O jogo de percepção

Capítulo X: Copa dos Príncipes

Estádio Santiago Bernabéu, final do torneio universitário.

Dentro do vestiário, o clima já era totalmente pesado.

Diego odiava aquele momento pré-jogo e todo o período que o time precisava ficar longe de familiares, amigos e redes sociais no tempo de concentração. Mas entendia que a necessidade de foco no jogo era maior que qualquer outra coisa, ele normalmente ficava uma pilha naqueles instantes de meditação e absorção das coisas que o técnico falava para cada um.

Benzema repassava o esquema tático, orientava cada jogador para que mantivesse a cabeça no lugar e o foco no que importava: o jogo.

Por mais que as duas Universidades tivessem se empenhado muito na ideia de alimentar o espírito esportivo dos alunos e diminuir o veneno da rivalidade entre os dois times, tornar mais saudável, Diego mal podia esperar pela hora em que poderia estar em campo e fazer os rivais sofrerem com vários gols.

Os olhos de Diego pararam em Bailey, sentado em um lugar do longo banco no lado oposto ao que ele tava.

— No que você está pensando? — perguntou.

Bailey levantou a cabeça, desviando os olhos do tornozelo que ainda estava inchado e dolorido.

— Em como eu me preparei por uma temporada inteira, dei tudo de mim em cada jogo desse time, treinei quatro vezes mais que qualquer outro jogador e não estou nem escalado para os 11 inicias da final que eu me esforcei tanto para chegar. — ele respondeu, levantando-se para sentar ao lado de Diego.

— Isso é uma droga, o time vai sofrer com a sua falta mas espero que a gente consiga vencer hoje.

Daniel se aproximou de Diego e Bailey, encostando-se em um dos armários que guardavam as coisas do time.

— Nós vamos vencer. Não temos outra opção. 

Diego e Bailey se entreolharam.

Duas temporadas atrás, antes de Jonah e Daniel entrarem, Diego e Bailey já faziam parte do time principal da EURM. Ambos fizeram uma excelente temporada, o time tinha muitos pontos e passou quase que o campeonato inteiro como líder da tabela.

No dia do jogo final, ambos estavam com a confiança no céu — aquilo não era uma coisa incomum da parte de Diego — e quando foram derrotados, doeu mais do que qualquer outra coisa que poderia ter acontecido em suas vidas.

— Espero que sim, Seavey. De coração e alma. — Bailey respondeu, após um tempo em silêncio.

Antes que a conversa se estendesse, Benzema chamou o time para o aquecimento.

Cada um dos 23 jogadores que formavam o time se levantaram e foram caminhando lentamente até o lado de fora, observando os detalhes do túnel que levava até o campo e já ouvindo o barulho da torcida, Diego queria falar com Ella antes do início daquele jogo. Ele realmente queria, mas sabia que se aparecesse na frente dela, ela lhe xingaria e bateria — com razão — durante longos minutos.

Era um passo importante para ele e Ella costumava lhe dar boa-sorte antes de todas as partidas importantes que jogava. Mas aqueles eram outros tempos, havia pisado na bola com Ella e nunca mais conseguiria recuperar o amor de sua (ex) garota.

Eles chegaram do lado de fora e Bailey caminhou até o lugar em que Barbara e o restante das líderes de torcida estavam, abraçando-a rapidamente e então parando em frente a ela, em meio a todas as outras meninas.

No total, as líderes de torcida estavam em 10, além de Barbara e Ella também faziam parte daquele grupo: Sabina, Anna, Amelia, Emilia, Santana, Normani, Heyoon e Hina.