☀〡Five〡

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Eu nunca almejei ser um agente. Muito menos trabalhar para a S.H.I.E.L.D. Eu até gostava de viver com certa adrenalina, mas uma vida normal parecia ser muito mais atraente. O problema é que quando se tem poderes como os meus, um sobrenome como "Lokison", a vida normal deixa de ser um direito e passa a ser um sonho inalcançável. Eu passei, automaticamente, a ser uma opção para qualquer tipo de missão secreta perigosa e tramóias mirabolantes (fossem elas legais ou ilegais). Eu estava bem ao centro do bem e do mal - um passo apenas e eu poderia me tornar o herói da nação ou o vilão mais odiado. E, a segunda opção parecia me puxar muito mais do que a primeira. Talvez fosse a genética forte que eu herdara. Totalmente do meu pai. Algo humanamente (e biologicamente) impossível. Todos os cromossomos que me formaram vieram de Loki. Não fui gerado. Nunca tive uma mãe, por mais que eu sempre tivesse desejado. A coisa mais próxima de uma figura materna que tive foi Melina - que achava que eu era uma bola de pêlos (gorducha e fofa) de estimação. Nunca tive amor materno. Nunca fui um bebê comum. Uma coisa que só foi possível por causa de magia das mais profundas. Algo que eu mudaria se tivesse oportunidade.

Mary parou o carro bem na portaria de um prédio antigo. O lugar não parecia ter muitos moradores e nem a vizinhança era muito movimentada. Este era o endereço que Mohamed havia nos fornecido. Era ali que Khalil, o humano que estávamos procurando, morava. Eu desci do carro primeiro, sendo seguido por Mary. Não havia ninguém por perto. O edifício parecia mesmo abandonado. Nós adentramos no lugar que não era muito iluminado.

- Por que alguém moraria num lugar abandonado? - Mary perguntou a si mesma, enquanto nos dirigíamos para as escadas super estreitas.

- Para não ser encontrado. - Conclui. - Deve ser apenas um esconderijo. - Dei de ombros. Ela fez um som com a boca que eu não pude identificar.

Ao chegarmos na porta do apartamento, no quinto andar, bati na porta de leve. Aguardamos alguns segundos, ansiosos. Não havia sinal de que alguém viria nos atender. Impaciente demais, Mary bateu novamente. Bem mais forte do que eu. No entanto, ninguém apareceu, o que fez minha colega de missão bufar. Paciência não era mesmo um forte dos humanos.

- Que demora! - Murmurou. Ao olhar para baixo, mais especificamente para a maçaneta, percebi algo estranho. A fechadura parecia ter sido forçada, até mesmo arrombada por alguém. Franzi o cenho, empurrando a porta cautelosamente. A porta foi aberta no mesmo instante. Mary me encarou, incrédula. - Não acredito que estava destrancada esse tempo inteiro. - Bufou.

Nós dois entramos no pequeno apartamento. O lugar estava revirado do chão ao teto. Haviam móveis quebrados por todos os lugares e cacos de vidro espalhados pelo chão, que estava estranhamente molhado.

- Parece que alguém esteve aqui antes de nós. - Conclui.

- Não me diga. - Ela foi irônica, seguindo em direção ao banheiro. Revirei os olhos, seguindo seus passos. - Eu acho... - Mary parou de falar no mesmo instante que abriu a porta do banheiro. Seus olhos se arregalaram de choque.

Eu entendi o porquê quando avistei o que ela estava vendo. Um cadáver. Jogado na banheira. Com uma bala atravessada no meio da barriga. Sua roupa estava ensanguentada. Seus braços abertos e caindo para fora, exibindo uma pequena tatuagem com os números 819387491, coisa um tanto incomum. Se eu não estivesse enganado, morte por perfuração dos órgãos. Hemorragia externa. Morte lenta e agonizante. Pela cor do sangue, não tinha sido há muito tempo. Se eu já não estivesse acostumado a ver cadáveres, poderia vomitar. Eu quase o fiz, mas me controlei. Não precisava que Mary passasse o resto da vida me zoando por causa do estômago fraco e nem que contasse a minha irmã, que também me atormentaria. Eu era um tanto fresco, não poderia negar.

A banheira transbordava água por todo o chão do banheiro. O morto era Khalil. Se ele estava com o Cofre de Todos os Invernos, alguém o encontrara primeiro que nós. E, obviamente, esse alguém havia levado o cofre, alongando a nossa (insuportável) missão.

The Mischievous Prince - Spin-offOnde histórias criam vida. Descubra agora