Capítulo 4

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Anos e anos se passaram, até mesmo décadas, mas a lenda nunca tinha seu fim. O espírito sem paz havia enlouquecido pela chamadas incessantes que o prendiam numa eternidade sem fim, resultando em diversas vítimas de idades variadas mutiladas e cabornizadas.

Lendo isso, um pequeno sorriso apareceu no rosto do garoto de dezesseis anos. Por mais que leia o conto, mais ele se sentia tentado a fazer o ritual só para ver se realmente era verdade. E apesar de ter um certo medo, a vontade crescia em seu peito, deixando-o impaciente.

"Querido, voltamos amanhã." avisou sua mãe, parando na porta ao lado de seu pai. "Fique bem."

"Qualquer coisa, nos ligue." acrescentou o homem, suspirando quando seu filho assentiu. "Cuidado."

"Eu não sou mais uma criança, deixem de se preocupar. Eu ficarei bem, ok?" dizendo isso, ele revirou os olhos quando os pais riram.

"Tudo bem, amor. Cuidado, já vamos."

"Bom turno." murmurou ao encher a boca de brownie, ligando a televisão para ver o que passava enquanto os pais saiam.

Suspirando, ele olhou para fora da janela com tédio. Hoje seria noite de tempestade... Arregalando seus olhos, ele sorriu com o pensamento de logo anoitecer. Quando ouviu o carro saindo da garagem, logo se levantou e foi atrás do espelho de seu quarto, colocando-o no centro da sala antes de ir até a cozinha para procurar algumas velas.

Com tudo já pronto, ele só esperou anoitecer. Por pura impaciência, quando deu cinco e cinquenta e nove, ele já acendeu as velas e encarou o espelho com uma sobrancelha levantada. Respirando fundo, ele sentiu seu coração bater acelerado ao engolir em seco, suando frio com a sensação estranha que o cheiro das velas lhe davam.

Tomando coragem, ele respirou  fundo e disse: "Bloody Mary. Bloody Mary. Bloody Mary."

Esperando com impaciência, ele começou a roer as unhas quando deu seis horas e um minuto. Ele tinha errado em algo? Por que nada aconteceu?

Suspirando, ele levantou-se do chão. "No final, era apenas mais uma lenda." resmungou desiludido.

Quando deu as costas, sentiu o clima de sua casa esfriar, ao ponto de que, quando suspirasse, um tipo de fumaça saísse de sua boca. Esfregando as palmas de sua mão, ele olhou para trás com relutância, arregalando os olhos ao ver uma bela mulher ensanguentada no espelho.

Enfurecido, assim que abriu seus olhos, já pronto para matar quem realizou o ritual, uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto. Ele podia lembrar brevemente... Ele conhecia esse cabelo castanho e olhos esverdeados... O que ele não lembrava? Ele tinha que estar esquecido de algo, mas o quê?

"Hein?" Erguendo uma sobrancelha, Eren ficou boquiaberto. Mary estava chorando porquê o viu? O que diabos estava acontecendo?! "Perdão?"

Piscando uma e outra vez, Levi tocou em sua cabeça. Lágrimas involuntárias escorriam pelo seu rosto conforme lembrava de sua vida, do seu grande amor e de sua grande perca.

Olhando novamente para aqueles olhos esverdeados, ele engoliu em seco antes de dizer com relutância: "Eren?"

Sem conseguir pronunciar nada naquele momento, ele engoliu em seco antes de assentir. Quem era aquela bela mulher? Por que ela não era estranha? Ele sentia que a conhecia... Mas de onde?

"Quem é você?"

Saindo do espelho com passos relutantes, Levi tocou em seu coração, deixando a marca de seus pés ensanguentados no chão enquanto se aproximava do Eren. "É você mesmo?"

Afastando-se, Eren sorriu. "Até onde eu saiba... Eu sou o Eren." riu sem jeito algum pela aproximação repetina.

"Eu te esperei por uma eternidade... Eu... Eu estou feliz em poder revê-lo, meu amor." sorriu ao dar outro passo em sua direção, dessa vez conseguindo abraçá-lo sem mais delongas.

Bloody MaryOnde histórias criam vida. Descubra agora