XL

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ARRASCAETA

Acordei por conta de algumas vozes que conversavam sem parar no meu quarto. Observei de relance e vi Sophia rindo de algo meu meu pai falava. Ao lado do mais velho, minha mãe também sorria.

- Sophia? - a chamei quase que num sussurro e a atenção dos três se voltou para mim. A mineira se levantou e caminhou até a minha cama, segurando a minha mão.

- Oi, Arrascaeta! Como você tá se sentindo?

- Melhor agora! - ela fez uma careta e colocou uma de suas mãos na minha testa, na intenção de verificar minha temperatura.

- Você ainda parece estar com febre! - ela comentou e minha mãe se aproximou, colocando a mão na minha testa, onde Sophia estava com a dela segundos atrás.

- Verdade, meu filho! Vou lá chamar o médico. Você tem tomado antitérmico o dia todo e sua febre parece não passar - minha mãe comentou saindo do quarto e discretamente meu pai a seguiu.

- Precisamos conversar! - eu disse para a Sophia.

- Agora não, Arrascaeta! Primeiro você tem que se recuperar. Depois resolvermos isso.

- Tá! - ela depositou um beijo na minha bochecha. Apesar de eu querer outro tipo de beijo, me permiti sorrir com o ato dela e ficamos ali, com ela acariciando minhas mãos até o meu médico aparecer, com um termômetro em uma mão e alguns papéis em outra.

- Muito bem, Giorgian! - o doutor disse - Vamos medir sua temperatura! - ele colocou o termômetro embaixo do meu braço esquerdo e ficamos ali, no silêncio, aguardando o bip do aparelho - Sua febre diminuiu um pouco só! - o médico disse analisando o termômetro, após o sinal e depois de ter tirado debaixo do meu braço.

- O que pode se fazer agora para a febre diminuir? - meu pai questionou.

- Infelizmente só vou poder medicar mais antitérmico daqui duas horas. Ele já tomou dipirona na veia hoje faz pouco tempo e não adiantou muito.

- O que seu nos exames? - eu perguntei me referindo aos testes que eu havia feito hoje pela manhã, depois de uma noite turbulenta.

- Os resultados estão aqui, Arrascaeta! - ele me estendeu os papéis e eu peguei - Geralmente a febre alta é comum após algumas cirurgias e indica a presença de infecções pós operatório mas felizmente não é o seu caso. Acredito que é bem mais psicológico. Solicitei ao Dr. Tannure que mandasse um psicólogo do clube pra vir amanhã conversar com você - assenti - Preciso que você esteja bem psicologicamente para que o pós operatório seja bem sucedido. Acredito que como atleta, entenda bem isso!

- Entendo!

- Ótimo então! Volto daqui a pouco para ver como você está - assenti e ele saiu do quarto.

Vi Sophia cochichar alguma coisa com minha mãe e logo sair também. Estranhei mas não perguntei nada. Não demorou muito para ela aparecer com um pano na mão e ir até o banheiro.

- Pra que isso? - perguntei quando Sophia se aproximou de mim com o pano um pouco úmido.

- É uma coisa que ajuda na febre. Minha avó sempre colocava uma toalha um pouco molhada na nossa testa - ela comentava enquanto justamente passava o tecido sobre meu rosto.

Eu a olhava atentamente. Estava sendo tão perfeito tê-la ali cuidando de mim e na mesma hora meu coração se apertou quando lembrei que já estava tarde e que amanhã ela teria que estar cedo de pé e descansada.

- Você não vai embora? Já está tarde e amanhã você tem faculdade.

- Se você quiser, eu vou!

- Você sabe que eu não quero!

- Então eu vou ficar aqui, cuidando de você!

Angel - G. De Arrascaeta Onde histórias criam vida. Descubra agora