01. I'm a girl from Ohio

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Não Revisado

219 dias, pouco mais de sete meses, se passaram desde que Andrea tomou uma decisão que se arrependeria pelas próximas gerações, não fora muito inteligente de sua parte abandonar Miranda Priestly em meio a Paris Fashion Week, mas suas emoções tomaram conta no calor do momento e ela estava realmente conturbada. Com parte de suas economias conseguiu voltar para Nova Iorque por conta própria, assim que o avião pousou fora direto para o setor de RH da Runway, onde passou horas negociando um acordo com Cheryl, mesmo se demitindo teria direito a três meses de salário da reiscisão e se Miranda concordasse uma carta de recomendação. Ao chegar no apartamento que antigamente dividia com Nate encontrou o local praticamente vazio, o rapaz tinha levado suas coisas e até mesmo algumas coisas de Andy, deixando apenas a cama, um microondas, seu notebook de trabalho e pilhas de livros velhos, teria muito trabalho para reerguer-se sozinha ainda mais sem a carta de recomendação que nunca chegara. Economizando dinheiro e usando o suficiente para aluguel e alimentação conseguiu criar um fundo de emergência para dois meses apertados. Quando o último mês da reiscisão se iniciou Andy se encontrava desesperada e por um anúncio do jornal conseguira um emprego temporário como garçonete, para cobrir uma funcionária. Em geral foi uma boa experiência pois os donos do restaurante eram generosos e realmente gostaram dela, pode ficar com grandes gorjetas e até mesmo levar jantares gratuitos para casa algumas noites. Em seu último dia de trabalho, que durou 6 semanas, ganhou uma pequena festa de despedida que terminou com a desmaiada na emergência do hospital, havia passado mal a festa inteira com cólicas e fortes enjôos. Seu mundo caiu com o diagnóstico do médico: Gravidez. Nem ao menos tinha percebido, esteve ocupada demais tentando sobreviver para notar que os enjôos, a falta de período e ganho de peso não eram estresse. E assim suas economias que durariam alguns meses se esvaíram rapidamente em consultas no obstetra e itens básicos de maternidade como fraldas, lenços e algumas roupinhas.
Assim que soube ligou para Nate e o cozinheiro imediatamente sugeriu adoção como principal alternativa já que o aborto estava fora de questão com 26 semanas de gravidez, após uma calorosa discussão que rendeu gritos e lágrimas ambos chegaram a conclusão de que ele nunca faria parte da vida do bebê, no mesmo dia ela redigiu um acordo e mandou por fax, dois dias depois recebeu por correio o documento assinado e 1.300 dólares com um bilhete escrito "Ainda há lugares que podem fazer, você sabe...", se sentindo enojada jogou o envelope no fundo de uma caixa de roupas. Sem saber o que fazer com sua vida Andy passou dias na cama tentando decidir o que faria, talvez pudesse voltar para Ohio e morar com seus pais, mas eles a aceitariam grávida e solteira? Sempre fora a filhinha perfeita e nenhum dos dois queria falar com ela após a separação, o casal de conhecia desde a infância, moraram na mesma rua, frequentaram as mesmas escolas e faculdade, aos olhos dos Sachs Nate era perfeito e se ela aparecesse dessa forma achariam que dormiu com vários para ficar nessa situação complicada, esta opção estava fora de questão.
Navegando pela internet acabou encontrando outra forma para se sustentar temporariamente, passou a ser freelancer podendo trabalhar sem sair de casa, mas o dinheiro não fora suficiente para manter o apartamento e teve que se mudar para um flat minúsculo com uma cama dobrável e um banheiro que qualquer um pensaria duas vezes antes de usar. Os últimos momentos de sua gravidez foram passados em frente a janela do conjunto habitacional observando crianças brincarem de dia e bêbados de divertirem a noite enquanto escrevia. Lily e Doug ignoraram suas ligações e e-mails, ainda muito chateados com o fim de seu relacionamento e ressentidos pela época que trabalhou como assistente de Miranda, no final das contas Andy assumiu que estavam sendo infantis e desistiu. Seu único contato exterior fora conversar por telefone com Emily de vez em quando e quase sempre com Nigel, tomando cuidado para ocultar sua atual situação financeira e dando pequenas atualizações sobre a gravidez, o homem sempre querendo a acompanhar no médico, ele com certeza sairia aos socos com Dr. Marshall, um médico de quinta que aceita cheques como forma de pagamento de seu trabalho meia boca, mas era o que podia pagar. Agora aos quase nove meses e prestes a dar a luz Andrea Sachs se encontra completamente sozinha, longe dos pais, sem amigos próximos e morando num flat, seu filho chegará numa péssima hora mas com certeza não é indesejado, sempre imaginou-se tendo e crê que dará um jeito para cria-lo, assim que der a luz voltará a trabalhar como freelancer, economizará mais dinheiro para poder pagar uma babá ou creche, quando o pequeno completar certa idade voltará a procurar um emprego formal para poder dar uma base estável ao bebê e sair do buraco em que se enfiou.

