O recomeço de sua chegada

PUROS!

Primeiro eu preciso apenas pedir desculpas, pois tudo que fiz foi por amor...

O meu nome de nascimento é Akia Tahir – O primeiro a nascer puro – Nasci à muito tempo atrás, mais do que eu posso contar. com um propósito maior: Salvar a minha aldeia da miséria.

Meu pai era o chefe e consequentemente o mais respeitado da minha tribo, ele era nosso guia, o único permitido a falar com nossos deuses. Minha tribo se localizava na África, entre os lugares mais remotos do mundo.

Eram tempos de medo, a terra não nos dava mais tantos frutos, as doenças e pragas nos perseguiam em todos os lugares, muitos da nossa tribo morreram sem ao menos dizer adeus. O desespero tomou conta de cada alma ali.
Meu pai sendo encarregado da proteção de todos resolveu fazer um trato com dois de nossos deuses: Ele teria dois filhos, um menino e uma menina de pele clara que iriam ser sacrificados pelo bem da aldeia e nunca mais ninguém sofreriam novamente com doenças ou fome. Ele seria lembrado como o maior e mais sábio homem até então pelos seus descendentes.

Eu nasci sabendo do meu propósito, por um tempo eu me senti um herói e era destacado de todos, não pelo fato de ter nascido dessa forma (para o próprio sacrifício), mas ninguém ali além de mim e minha irmã tinham pele branca, todos tinham a cor de pele como a noite mais escura. O povoado demorou para nos aceitar, mas como iríamos trazer a salvação de volta, por todo o lugar da aldeia que passávamos éramos bem vistos e todo mundo nos amava.

-No 18º ano de nascimento de vocês, a fogueira mãe irá levá-los para nossos deuses Ìbejì (Ibeji): Os deuses irmãos da vitalidade E Okô (Oko): deus da agricultura e colheita. –Era o que meu pai sempre falava. Era o que todos sempre nos falavam.

Apesar de me sentir um herói, eu tinha medo e ele corroía cada pedaço do coração, mas minha irmã nunca obteve esse sentimento, ela sempre foi melhor, mais forte e mais sagaz do que eu, era nela que eu me espelhava, nascemos da mesma barriga e ela alguns segundos primeiro de eu, gêmeos! Nangila Tahir – Nascida em uma jornada pura, era seu nome.

Quando se passou o meu 15º ano de nascimento, conheci a pessoa mais bela, gentil e doce da face da terra, no começo éramos apenas amigos, pessoas próximas, brincávamos sempre na terra. Ela sempre me olhou de uma maneira diferente, como se eu fosse algo a mais que um humano. Hoje eu não posso mais falar seu nome, porque fui proibido, mas nessa época eu realmente conheci a felicidade e ela se encontrava em seus olhos negros como a noite, sua pele escura e tão macia quanto o pêssego apanhado em sua maior beleza, seu corpo tinha as curvas mais bem desenhadas que qualquer homem poderia desejar, cabelos longos que arrastavam pelo chão sujo. Depois de um tempo eu realmente soube o que era amar, e com o passar do tempo começamos a enxergar o nosso amor de uma forma mais adulta.

Foi com ela que eu soube o que era sentir os lábios de alguém tocar sobre os meus.

Uma coisa todos da minha aldeia e inclusive eu sabia, os prometidos não poderiam se relacionar com ninguém, ou se despir em público, eu e minha irmã éramos obrigados a usar proteção sobre nossos corpos, feito de palha seca, o resto da tribo não usavam nada além de tintas tiradas da natureza, isso era outra coisa que nos destacava dos demais, e algo ainda mais perigoso: De maneira alguma, jamais poderíamos ter alguma relação sexual, tínhamos de ser entregues puros para nossos deuses, só assim o trato seria concluído.

Sempre que podíamos eu e ela saímos escondidos pela floresta, para ouvir o canto dos pássaros, observar o pôr do sol, a lua. Eu realmente a amava e estava disposto a enfrentar minha aldeia por esse amor, mas ela não, ela tinha mais medo que eu, a culpa lhe atormentava.

- Fuja comigo? – Era o que sempre pedia em segredo próximo ao seus ouvidos.

- Não podemos, meus pais... O seu pai iria nos caçar e nos matar, você sabe que foi prometido, não sei até quando podemos continuar assim. –Ela sempre chorava em meus braços. –Eu te amo.