Capítulo XXVI

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Taki no Kuni (País da Cachoeira), dias atuais

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Taki no Kuni (País da Cachoeira), dias atuais.

A manhã achegou-se sorrateira e foi-se do mesmo modo sutil. Era mais um dia intranquilo em Taki— fazia mais ou menos uma semana desde a minha chegada —, ali, naquela montanha de má fama.

Intranquilo, sim, pois apesar da falsa calmaria que perpetuava a passagem ociosa de tempo nas entranhas rochosas do pico das Shibito-bana, o lento arrastar dos dias deixou-me exposto, de certa forma. O termo que melhor me definiria, na verdade, era desleixado e isso não era um eufemismo de minha parte.

Sakura e eu fomos tomar consciência de nosso tempo findado ali um pouco mais tarde quando eu estava sentado à varanda. Ela se aproximou e se acomodou ao meu lado. Uma brisa suave fazia ondular os caules compridos dos lírios-aranha e por trás das fendas rochosas um sol primaveril fulgurava ameno, ainda que estivéssemos a pelo menos duas semanas da transição de estação.

— Sasuke-kun?

— Hn — instiguei-a a me perguntar o que quer que fosse com um resmungo.

Podia sentir os seus olhos perscrutando o meu rosto; ela se remexeu, voltando-se completamente para mim.

— O que nós faremos? Digo, em relação à Higanbana e ao Lorde Feudal. Precisamos repassar todos os detalhes do plano.

Quando tombei meu rosto para fitá-la, encontrei a sua expressão crispada, o seu olhar tempestuoso, quase beligerante, enquanto a sua boca se apertava numa linha fina. Em resposta, abri um sorriso e estiquei meu braço direito na sua direção. Toquei a sua testa com meus dedos indicador e médio. Sakura suspirou. Acho que não era o tipo de reação que ela esperava de mim.

— Na hora certa, eu revelarei o plano que seguiremos — pontuei para amenizar a sua ansiedade.

— Só espero que não esteja planejando me deixar para trás — ela disse e cruzou os braços, notavelmente impaciente. — Você nem ao menos me diz por que está sempre tocando a minha testa assim...

A última parte foi apenas um resmungo, dito à meia voz enquanto tocava o local onde há apenas alguns segundos os meus dedos estiveram. Mas eu o ouvi e as suas palavras me levaram a desviar o foco do meu olhar de volta para os prados floridos. Sem que eu quisesse, aquele sentimento adensou-se no meu peito, uma mistura de amargura e saudade. Quando percebi o que estava fazendo, já revelava a ela um dos meus maiores segredos:

— Itachi costumava tocar a minha testa assim quando eu era menor.

No começo, tudo o que ouvi foi seu silêncio, então um arfar inesperado de quem acabara de assimilar o verdadeiro peso contido em minhas palavras.

— Sasuke-kun... — ouvi o choque e o remorso no seu tom por trazer à tona, ainda que não intencionalmente, o meu passado.

Contudo, interrompi-a antes que continuasse:

O PeregrinoOnde histórias criam vida. Descubra agora