☀〡Three〡

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Viajar era algo que eu realmente gostava. Isso foi algo que eu sempre admirei nos humanos. Ter a liberdade de ir e vir para todos os lugares, conhecendo lugares novos e vivendo novas experiências. Como um espírito livre. Era algo que eu sempre desejara quando vivia como um simples bichano - sentimento de liberdade para ir aonde eu quisesse. Liberdade para ser eu mesmo. Para ter uma vida. Agora, eu finalmente tinha isso. No entanto, estava a caminho de um lugar totalmente desconhecido, contra a minha vontade e com uma companhia indesejável para fazer algo que eu não tinha interesse algum, por mais que parte da minha consciência dissesse que era o certo. É! A liberdade tinha um preço alto demais. Mesmo para alguém como eu.

Depois de horas de viagem dentro de um avião, Mary e eu desembarcamos em Jbeil, no Líbano. O lugar era quente como um forno (não que eu já tivesse estado em um, o que foi por um triz), mas a paisagem era bonita. Era uma cidade portuária, e a vista para o mar era incrível. As ruas do lugar eram lotadas de pessoas, que faziam comércio e passeavam. Fizemos a reserva em um hotel pequeno, usando nomes falsos, obviamente. Tivemos que alugar um carro no próprio local para não chamar a atenção. Mary fazia questão de dirigir. Eu não contestei. Se ela queria ter mais trabalho, era problema dela. Peguei uma pasta que estava ao meu alcance e comecei a ler. Era um relatório de quem já tinha estado com o Cofre dos Antigos Invernos.

-Quem devemos começar a procurar? - Quebrei o silêncio. Mary não tirou os olhos da estrada para responder.

-Como pode ver no relatório, da última vez que foi visto, o Cofre estava com esse homem, Khalil. - Ela apontou para uma foto nítida na parte superior da página que estava em minhas mãos. - Ele trabalha em escavações e ao que tudo indica, ele comprou a caixa de outro homem, que não vêm ao caso. - Deu de ombros. - Temos que encontrar esse tal Khalil, antes que algum mercenário ou o tal Malekith o encontre primeiro.

- Já sabe onde vamos encontrá-lo?

Mary assentiu.

- Tenho o endereço do primo dele.

- Nossa! Que promissor. - Respondi irônico. Ela fechou a cara numa carranca.

- Por que não faz melhor, então, gatinho? - Perguntou com desdém. Soltei uma risada. Havia atingido direto em seu orgulho sem nem mesmo ter a intenção. Mary continuou dirigindo, em silêncio. Senti meu celular vibrando e o tirei do bolso.

- Ah, merda! - Murmurei quando vi quem quem era. Mary me encarou, franzindo o cenho. Era uma chamada de vídeo da Evie.

- O que foi?

- É a Evie.

Mary fez uma careta que significava que estávamos ferrados e voltou sua atenção para o trânsito.

- Posso estar sendo uma péssima amiga, mas não atende. - Respondeu por fim. - Se você atender, ela vai perguntar onde você está e você não vai poder mentir. Essa missão é secreta. - Dei um longo suspiro, desanimado.

- Você não conhece a minha irmã como eu. Se eu não atender, ela vai insistir e vai ser pior. É capaz dela me rastrear e aparecer aqui. - Mary soltou um resmungo fraco. Respirei fundo e atendi a vídeo chamada.

- Oi, bebê javali! - Ela sorriu, animada. Fiz uma careta.

- O que você quer, Evie? - Perguntei quase seco. Minha irmã fechou a cara.

- Que rude! - Respondeu baixo. - Olha quem está aqui! - Ela virou a câmera, mostrando o Rob, nosso cachorro. Fiquei surpreso de ver como ele já estava grande.

- Ele está enorme! - Sorri. Ela assentiu. - Hey, garotão! - Ele balançou o rabo e latiu ao ouvir minha voz. Evie voltou a câmera para ela. Mary fez um sinal com a cabeça para me avisar que estávamos chegando. - O que você quer, afinal? - Perguntei apressado.

The Mischievous Prince - Spin-offOnde histórias criam vida. Descubra agora