XLV

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SOPHIA

Suspirei fundo quando Julie e eu caminhamos em direção ao refeitório para podermos lanchar.

- A Luana parece uma criança! - minha amiga riu, se referindo a moça que eu estava treinando para me substituir na FLATV.

- Boa sorte pra vocês que vão ter que aguentar a energia dela! - ri sem graça.

- Amiga, você devia ficar! - não respondi Julie. Eu não queria ficar discutindo sobre isso pela milésima vez.

Ninguém sabia que eu e meu pai havíamos discutido sobre isso há alguns dias. A princípio, o argumento dele era pra poder ficar perto de mim e conseguir me proteger, mas depois ele criou paranóias de que Arrascaeta, por ser jogador e pela história que eu contei sobre a cena que eu vi no aeroporto, ele quis me proibir de ficar aqui e ainda por cima com o Giorgian.

Mesmo com o mal entendido sendo esclarecido e com minha mãe tentando o convencer de que eu já era dona do meu próprio nariz, ele não amoleceu e exigiu que eu voltasse pra casa. Tudo piorou quando minha mãe me ajudou a dar uma "fugidinha" pra ir a hospital ficar com o uruguaio. Os dois discutiram por horas, sobrando pra mim, no fim das contas, com meu pai me chamando de irresponsável, que sempre agia por impulso e que tudo que ele fazia era para o meu bem. Segundo ele, faria de tudo para pagar a minha faculdade lá em Minas só pra não ficar aqui.

Saí dos meus pensamentos, já sentindo meus olhos marejados. Julie abriu a porta do refeitório e nós duas entramos, sentindo o olhar dos jogadores sobre nós. Principalmente Gabriel, que quase me fuzilava com o olhar.

Passamos pela mesa dos jogadores e percebi que Arrascaeta não me olhou por um segundo se quer. Meu coração apertou. Se ele soubesse, talvez não sentisse tanta raiva de mim!

Comi o mais rápido que podia. Não estava aguentando ficar com todo aquele peso dos olhares sobre mim.

- Já vou indo! - eu disse para Julie e Jão, que havia acabado de chegar e sentado ao lado da namorada. Me levantei e quando estava no corredor, próximo a sala de mídias sociais, senti uma mão puxar meu braço.

- Sophia! - me virei pra trás e vi Gabriel me encarando.

- A entrevista vai ser no mesmo lugar de sempre, Gabriel! Achei que a Luana tivesse te dito.

- Não é sobre isso! Quero bater um papo sério contigo.

- Não quero falar sobre isso. Que saco! - voltei a caminhar mas Gabriel segurou novamente meu braço.

- Para de gracinha! Porra, você ficou maluca só pode! O cara tá apaixonado por você e você decide ir embora assim.

- Você não sabe nem metade da história, Gabriel!

- Não ficou esclarecido que foi a Camila que armou tudo aquilo?

- Pra mim sim, Gabriel! Mas você não conhece meu pai e quando ele coloca uma coisa na cabeça, não tira! - desabafei - Desculpa, eu não posso ficar! - eu disse chorando e Gabriel me abraçou.

- A gente pode conversar com ele!

- Não! Sério. Só vai piorar tudo! Só não deixa o Arrascaeta esquecer que eu o amo muito e desejo que ele seja muito feliz, mesmo que não seja comigo.

- Vocês não podem terminar assim!

- Infelizmente vamos ter que terminar assim! - sai dos braços do artilheiro - Te vejo na sala de jogos daqui a pouco! - eu sai enxugando minhas lágrimas e passando no banheiro para lavar o rosto mas acabei ficando um pouco mais, já que não conseguiria parar de chorar tão facilmente!

Angel - G. De Arrascaeta Onde histórias criam vida. Descubra agora