- Já experimentou esses cup noodles? - indagou Andy ao telefone passando pela sessão de macarrão, Nigel riu com escárnio do outro lado da minha respondendo sua pergunta - Ok, esqueci com quem estava falando, mas realmente não consigo cozinhar algo decente com essa barriga, muito menos naquele fogão alto demais que o síndico deixou.

- Eu posso ir te ajudar, seis! É só me chamar...

- Não quero te incomodar, você já é muito sobrecarregado com o trabalho. - Andy soltou um suspiro audível ao lembrar dos meses que trabalharam juntos, sente falta de sua antiga rotina e, principalmente, de Miranda.

Por mais que negasse para si havia se apaixonado pela dama de gelo, a deixar foi uma das decisões mais precipitadas e difíceis que já tomou na vida, mas como poderia continuar a encarar enquanto seus sentimentos gritam? Sair da Runway era algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Até pensou em ir atrás de Miranda e implorar por seu emprego de volta ou apenas contar seus sentimentos mais profundos, esses planos foram mudados com a descoberta da existência do bebê, se aparecesse dessa forma em frente a ela receberia um olhar de nojo e seria ridicularizada, provavelmente ouvindo algum comentário sobre seu corpo e como se permitiu acabar assim.

- Acho que vou levar. - a morena ignorou mais um comentário de Nível sobre ela estar lhe evitando e pegou alguns potes sabor carne, galinha e bolonhesa, seria melhor que comer biscoitos - E como Emily está?

- Como sempre, agora mesmo está se entupindo de queijo. - Andy sorriu e pensou que tarefa a ruiva havia recebido dessa vez para estar assim - E o pequeno pacote de alegria?

- Está bem agitado, desde ontem não para de mexer e hoje me causou muita dor nas costas. - a esse ponto já se encontrava passando as compras no caixa e por pouco o dinheiro não fora suficiente - Estou quase apostando que é um menino, chuta minha bexiga como um jogador de futebol.

- Ainda acho que é uma menina, vou adorar vestir minha afilhada, já a imagino usando vestidos de babados e laços.

- Eu sei que sim, também sei que independente do sexo será uma criança muito mimada por você. - Andy juntou suas compras e saiu da mercearia a passos largos, uma chuva se aproxima.

- Se for um menino quero que seu segundo nome seja Nigel e se for menina Nigele.

A morena começou a gargalhar com o nome inventado pelo amigo e poderia dizer que ao ponto de fazer xixi nas calças, pois sentiu algo líquido descer pelas pernas, no mesmo instante travou. Poderia ser? Respirando fundo e tentando manter a postura Andy volta a caminhar a passos largos.

- Nigel... Acho que minha bolsa estourou.

- O QUE? Onde você está? Estou indo te buscar agora.

- Calma, você está mais nervoso que eu. - ela riu sem humor, seu estado é deplorável - Estou indo para o plesbeteriano, é o mais perto.

- Vai caminhando? Você está grávida.

- Eu sou uma garota de Ohio, sei me virar. - e assim desligou o telefone seguindo caminho o mais rápido possível.

Loving and Protecting - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora