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Lara

O tratamento do meu pequeno estava indo bem, tirando os efeitos colaterais e todo os problemas de humor, ele estava tirando de letra. É claro que a aproximação e todo o carinho que o Tatu tem pelo Yan ajudava no processo, na verdade, facilitava tudo e me deixava mais calma por saber que tinha alguém que eu confiava ali com ele.

Pra compensar todos os gastos em remédios eu estava trabalhando igual uma condenada. Eu substituía qualquer funcionário que precisasse e pegava todos os turnos que aparecessem, tava quase morando naquela loja. Nos meus dias de folga, como hoje, eu gostava de ficar bem quietinha na minha casa e de preferência curtindo o meu filhote.

Mas até o Arthur deu fuga em mim, foi pra um aniversário com a vó Lena e nem deu bola pra mim. Tá crescendo rápido demais!

— Seguinte, a vó já saiu com o Tatu pro aniversário da filha da Erica. Partiu pra aquele pagodinho na praça central? — Luisa se jogou no sofá.

— Sei não, não to afim de ter que encarar o Felipe — resmunguei.

— É só não encarar uai — me empurrou — Sai dessa casa, aproveita a sua folga e vamos curtir garota.

— Não to podendo gastar, Luísa — olhei pra ela — Você sabe bem.

— Eu banco, caramba — me empurrou de novo — Vai logo se arrumar.

— Garota? — empurrei ela de volta — Você é um saco. Eu só vou porque você vai me bancar, não perco essa oportunidade.

— Você fala demais — bateu na minha bunda — Vai ficar bonita, com essa cara aí só vai assustar o povo.

— Ridícula — mandei o dedo do meio.

Até que seria bom sair pra me distrair, eu tava precisando de uma cervejinha bem gelada e um pagode pra animar a minha vida. Eu também queria fugir do idiota do Felipe, ele correu atrás de mim a semana toda pedindo milhares de desculpas e mesmo eu dizendo que tava tudo bem ele não deu folga. Homem emocionado era assim mesmo, se pagava de independente mas vive chorando pelos cantos.

Tomei um banho rapidinho, lavei o meu cabelo e dei aquela boa rebocada na cara. Vesti um body e um shorts mesmo, tava ótimo pra sair de casa. — Amada? Você vai de tênis mesmo? — Luisa entrou no meu quarto.

— Claro, ata que eu vou ficar desconfortável — respondi.

— Vou levar você pro esquadrão da moda, não arranca o tênis do pé — reclamou.

— Tá achando ruim? — olhei debochada — Vai continuar achando porque eu não to nem aí.

— Ridícula — revirou os olhos.

O uber deixou nós duas bem antes da praça, era impossível passar por ali naquele fervo de sábado à noite. Tinha vários barzinhos espalhados por ali, eu mesma queria sentar na primeira mesa que aparecesse e curtisse o som mesmo o palco ficando mais longe.

A Luisa tinha uma visão boa da porra, de longe enxergou o pessoal e pra melhorar deu um berro me fazendo passar vergonha. Assim que o Felipe me olhou só faltou jogar a Dandara que estava no colo dele no chão, enquanto eu estava quase gritando glória ali, menos um chiclete hoje.

— Chegamos — Luisa sorriu pro pessoal — E eu trouxe mais uma.

— Quem é viva sempre aparece — Dandara riu — Tava quase mandando a polícia atrás de você.

— É, vamos fingir que sim — Luisa revirou os olhos e eu dei risada, não tava nem aí pra treta.

— Estou aqui apenas pela cervejinha gelada que a Luisa vai pagar — ri.

— Só por isso? — Felipe perguntou.

— Só por isso mesmo, meu bem — dei de ombros sentando em uma cadeira.

Entrei no assunto da rodinha e logo pedi uma cerveja pra mim, nesse calor era tudo o que eu queria mesmo. Como o fogo no rabo da Luisa era grande, não demorou nem meia hora e ela já me puxou pro meio do povo dançar, eu que não sou idiota levantei no pique e acompanhei ela.

Tava tocando turma do pagode, eu e a Luli engatamos naqueles passinhos de tiazinha e não tinha quem segurasse nós duas. Bem na hora de rodar eu quase voei longe, alguém trombou em mim e só faltou me matar bem na parte mais legal da dancinha.

— Olha aí, piranha, eu falo que você é toda destrambelhada mas não me escuta!

— Ôooo viado chato — a menina virou pra mim — Você tá bem? Me desculpa, sério.

— Relaxa — ri do desespero dela.

— Pode bater nela, eu deixo — o tal "viado chato" falou pra mim, me fazendo soltar uma gargalhada.

— É assim que você me defende, Túlio? — a morena colocou as mãos na cintura.

— Vou ignorar ela — ele piscou pra mim — Prazer, eu sou o Túlio.

— Lara — sorri — E essa que estava aqui mas já fugiu atrás de macho é a minha amiga — dei risada olhando a Luisa dando em cima de um loiro.

— Eu sou a Nanda — apertou a minha mão — Desculpa atrapalhar a sua dancinha — riu.

— Você fez um favor pra sociedade, meu bem — Túlio falou — Você não sabe sambar não, mana?

— Sei — dei risada — Tem músicas que é mais legal assim.

— Eu te entendo — Nanda entrelaçou os nossos braços — Não liga pra essa bicha aí, é inveja.

— Uó — revirou os olhos — Cadê as outras vagabundas?

— Sei não — a morena respondeu — Vai lá procurar elas que eu vou ficar dançando aqui com a minha amiga Lara. Ah, e avisa o Guto que eu estou aqui.

— Folgada demais, eu mereço essa cachaceira — ele resmungou — Toma conta da minha amiga e não deixa ela te levar pro mal caminho,  ok?

— Pode deixar — dei risada.

Pra quem estava com saudades do nosso grupinho favorito ❤️

Meu recomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora