe de volta à vida: caralhofavs marcou você em um vídeo. Sabia que estava com o tempo apertado, pois tinham hora pra deixar o estúdio mas clicou na publicação só por curiosidade. Pela primeira vez naquele dia sorriu. Sorriu genuinamente. Seus olhos cintilaram ao dar play e ver aqueles trechos em que abraçava e beijava seu companheiro de cena. "companheiro de cena... nem bin acredita mais!" se estava sorrindo nos primeiros segundos de vídeo, ao final o sorriso esmorecera novamente. O nome daquilo? saudade."

"No vídeo, o instrumental da música de lexa tocava, as cenas passavam e como um filme ela revivia todos os momentos em sua mente, jurava até ter deixado rolar uma lágrima ao ouvir o refrão que dizia: "eu sinto sua falta, amor... pior que eu sinto falta, do cheiro, seus olhos, do seu jeito, do calor..." abriu os olhos e percebeu quem nem se deu conta que os tinha fechado, enquanto tocava levemente os lábios, ela tenta afastar aquela sensação. estaria ela mais envolvida do que as cenas pediam?"

"Não queria trazer todos aqueles sentimentos à tona assim, em público. Ultimamente era o fazia quando chegava em casa, a sós, onde podia deixar seu coração falar. Mas como controlar o que já a tinha dominado? "tá linda de azul", esboçou um sorriso fraco ao lembrar de quando ele a surpreendeu no camarim do projac, sussurrando o elogio por trás de seu ouvido. A voz rouca e suave a fizeram tremer sobre os tamancos transparentes da personagem. Não tivera nem tempo de responder e os chamaram para gravar. Apenas trocaram um olhar, seguido de um sorriso cúmplice e foram. "Sérgio..." murmurou pra si, cheia de saudade enquanto abria novamente os olhos e se certificando de quem ninguém a ouvira ao redor. Respirou fundo e salvos a publicação para voltar a vê-la depois, curtir seria revelador demais, ainda que sua vontade na verdade fosse reportar."

"Assistindo aquela cena, seu anjo da guarda suplicava: "não se meta em confusão, Caroline... de novo não." mas era tarde demais, ela já tinha se dado conta que não podia arrancar pela raiz, já tinha dado flor... Para abastecer um jardim inteiro. "Como vou inventar um adeus em novembro, se já é amor?" perguntava a si mesma, enquanto parecia que uma faca lhe era enfiada no peito. "Não posso preencher com vazio, um espaço que já tem dono..." continuava a ser torturada pelos pensamentos que a invadiam. Aquele vídeo realmente mexeu com ela, mais do que deveria"

"Cada centímetro do seu corpo lembrava dos toques dele, seu olfato seria capaz de sentir aquele perfume à distância, ninguém tinha aquele timbre, nenhum olhar a invadia tanto. "não faz isso comigo..." lembrara de ouvi-lo dizer, balbuciando num canto qualquer que estavam, após uma cena quente em que ela o instigara buscando sua língua entre o beijo. Sabia que ele estava tão entregue quanto ela, queria tanto quanto ela... "mas ele é casado", lembrou das palavras de sua tia, que era também sua maior confidente.
"tudo bem, Paolla" ouviu Silvio, que retocava sua maquiagem há uns quinze segundos sem que ela notara, completamente absorta em lembranças e desejo. Lembrou-se de que estava ali para dar seu melhor e voltou a sorri, ainda que por dentro estava só cacos. "uhum... tô ótima." Já desejando voltar pro Rio o quanto antes, pensando se seria muita audácia marcar outro japonês com ele."

"Estava disposta a ficar um tempo sozinha, após o término turbulento que teve com seu ex. Se lembrou que prometeu a si mesma "dançar" a vida sozinha, mesmo que fosse na chuva. Mas a história havia mudado completamente de curso há alguns meses, quando ele entrou na sala naquele momento, do primeiro ensaio juntos, e seus olhos enxergaram aquele homem rústico, de olhar misterioso e charme único... foi como se o sol estivesse surgido. E não era o do Rio de Janeiro. Era o de um sexto sentido, que começou a incendiá-la por dentro: agora já não queria mais dançar, não sozinha... "é isso, outro japonês!" ela estava disposta a convidá-lo de novo, mas agora sem terceiros."