07 - Tudo bem. Uma Crise no Destino

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A estagiária, secretária e braço de direito de Dominic, Vivi, havia ligado bem cedo para Alexei, assustada, questionando se ele sabia de onde o chefe se encontrava, pois, aparentemente, não havia dormido no estúdio. Alex, não indiferente a situação, afirmou que não havia visto Domi desde a sessão de fotografias no dia anterior, e que ajudaria no que precisasse – ainda que o ex tivesse feito sua vida um inferno, ainda tinha empatia o suficiente para se preocupar com o seu bem-estar.

− Ah – Vivi disse ao telefone – Acabaram de tocar o interfone. Acho que ele chegou – afirmou. Alexei revirou os olhos, arrependido de ter demonstrado preocupação com Dominic, que, provavelmente, havia se enfiado na casa de algum amante e passado a noite por lá mesmo, sem sequer avisar a moça que tanto trabalhava para lhe agradar. Estava prestes a desligar o telefone quando Vivi interveio – Ei! – ela disse rapidamente – Podemos tirar um tempo para conversar? – suplicou. Alexei suspirou profundamente, alisou a nuca e se questionou se seria ou não algo que ele estava pronto para encarar.

− Vivi, eu...

− Por favor! – ela suplicou – É importante! – a voz da garota pesava em desespero. Alexei suspirou profundamente, fechou os olhos e encarou a própria insegurança, como havia prometido para si mesmo que faria, e disse.

− Tudo bem.


Estava diante do espelho, penteando os novos cabelos coloridos e imaginando mil e um assuntos que Vivi queria tratar consigo durante o café, que haviam marcado para o finzinho da tarde, quando bateram na porta. Alexei ajeitou a camiseta azul-marinho meio amassada, deu uma última olhada no próprio reflexo e foi até a entrada do apartamento.

− Oi... – Sehu disse, com um olhar entristecido, com lágrimas quase transbordando dos cantos dos olhos. Alexei engoliu seco, admirado.

− Sehu... O que houve? – questionou curioso. Sehu, que até o momento tinha se mantido firme e forte, despencou como uma tempestade passageira, se jogando nos braços do amigo e chorando copiosamente como uma criança birrenta. Alex não soube o que fazer além de dar leves tapinhas nas costas do amigo – Vai ficar tudo bem... – ele repetia freneticamente, com uma voz dotada de compadecimento e curiosidade.

Sehu só se acalmou quando Alexei lhe presenteou com torradas com uma pasta de batata-doce, saciando seu vício por açúcar, sem comprometer sua saúde. Ainda aos soluços, comia pequenos pedacinhos de pão com altos montes de pasta. Alex lhe encarava com um olhar preocupado, aguardando explicações.

− Ela quer um tempo, cara – ele afirmou, finalmente. Alexei admirou-se. Leia e Sehu pareciam um casal para a eternidade – Ela disse que não sou maduro o suficiente... Só porque eu levei na brincadeira ter reprovado de novo no exame de habilitação! – tecnicamente ela não estava errada, mas, para Alexei, a imaturidade de Sehu era praticamente parte de sua personalidade, junta da dificuldade de raciocinar plenamente. Alex suspirou e encarou o amigo com um olhar fraternal.

− Sinto muito, Sehu – ele disse, tocando o braço do amigo para lhe passar confiança. Sehu continuava a soluçar, mas forçou um olhar impassível, ardiloso e magoado.

− Ah, quer saber – ele disse, tentando parecer mais confiante, sendo que a voz estava dotada de insegurança e arrependimento – Não ligo mais... Nem lembro dela... – afirmou. Alexei tinha suas dúvidas quanto a isso. Sehu e Leia eram como unha e carne, clara e ovo. – Seu cabelo, cara... – Sehu disse, finalmente percebendo o novo visual do vampiro, com um olhar curioso e as lágrimas nos cantos dos globos oculares – Ficou muito maneiro – e de repente despencou a chorar novamente, como uma cascada vívida de lágrimas salgando o doce da pasta de batata – Ela tem um cabelo tão lindo... – e lá vamos nós de novo, Alexei pensou, suspirando.

Tô Nem Aí (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora