15 - O Novo Vampiro do Pedaço

85 10 4
                                    


Vivi chegou a tempo de segurar Alexei pelo ombro e o impedir de voar no pescoço de Dominic com a força de todo seu ódio. Seus olhos ardiam em raiva e amargura diante do cinismo explícito do ex. Alex tinha sede de sangue... não literalmente, mas quase.

− VOCÊ VAI O QUE? – Alexei berrou, de olhos arregalados e com a voz estridente. Kol se acolheu para mais próximo do peito de Dominic e riu baixinho. Dominic tinha um sorriso sádico e provocador.

− Isso mesmo que você ouviu – ele respondeu, em tom irônico – Soube que o ramo dos doces está em alta... – afirmou, em um tom zombador. Alexei sentia toda sua raiva se condensar em adrenalina e tentar mover seu corpo para perto do ex e lhe partir em quinhentas partes diferentes de Dominic. Vivi apertava seu ombro e sibilava "calma, por favor" em seu ouvido.

− Você é pior do que eu imaginava, sinceramente – foi tudo que Alexei pôde dizer, depois de tanto querer extravasar seu ódio e sua raiva. Seu tom era mais amargurado que enraivecido. Percebeu que não seria produtivo perder a cabeça, novamente, fazer uma idiotice e depois ficar se machucando com as lembranças. Engoliu seco, pensou, suspirou, acalmou a mente e tentou não explodir. Dominic torceu o nariz, confuso com a exposição de sentimentos do ex – Sério... –Alexei riu em nervosismo – Meu deus... O quão baixo você pode ser... É impressionante – afirmou.

Agora foi Dominic quem se preencheu de uma raiva incólume, sentindo seu coração acelerar e o sangue correr nas veias.

− Do que você tá falando? Estou seguindo em frente... Se você não consegue fazer o mesmo problema seu! – exclamou. Alexei gargalhou... Gargalhou tão alto que sentiu que Ramona poderia ouvir lá de seu apartamento.

− Nem você acredita nisso – respondeu – Você comprou um imóvel, que eu já estava de olho, do lado da Veludo Vermelho, pra abrir uma confeitaria. Dominic, você só gosta de bolos quando estão no seu prato – disse, amargurado – Você odeia pâtisserie, você mal sabe fazer comida comum. Você sempre me disse que fazer doces te deixa irritado – e encarou o ex com um olhar de pena – Meu deus, cara, isso não é superar... Nem aqui e nem na China. Sério. Por que você é obcecado por mim? – deduziu e, no fim, estava certo e Dominic concordava, mas não teria coragem o bastante para assumir.

− Eu posso não gostar, mas o Kol adora – Dominic afirmou, apertando o rapaz mais junto a si. Alexei riu.

− O garoto que você conheceu há quanto tempo? Quatro dias atrás? Cinco? Até outro dia ele tava no grindr procurando uma fast-foda, não sei se você sabe – Alexei disse, com um olhar risonho – Fiquei surpreso que ele quis alguma coisa com você... Algo me diz que ele não gosta de gente, hum, "mais velha" – afirmou, encarando Kol com um olhar provocador. O rapaz engoliu seco e encarou Dominic, confuso.

− Do que ele ta falando? – sussurrou.

− Nada – Dominic respondeu, encarando Alexei com todo seu ódio, seu desamor, sua desesperança e sua vergonha por ter sido deixado – Você fala de mim, mas continua aí... Sozinho, preso naquela confeitaria, sem ter um cara junto de você. Não sei como conseguiu ficar tanto tempo sem ninguém. Você dependia de mim pra tudo – ele disse, tocando na maior das feridas abertas de Alexei. Dominic tinha razão. O ex havia sido algoz de sua desgraça, sua incapacidade e sua prisão pelo próprio amor por incontáveis anos. Anos estes, inclusive, que para Alex, não mais voltariam. Nunca mais. Agora ele conhecia a liberdade, conhecia o amor que libertava, conhecia a vida, conhecia a loucura, a paixão, o tesão, a felicidade, a amizade, o carinho... A eternidade para si e para mais ninguém.

Tô Nem Aí (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora