E ali estava ele, o dono dos meus melhores sorrisos. Ele se aproximou do bebedouro e começou a encher sua garrafa de água com um sorriso idiota passeando por seus lábios. Foquei em seu rosto e meu coração se aqueceu ao ver que ele não havia mudado absolutamente nada. Continuava com os mesmos olhos escuros com aquele brilho todo especial que me lembrava a noite, com seus piercings no nariz e nas orelhas, as tatuagens no rosto que mostravam o quão rebelde ele foi em sua adolescência e como ainda era e seus cabelos ondulados com a franja que eram sua marca registrada sempre caindo sobre os olhos e dando a leve impressão de nunca estarem arrumados. Ele ainda era o mesmo garoto por quem eu havia me apaixonado mesmo antes dele ter se tornado o que é hoje, antes de ter começado a chamar a atenção das garotas pra si e antes mesmo de ter se tornado um dos melhores jogadores de basquete da nossa antiga escola. Eu fui a primeira pessoa a olhar pra ele de modo carinhoso e lhe mandar correios elegantes e chocolates no dia dos namorados com caligrafias diferentes pra que ele não se sentisse excluído vendo os amigos receberem tantos presentes enquanto chupava o dedo. Jasper Chuang é o nome dele, meu pequeno Jasper que já não é tão pequeno assim agora. O garotinho ao qual eu dei todo o meu amor durante longos anos e que ainda me tinha por completo. Congelei e corei até o último fio de cabelo ao ver que ele me encarava com a sobrancelha arqueada. Eu devia estar o olhando a muito tempo.
- Pelo visto não me ouviu então vou repetir. O que está esperando pra ir procurar seu quarto?
Ele tomou um gole de água de sua garrafa e meu olhar se direcionou até seu pomo de adão que subia e descia de forma sexy. Quem ele pensa que é? Ele estava falando comigo? Olhei em volta e só havíamos nós dois por ali.
- Está falando comigo?- Franzi o cenho.
- Não, eu sou o tipo de tapado que gosta de falar sozinho. - Ele riu antes de se ajeitar saindo do bebedouro e caminhando em minha direção.
Quando ele fez isso senti meu corpo inteiro estremecer ao ver que ele estava ainda maior do que a dois anos atrás o que me fez sentir como se eu tivesse encolhido uns dez centímetros e aquela sensação estranha de finalmente ter sua atenção voltada pra mim fazia meu coração dançar Twerk no meu peito.
- Acho que está difícil pra você notar que eu estou falando com você, Baby, - Ele disse com aquela sua voz grave e eu senti a morte vir.
Aquela desgraça linda havia acabado de me chamar de baby?
- Você parece fazer o tipo filhinho mimado que tem tudo o que quer, mas quero te avisar uma coisa, agora você está em uma universidade e por aqui vai ter que aprender a se virar sozinho, ok?- Ele deu um peteleco em minha testa.
Levei a minha mão até a testa e a esfreguei pela dor que estava sentindo. Era sério mesmo? Ele estava me dando lição de moral? Quem esse garoto lindo e gostoso pensa que é? Eu? Mimado? Mas que audácia! Ele riu da minha indignação quando uni a sobrancelhas bufando e voltou ao bebedouro dessa vez jogando água no rosto.
- E o que você tem a ver com a minha vida ou com as minhas dependências? - Disse ainda bravo me abaixando pra pegar minha caixa com minhas coisas dentro e me levantei o encarando com a minha melhor cara de merda.
Ele se virou tão rápido na minha direção que eu quase derrubei a caixa que eu carregava. Agora ele parecia indignado, bravo e ao mesmo tempo surpreso. Só ele podia dar uma de bonzão? Eu também sei jogar!
- O que você disse?
- Perguntei: O que você tem a ver com isso? - Sorri pro mesmo.
Por que ele está bravo? Eu é que deveria estar irritado aqui!
- Baixinho, estou te dando uma dica, por que não a escuta e a segue ao invés de bater boca comigo? Sou um veterano, sabia? De que curso você é? Vou agora falar com um dos seus supervisores!
Eu havia lido o edital daquela universidade que tinha toda uma frescura de respeito excessivo entre veteranos e calouros, mas ele havia pisado no meu calo! Ainda por cima tinha acabado de me chamar de Baixinho? Eu não sabia se ele estava disposto a cumprir sua ameaça mas não iria abaixar a cabeça pra ele.
- Você acabou de me chamar de baixinho?
- E não é? - Ele riu debochado.
- Eu tenho o tamanho ideal pra minha idade, ok?
- E daí? Ainda parece baixinho pra mim. - Respondeu dando de ombros.
- O que eu posso fazer se você é do tamanho de uma vara de catar manga?! - Bufei irritado e ele riu alto. - Eu vou acabar me irritando com você!
- E vai fazer o que, gracinha? - Ele riu. - Morder minha canela?
- Por que está rindo? Acha que se eu te der um soco na cara ainda não vai doer?
- O que você disse?
Ele se aproximou novamente deixando sua garrafa no bebedouro e dessa vez só parou quando já estávamos somente a alguns centímetros de distância. Eu podia sentir o cheiro de uma mistura agradável de sua loção pós barba e um perfume bem forte que ele estava usando. Quase derreti por inteiro quando Jasper aproximou seu rosto do meu e sussurrou baixinho.
- Então vá, soque a minha cara se tiver coragem!
Mas é o que? Ele está se ouvindo? Eu? Socar a cara dele? Mas nem fodendo. Bufei antes de negar com a cabeça revirando os olhos.
- Ficou louco? Eu não vou socar sua cara, seu grande bobão!
Ele ainda me olhava com aquelas olhos negros cheios de raiva e notei que essa era a minha deixa.
- Agora se me dá licença!
Arrumei as caixas nos braços e ajeitei a postura para poder carrega-las e sai andando com dificuldade em direção a entrada dos dormitórios e escutei sua risada soprada logo atrás de mim.
- Não precisa me provar nada! - Ele gritou com um ar de riso.
- Não pretendo! - Gritei de volta me segurando pra não mostrar um dedo do meio pra ele.
Antes dele sumir do meu campo de visão pude ouvi-lo sussurrar.
- O que eu tenho na cabeça? E se ele realmente tivesse socado a minha cara?
Não pude deixar de rir alto. No fim das contas, ele ainda era o mesmo Jasper Chuang de sempre. Ainda era meu grande amor e a prova disso era minha respiração ofegante por te-lo tão perto de mim depois de tantos anos.
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Por acaso do destino
Fiksi PenggemarO passado é um fardo que todos nós vamos carregar durante toda nossa vida, porém, Alexander não consegue se desfazer do seu. Foi por isso que na companhia de seus melhores amigos resolveu se inscrever na mesma faculdade do seu grande amor de infânci...