Por acaso do destino

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      Assim que me sentei vi os veteranos adentrarem o pátio subindo no palco que havia ali. Todos usavam coletes nas cores pretas com o nome do projeto de trotes e seus respectivos nomes. Antes de passarmos na Universidade todos recebíamos uma pequena cartilha explicando sobre o projeto "Sotus". Esse projeto reunia vários Veteranos que nos ensinariam sobre valores, respeito e união, de início eu achei bobeira mas a ideia toda inspirava a algo que eu gostaria de participar. Quem não aguentasse o tranco poderia sair mas não receberia o símbolo de sua faculdade como "presente" igual ao que todos eles usavam no pescoço.

     Era uma espécie de cordão com um pingente pendurado nele para que nos lembrassemos sempre do que vamos aprender. Alexander poderia escolher entre uma pequena paleta de Cores ou algo relacionado a música dependendo de sua vocação ao longo do semestre, Liam ganharia um emblema com algo parecido com um livro aberto simbolizando sua paixão por letras, Lillian uma pequena camêra fotográfica e eu um chocalho que poderíamos facilmente associar a crianças. Eu estava meio perdido no meio daquele tanto de gente e me sentindo deslocado vendo meus amigos conversarem com seus colegas de curso. Um garoto me encarou e sorriu e eu fiz o mesmo. Ele estava na arquibancada ao lado e não era do mesmo curso que eu. Uma sensação de que já havia o visto em algum lugar me dominou naquele momento, mas mesmo tentando puxar da memória eu não conseguia me lembrar de onde o conhecia.

— Eu amei sua camiseta. — Ele sorriu. — O sonho de todo Lufano é ter um amigo Sonserina, você tá demais!

— Obrigado. — Sorri sem graça.

— Tô meio perdido por aqui e confesso que esses veteranos me dão medo. -Ele riu. — Em você também?

— Por mais que eu conheça alguns deles, as vezes dão sim. — O encarei. — Mas acho que é por conta desse projeto, eles fazem até cara de mal quando estão vestidos nesses coletes mas tenho certeza que são pessoas boas. Uns mais que os outros. — Sorri de lado vendo o garoto dos cabelos cacheados conversar com seus amigos.
  
   Me lembrei de Jasper e dos meninos quando éramos mais novos. Eles eram gente boa, não eram aquelas carrancas que traziam no rosto ali em cima.

— Sou Cody. — Ele me estendeu a mão e eu sorri.

— Evan. — Sorri simples.

— Prazer. — Ele sorriu de novo.

— O prazer é todo meu. – Devolvi seu sorriso.

– Os dois! — O único carinha que eu nunca havia visto pela escola antiga foi quem gritou apontando para mim e Cody. — Se levantem dizendo o nome, curso e número de matrícula agora! — Ele disse ainda gritando.

— Precisa realmente desse tom de voz?— Resmunguei.

— Disse algo, Calouro? — Ele me encarou.

— Sou Evan Lewis, sou do curso de pediatra e meu número é o 0047! — Disse em alto e bom som.

— Você não me respondeu, você havia dito algo?! — Ele gritou mais alto.

— O meu nome, meu curso e meu número de matrícula. — Dei de ombros.

— Está brincando comigo? — Ele berrou.

— Eu queria saber se é necessário um Alto-falante? — O encarei.

— Você sabe com quem está falando? — Ele gritou denovo.

— Ei Lee, fica calmo, cara. — Jasper deu uns tapinhas no ombro de Lee e me encarou arqueando a sobrancelha. — Eles não sabem que vamos pegar pesado daqui pra frente mas também você não precisa ficar berrando em nossos ouvidos. — Ele negou com a cabeça.

— 0047, Por favor não falte com respeito aos seus superiores, Ok? — O garoto baixinho de cabelos na cor de chocolate foi quem disse e eu sorri por revê-lo ali. — Você! —Apontou pra Cody. — Nome, curso e número!

— Cody Hayes, sou do curso de Farmácia e meu número é 0109!

— Jasper, Por favor. Nosso horário já deu! — O moreno disse dando um passo pra trás e o tatuado que tinha o coração do meu amigo nas mãos deu um passo a frente.