Escuela Universitaria Real Madrid, 1 dia depois.
Apesar de tudo que estava acontecendo atualmente com Ella, ser líder de torcida era o que a deixava melhor com toda a negatividade e tristeza que estava ao seu redor, e isso nunca havia parecido um problema, até que a atual namorada de seu ex, e também atual rival, virasse uma das líderes do grupo, o que consequentemente começou a mexer com o ego de Ella.
Ela não entendia como alguém podia querer tudo o que outra pessoa tinha, e mesmo que alguma hora entendesse, por que essa pessoa era ela? Ela não tinha absolutamente nada, além de um belo par de chifres.
Ella estava exausta de tudo aquilo, de seu ex-namorado, de ter que competir com Santana o tempo todo, de ver que todos estavam parecendo felizes quando ela estava triste demais, e ainda assim precisar ser uma boa aluna, como seus pais sempre quiseram.
Seus pais... As vezes ela se perguntava se voltar para Colômbia não seria melhor, se voltar para casa não seria melhor... Porém, uma voz gritava dentro dela que se ela fizesse isso, por mais que sua família a amasse, eles iriam dizer que estavam todos certos, que ela nunca saberia se cuidar e que era fraca.
Além disso, tinha Barbara, que não podia retornar para a família até concluir a faculdade e por tanto teria que ficar na Espanha mesmo se Ella resolvesse que deveria retornar para Colômbia, Ella jamais deixaria sua amiga. Nunca.
Saber que não poderia voltar para casa e que sua família dúvidava de sua capacidade, isso só fazia com que se sentisse pior, porque ter um porto seguro com ela estava começando a ficar cada vez mais difícil. Vez ou outra ela se escondia dos problemas na sala de dança, que era um de seus "cantinhos de conforto", — Ella apelidava assim todos os seus lugares favoritos —, ela as vezes dançava por horas, durante tardes e dias inteiros, até suas pernas cansarem de pular, colocava todos os seus sentimentos para fora a cada vez em que se movia. Então, tudo o que Ella sentia naquele momento, foi começando a ganhar uma forma, um giro, um pulo e até mesmo caídas inesperadas, tudo aquilo era real, e Ella começou a chorar.
Quando ela olhou pela janela, viu que os alunos já haviam saído de seus quartos, então, logo teria que sair da sala, ela não gostava de ser observada por outras pessoas quando chorava, a não ser que fossem, Barbara ou Lamar, tirando eles, Ella não chorava nem na frente de seus pais.
Ella foi secando suas lágrimas com os dedos, e aos poucos foi parando de chorar, levantou do chão e foi até o banco que estava perto da porta, que na mesma hora foi aberta, fazendo com que ela mudasse seu humor, da água para o vinho.
— Te achei! — disse Lamar se aproximando.
— Eu estava desaparecida? não estava sabendo disso... — disse Ella para Lamar.
— Ei, você devia me agradecer, você parecia perdida em seus pensamentos misteriosos... — Lamar diz fazendo alguns gestos com as mãos.
— Hahaha, eu nunca me perco. Já você? Aposto que se perdeu só de vir até aqui no estúdio de dança me procurar. — Ella disse divertida, fazendo o mesmo rir e concordar, sentindo um enorme fracasso por realmente ter se perdido no campus.
— Olha, eu posso até ter me perdido um pouquinho, mas você está desviando do assunto... — Lamar podia ser um pouco lerdo, mas não era burro, sabia que tinha algo de errado.
— Eu estou? — Ella se faz de desentendida, rindo da situação.
— Ella! — Lamar estava começando a ficar irritado, odiava que Ella escondesse seus problemas dele.
— Tá bom... O que quer saber? — disse Ella se levantando indo pegar sua bolsa.
— Você estava pensando demais de novo, né? — Lamar falou em tom de preocupação, indo atrás de Ella, pegando a bolsa de suas mãos.
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O jogo de percepção
Romance"Imagine que você está em um jogo. Não em um jogo como aqueles que jogamos em um Playstation, ou em um daqueles que você se esconde para que alguém te encontre. Você está dentro de algum épico duelo de futebol, um entre milhares, que abre janelas pa...