Lara
— AJUDA AQUI — gritei entrando na emergência do hospital — Meu filho tá vomitando sem parar.
— Traz a maca — um médico gritou pegando o Arthur no colo — A senhorita precisa se afastar e manter a calma.
— Só ajuda ele, por favor — comecei a chorar — Ele é tudo o que eu tenho.
— Nós vamos ajudar — uma enfermeira se aproximou — Agora preciso que a senhorita dê espaço e assine identifique o seu filho, tá bom?
Começaram a atender o meu pequeno numa sala com um vidro grande que possibilitava ver o que acontecia lá dentro, eu tremia tanto que nem abrir a minha bolsa eu estava conseguindo.
Comecei a ouvir ele gritando por mim, comecei a me desesperar novamente e querer entrar naquela salinha na força. — Eu preciso ficar com o meu filho.
— A senhorita tá muito nervosa, tem que se acalmar — outra enfermeira tentou me impedir.
— Não, você não está entendendo. Meu filho tem Síndrome de Asperger e de modo nenhum eu posso deixar ele perto de pessoas desconhecidas em um tumulto enorme, entendeu? — falei nervosa — Agora pelo bem do meu filho me deixe entrar nessa merda de sala.
— Eu vou cuidar dele, tá bom? — a primeira enfermeira voltou — Eu tenho um filho autista e sei muito bem o seu desespero, vou estar ao lado do seu pequeno agora mas por razões de saúde nós precisamos entrar com ele e avaliar mais intensamente, ok?
— Cuida do meu menino, por favor — pedi.
— Vou cuidar, agora a senhorita deve sentar ali e tomar uma água pra se acalmar.
Passou uma hora e nada, já tinha pedido informações pra cada ser humano daquele lugar. Agachei encostada em uma parede mais afastada da superlotação e comecei a chorar, já tinha rezado tanto e não aparecia nenhum sinal de Deus pra me ajudar.
— A senhorita está bem?
— Eu pareço bem? — respondi sem olhar — Faz horas que o meu filho está lá dentro e ninguém me explica o que está acontecendo.
— Quem é o seu filho?
— Arthur Vilela — respondi olhando pro medico parado na minha frente — Eu to aqui desde madrugada e ninguém me fala o que ele tem.
— Toma essa água, vou tentar encontrar alguma informação.
Demorou alguns instantes para o mesmo médico voltar e me explicar o que estava acontecendo, ele falou que o meu filho estava na fila de exames e que em menos em uma hora alguém viria falar comigo. Foi dito em feito, apareceu o primeiro médico a atender o Arthur na minha frente com uma cara nada boa. — Mãe do pequeno Arthur, não é?
— Sou — levantei.
— A senhorita pode se sentar novamente — apontou pra cadeira e sentou ao meu lado — Bom, eu vou ser direito — suspirou — O Arthur tem leucemia aguda, que é a mais comum em crianças.
— Como assim? — não consegui segurar as lágrimas — Como eu não vi isso?
— A maioria dos sinais e sintomas da leucemia linfoide aguda resulta da falta de células sanguíneas normais, que ocorrem quando as células de leucemia assumem o lugar das células normais na medula óssea. — começou a explicar — Muitas das vezes são sensações de cansaço, fraqueza, falta de ar e até mesmo febre.
— Por isso os vômitos? — perguntei.
— É mais difícil acontecer mas a leucemia aguda pode se disseminar para outros órgãos, como para a medula espinhal ou cérebro, e pode causar dores de cabeça, convulsões e vômitos.
— E tem cura? — passei a mão no rosto — Tem que ter cura, não é?
— Existem tratamentos como quimioterapia, outros tipos de tratamentos e transplantes de células troncos — falou — Com calma nós podemos avaliar toda a situação.
— Ele tem síndrome de asperger, isso dificulta tudo?
— Sim — suspirou — Deixa o tratamento do indivíduo mais vulnerável. Eu indico que a senhorita chame apoio pra estar ao seu lado nesse momento, que não vai ser fácil — tocou o meu ombro — Daqui a pouco uma enfermeira vai vir te buscar e levar até o quarto, ok?
— Obrigada Doutor — tampei o meu rosto liberando todas as lágrimas presas.
— Eu sinto muito — o médico mais jovem se aproximou.
— Eu tô sozinha nessa — falei baixinho.
— Não, você não está sozinha — me abraçou.
Eu não posso perder o meu bebêzinho, simplesmente não posso.
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Meu recomeço
RomanceSozinhos em um mundo enorme, era assim que ambos se sentiam. Ela, mãe solteira aos vinte anos, batalhando vinte e quatro horas por um futuro melhor. Ele, traído e desacreditado no amor, cuidando de outras vidas pra esquecer a turbulência da própria...