Capítulo 3

715 75 26
                                    

Nina Petrov

Eu dei dois passou para trás e meu pai segurou minha mão. Ele tomou uma postura brava e me levou para dentro de casa, fechou a porta. Eu estava morrendo de medo e vergonha. Só queria ir embora. Não queria arrumar problemas para meu pai e não precisava de uma briga depois da madrugada horrível que eu tive.

- Alice. Conversamos quando eu saí. E vamos conversar de novo depois. Nina precisa tomar um banho e vai dormir essa noite aqui. – Meu pai falou sério.

- Não vai mesmo. – Ela ficou em pé na minha frente me encarando.

- Pai eu vou pra casa. Por favor... Me deixe ir. – Falei tentando soltar a mão do meu pai.

- Não filha. Você tem direto de ficar. E agora não tem casa. Essa é a sua casa. – Meu pai fala tentando manter a calma.

- Como assim não tem casa? A mãe a expulsou? - Ela suspirou com raiva como se tivesse entendido tudo. - Não acredito que você vai trazer as duas para morar aqui. Eu não aceito isso Klaus.  – As palavras dela me machucavam muito.

- Alice. Depois falamos. Entendeu? – Meu pai falava.

- Devolve essa garota para a mãe dela agora Klaus, e ninguém vai vir morar aqui entendeu? Não quero saber a merda que elas fizeram. – Alice falava com raiva.

- Alice chega. – Meu pai gritou no mesmo tom.

- Minha mãe morreu. – Eu falei um pouco mais alto. Alice ficou me olhando sem entender. – Ela não vai vir morar aqui. E eu vou para a minha casa. - Falo rápido e nervosa. - Não precisa brigar...

-Como assim morreu Klaus? Do que ela está falando? - Alice pergunta assustada olhando para meu pai.

-Eu vi... Ela estava queimada, com alguns ossos para fora... Ela morreu... Estava muito machucada e eu não consegui tirar o teto de cima dela. Acho que estava com dor e dificuldade de respirar... Eu estava assim, então ela devia estar. - Falo segurando as lágrimas. - Eu não consegui fazer nada para ajudar.

O rosto de Alice se transforma e vira uma mistura de tristeza e pena. Dominic fica me olhando e eu sinto vontade de chorar, mas seguro, não quero chorar na frente deles. Fico parada exatamente como eu estava.

O silêncio constrangedor se sustenta no ambiente. Até que Dominic vem em minha direção, segura minha mão e me puxa para um abraço, eu nem lembrava direito como era a voz dele, nunca tinha imaginado que ele me daria um abraço. E pela primeira vez na noite eu senti a dor que estava em meu corpo antes dormente.

-Ain..- Me encolho e me afasto colocando a mão no meu no ombro.

Tiro o casaco do meu pai do corpo ficando apenas com a camisola do hospital. Percebo que estava com um curativo no ombro esquerdo, provavelmente queimei enquanto estava dentro da casa, braço estava com alguns hematomas e eu estava começando a sentir dor.

Dou uma olhada rápida no meu estado. Meu cabelo estava todo desarrumado e sujo, estava com algumas manchas de sujeira no corpo e me sentia realmente suja. Meu sapato estava sujo e com aparecia de velho.

-Pai eu preciso ir para casa pegar as minhas roupas. Preciso tomar um banho. - Falo olhando para meu pai. - Meu ombro está doendo.

-Filha... - Meu pai se abaixa na minha frente. - Aqui é a sua casa agora. Você perdeu tudo. Amanhã vou comprar roupas novas para você. - Ele falava acariciando meu rosto.

-Não precisa gastar dinheiro pai. É só pegar as minhas roupas. Está lá no armário. - Falo tentando explicar.

-Filha aqui é sua casa agora. Vamos tomar um banho e amanhã vamos pensar o que faremos. - Meu pai tentou pegar minha mão, mas eu não deixei.

-Eu queria as minhas roupas, minha cama, meu sabonete. Aqui não é minha casa e não me querem aqui. E eu também não me sinto bem aqui. É muito grande, tem muitos moveis e eu fico perdida e aqui não tem a minha mesa para fazer meu dever de casa. Como vou fazer? Quem vai me ajudar a fazer agora?  - Estava tão desesperada que nem sabia mais o que falar.

Quando percebi estava chorando sem conseguir controlar, chagava a faltar ar, mas eu não conseguia parar. Meu pai estava em pé na minha frente sem saber o que fazer. Alice apenas me olhava assustada. Quando percebi Dominic estava se aproximando de mim, ele me deu outro abraço, mas dessa vez com cuidado e mais leve.

No início fiquei sem saber o que fazer, mas ele me abraça com carinho como meu pai fez no hospital e como mágica eu comecei a ficar um pouco mais segura no ambiente. Ele me levou até o sofá, nos dois sentamos, eu ainda fiquei chorando por um tempo sentada, mas estava exausta, Dominic apenas segurou a minha mão e ficou me ouvindo chorar.

Depois de alguns minutos eu estava mais que exausta, meus olhos estavam fechando de sono, e quando percebi eu estava deitada no colo dele. Dominic ficava mexendo no meu cabelo e eu já estava chorando menos. Sem perceber acabei dormindo ali mesmo no sofá.

Algumas horas depois Dominic me acordou, abri os olhos lentamente, olhei pela janela e o sol estava forte. Ele estava ajoelhado na minha frente e eu estava deitada em uma almofada. Ele ficou mexendo no meu cabelo de forma carinhosa. Olhei para ele, Dominic me olhava com um sorriso idêntico ao do meu pai, era incrível como ele parecia uma miniatura do meu pai. Me levantei e percebi que estava com um cobertor em cima de mim.

- Estou suja. – Tirei o cobertor rápido.

- Não importa. – Ele se levantou e me enrolou no cobertor. – Minha mãe separou umas roupas minhas e produtos de higiene para você. São de homem, mas ela vai comprar roupa para você hoje.

- Não precisa. – Levanto enrolada ainda. – Vou para cas... - Me lembro da minha casa pegando fogo. -  Cadê meu... Nosso pai? – Falo sem graça.

Antes de falar qualquer coisa meu pai entra na sala com Alice. Parece que ela tinha chorado muito. Eu vim apenas para criar briga nessa família. Desde o início. Eu estava estragando tudo como sempre. E hoje isso estava se repetindo. Me sinto arrependida.

- Desculpe Alice. Estou indo embora. Não queria trazer problemas. Eu vou pra casa. – Falo sem olhar pra ela enquanto levanto rápido do sofá.

- Filha, sua casa é aqui. – Meu pai fala olhando.

- Não Pai, vou morar com alguma amiga da minha mãe. Está tudo bem. – Falo nervosa.

- Filha você me tem pai. Como vai morar com uma desconhecida? – Meu pai fala sentindo pena.

-Nina você vai morar aqui... Por enquanto. - Alice fala olhando para meu pai e volta para me olhar. - Seu pai vai trabalhar agora. Tome seu banho e vamos ao shopping comprar coisas para você.

Fico olhando para meu pai, ele tenta sorrir. Eu sinto que não tenho escolha. Alice me olhava séria. Era claro que ela não estava gostando da minha presença na casa e não estava feliz de ter me levar ao shopping para comprar roupas, mas só tinha ela para fazer isso. E eu não tinha para onde ir. Eu também não estava feliz de estar lá, mas era a minha única opção.

-Tudo bem... Vou tomar meu banho. - Falo e Alice faz um sinal para eu acompanha-la.





O começo Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora