02. The Dragon

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Não revisado

  Runway fora infame desde seu nascimento e ascensão, claro que ela sabia disso e foi o que justamente lhe atraiu para lutar pelo lugar de editora chefe, anos de dedicação corpo e alma para transformar o maravilhoso em perfeição, então todos os nomes ditos as suas costas nunca importaram desde que se abstivessem mantendo o respeito em sua frente. Fora chamada muitas vezes de monstro, sem coração, até mesmo disseram que deveria voltar para o lago Ness pelas costas, mas o mais conhecido e usado por seus subordinados é O Dragão, a imponência que faz qualquer um temer, o nome que os estagiários aprenderam a ter medo desde o primeiro dia. O Dragão anda de saltos e casaco de pele, caminhando pelos largos corredores observando a todos sob óculos escuros e julgando com um bico nos lábios perfeitamente pintados de vermelho, aquela naturalmente indomável. Em qualquer outro dia Miranda ignoraria os olhares e sussurros como sempre fez em seus mais de dez anos de empresa, mas o dia começou de forma estranha, quando acordou sentiu que seria diferente, superstição nunca esteve em seu vocabulário mas a estranha sensação tomou conta do peito, algo a angustiou ao entrar pelas portas e perceber olhares irreconhecíveis de diversos funcionários, talvez fosse sua impressão ou estavam a esconder algo de si. Ao chegar no hall de sua sala se deparou com Nigel e Emily andando de um lado para o outro como duas baratas tontas, falando coisas incompreensíveis entre o caos, pensou que talvez tivessem perdido algum prazo, mas ela tem certeza que revisou tudo na noite anterior e a única coisa que teria de importante seria um desfile grande na próxima semana, este também organizado.     
                                                
- O que está acontecendo? – ambos pararam de caminhar ao ouvir a voz aveludada adentrando o local e ficaram pálidos de repente, como se tivessem visto o diabo em pessoa.

- Miranda! Não imaginávamos que chegaria tão cedo. – a ruiva suspirou, colocando o telefone de volta na própria mesa.

-  A reunião na escola das meninas terminou mais rápido que esperado... Agora, me expliquem.

- Bem, há rumores que Versace vai lançar uma coleção surpresa, estamos tentando organizar as coisas caso seja verdade. – Emily falou rapidamente e esperou a confirmação do homem ao seu lado, que nem prestou atenção nas palavras da mesma enquanto volta a procurar o hospital na lista de contatos, preocupado demais com sua amiga, querendo confirmar a chegada dela, e em como chegar lá o mais rápido possível para lhe dar apoio – Nigel?!

- Agora não, preciso achar esse número logo. Esqueci de pedir a Seis e agora ela está lá sozinha.

- Seis? Andrea está no hospital? O que aconteceu? – todas as barreiras da intocável Miranda Priestly caíram de repente ao ouvir o nome da garota que revirou sua vida totalmente meses atrás, a mesma garota que ela tentou de forma inútil apagar de sua mente enquanto tentava superar o fato de que a traição dela foi mais dolorosa que qualquer traição marital anterior, foi como uma facada no coração vê-la saindo de sua vida como água escorrendo dentre os dedos, tão fácil e rápido.

- Ela... teve uma emergência. – como assistente há anos, Emily sabia como dar a volta por cima e mentir na cara dura, mas ela se sente ansiosa igualmente, assim como Nigel ela se preocupa com o estado da amiga e quer conhecer o pequeno pacote de alegria prestes a chegar. Ela evitou tocar no nome de Andy todos esses meses pois nunca teve uma reação positiva da editora, então tentou passar pelo assunto sem mais detalhes.

- De que tipo? Acidente de carro? – ela começou a se desesperar, Nova Iorque tem um dos trânsitos mais perigosos do mundo e o medo dela ter sido atropelada ou estar dentro de algum taxi tomou conta.

- Ela entrou em trabalho de parto. – Nigel falou sem pensar e suspirou aliviado ao finalmente encontrar o que precisava.

- O que? – a mulher entrou em estado de alerta e se aproximou perigosamente dele, o puxando pelo colarinho da camiseta social, fazendo-o finalmente prestar atenção em sua presença – Em que hospital ela está? Me diga agora.

- Plesbeteriano. Acho que quase meia hora atrás.

- Emily, limpe minha agenda e diga para Roy nos esperar no térreo. Pegue algumas lembrancinhas e nos encontre no hospital. – ela largou a blusa do homem e caminhou em direção ao elevador, parando na frente do mesmo, em sinal de que espera sua companhia – E você vai me explicar essa história detalhe por detalhe.

Andrea sempre teve o sonho de ser mãe guardado na gaveta e imaginou sua vida com um bebê, mas nunca se imaginou neste estado em especifico, sozinha em uma sala de hospital sentindo dores terríveis demais para suportar e sem ninguém para lhe apoiar no que seria um dos momentos mais marcantes de sua vida, Ela achava que todos os relatos de parto eram superestimados até estar na mesma situação e perceber que trazer uma criança ao mundo seria mais difícil do que imaginado, mais de meia hora atrás deu entrada no hospital com alguns centímetros de dilatação mas não o suficiente para começar o trabalho de parto, o que a preocupou fisicamente e financeiramente, pois ouviu vários casos de bebês que não resistiram pelo cordão umbilical enrolados no pescoço ou que ficaram sem oxigênio, o que se tornou uma paranoia após ter feito um pré-natal duvidoso mas o único que pode cobrir, sem falar que os valores da diária e cuidados pós parto seriam exorbitantes por cada hora passada sob cuidados médicos. A grande saliência em sua barriga mal cabe nas roupas hospitalares e não quer imaginar o quão desajeitada está, especialmente pelos últimos meses que foram infernais e mal teve tempo ou vontade para cuidar da aparência, mas cada quilo engordado, hora mal dormida e sacrifício valeria a pena quando o pequeno bebê que tanto aguarda a chegada estivesse em seus braços. Ela ou ele continuava agitado, tentando avisar que estava mais que pronto mesmo que seu corpo ainda não.

- Acho que já podemos leva-la para a sala de parto. – disse a enfermeira terminando a verificação da dilatação, depois de fazer vários exames, Andrea se frustrou por ninguém lhe dizer nada sobre o bebê ou o parto até agora – Algum acompanhante?

- Não, mas meu amigo deve vir em breve, eu acho. – ela sorriu falsamente tentando não demonstrar tristeza e suspirou se ajeitando entre os travesseiros antes de levantar-se, sendo conduzida por uma cadeira de rodas até a sala que parecia completamente assustadora com tantas pessoas e equipamentos para qualquer emergência.

  Com a ajuda da mesma enfermeira ela deitou-se na mesa e se ajeitou na posição orientada, seu filho pareceu perceber que era a hora, pois a seguir uma forte contração lhe abateu, a fazendo gemer de dor, outra seguida mais forte ainda depois. A hora finalmente chegou e ela se assustou como o inferno ao perceber o quão real esse momento estava se tornando, em poucas horas ou talvez minutos ele ou ela estaria aqui e poderia ouvir seu choro, tocar seu pequeno corpo e beijar a testinha. O motivo de suas lutas finalmente viria ao mundo e ela não estaria mais sozinha, pois um teria um ao outro.

- Senhora! Não pode entrar assim... – a voz de uma das enfermeiras foi ouvida atrás de si, um pequeno tumulto qual ela não teve forças para se virar e ver, a dor sendo maior que a própria curiosidade.

- Essa área é permitida apenas para funcionários e acompanhantes, por favor, se retire. – disse o médico firme, pronto para expulsar a pessoa.

- Esta é minha noiva e este é meu filho, creio que seja meu direito estar aqui. – Andy congelou totalmente ao ouvir a voz da ex chefe, mesmo após meses ainda tinha o mesmo efeito, o mesmo tom , o mesmo toque que faria qualquer um cair de joelhos facilmente, o que não fez ser surpresa o médico e toda equipe calar-se imediatamente. Miranda Priestly estava ali, mentindo sobre algo que ela daria tudo para ser verdade mas sempre foi covarde demais para reclamar como seu, agora com as mãos finas e elegantes agarradas a sua própria mão desesperada por um aperto de apoio e também escorada na mesa centímetros do rosto de Andrea, perto demais – Uma pequena mentira, se você não se importar. – sussurrou a editora para que apenas ela escutasse e piscou o olho direito, recebendo um sorriso emocionado da morena.

Os dragões são criaturas míticas, merecedoras dos símbolos de força e imponência, deuses da destruição voando ao céu como se não se importassem com nada, o que muitas representações nunca ditaram é que dragões podem ser protetores e superar limites, o que Miranda Priestly faz jus pois ela sempre se superou comandando Runaway, sempre foi a pessoa mais protetora com Cassidy e Caroline, daria sua vida pela felicidade e segurança delas, e nunca admitiria isso em voz alta mas faria o mesmo por Andrea e agora por este bebê.

Olá, queria ter escrito algo melhor e bem maior, mas a semana foi um caos, talvez eu edite em breve e prometo que os próximos estarão bem melhores, ainda estou tentando voltar ao ritmo. Espero que gostem, beijos ;)

Loving and Protecting - MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora