Covarde

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Abri meus olhos e o Edredom estava sobre mim, antes de qualquer coisa as memórias da noite passada me acertaram em cheio, sem analisar o que estava acontecendo pulei da cama, corri mais rápido que pude até o quarto de mamãe - "Ela tinha que estar bem", pensei.

Girei a maçaneta da porta e entrei no seu quarto, tudo organizado como nunca visto antes, nenhum vestígio de sujeira ou bagunça. Dei meia volta e fui correndo até as escadas, desci pulando de dois em dois degraus, a minha respiração já estava alterada por conta do meu sedentarismo. Fui até o sofá pegar meu telefone mas não pude deixar de notar que a sala estava totalmente arrumada, nenhuma embalagem de chocolate pelo chão, sem pipocas pelo chão, nada! Uma faxina muito meticulosa havia passado por ali, mas quem a fez?

A cada pensamento mais perguntas surgiam. Procurei meu celular no sofá e na poltrona, não estava lá, o desespero começou a tomar de conta do meu coração, como iria ligar para mamãe? Como saberia que ela estava bem? Será que ela estava no trabalho? Onde ela se meteu? Alguém a levou dali?

Subi as escadas o mais rápido que pude e fui até meu quarto ver se meu celular está por lá, sobre o criado-mudo próxima à cama estava ele, o peguei e desbloqueei a tela ligando em seguida para mamãe, quanto mais chamava, mais meu coração apertava.

- Alô? Luanna? - A voz de mamãe me reconfortou.

- Mãe? - O desespero na minha voz era perceptível.

- Está tudo bem Willy?

- Sim mamãe! Você está no trabalho?

- Sim minha filha, você ainda não foi para o colégio garota? Cuidado para não se atrasar.

- Acabei me esquecendo, estou quase saindo de casa. - Como assim mamãe estava no trabalho? De onde ela tirou forças para chegar até lá? Por sua voz ela aparentava estar bem.

- Preciso desligar Willy, tchau. - Desligando a chamada.

COMO ASSIM? O QUE ACONTECEU ONTEM A NOITE? minha cabeça doía como nunca. Sentei sobre a cama olhando para a mesma janela que alguns dias atrás estava aberta, o vento infiltrou por duas pequenas brechas tomando de conta do local.

"Quem é André? Que monstro é aquele?"

Iria acabar enlouquecendo se eu não obtivesse respostas. Fui até meu banheiro, com pressa tomei banho e me arrumei, vesti um moletom amarelo, uma calça jeans e um tênis de cadarços, peguei minha mochila e como não tinha tempo para saber se os livros estavam organizados para o dia de aula, abri meu guarda roupa de madeira, puxei a última gaveta da primeira porta à direita e peguei todos os livros que estavam lá, enfiei na minha mochila e sai correndo até a parada de ônibus, ela estava tão pesada que me envergava para frente fazendo contra peso. Quando me aproximava da parada vi o ônibus, corri o mais rápido que pude erguendo minhas mãos no ar - fazendo sinal para o motorista parar e pela graça dos céus ele me viu. Entrei e avistei Karen no mesmo lugar de todos os dias, ela percebeu minha respiração ofegante de longe e pressionou as duas sobrancelhas com um sinal de "o que aconteceu com ela?"

Me sentei ao seu lado inspirando alto.

- O que aconteceu com você garota?.

- Nada - Respondi.

Não poderia falar nada para Karen, pelo menos não ainda, ela não saberia lidar, nem eu estava sabendo. Minha cabeça estava como o clipe da Katy Perry em Firework - Explodindo como fogos de artifícios. André tinha que me dar algum tipo de satisfação, não estou enlouquecendo, eu sei o que vi, nada aquilo era desse mundo. EU VOU PIRAR!!!. ELE BRILHOU, seus olhos brilhavam como cristais tocados pelo sol, e as veias negras pelo seu rosto ainda me atormetaram.

O recomeço de sua chegadaOnde histórias criam vida. Descubra agora