Seis

69 10 23
                                    


Helena:

Desespero descreve exatamente o que eu senti ao ver minha amiga sem conseguir respirar. Arthur coloca ela no sofá, enquanto tento ligar para a emergência.

- Aonde está a bombinha de ar dela?- ninguém presta atenção direito, então ele grita mais alto. - AONDE ESTÁ A MERDA DA BOMBINHA DE AR DA MARÍLIA?

- Deve estar nas coisas dela. Por favor, Meu Deus, que ela tenha trazido!- Marina corre escada acima em busca do aparelho.

Já eu, falho miseravelmente. PORQUE NINGUÉM ATENDE ESSE TELEFONE?

- Ninguém, Helena?- Bruno pergunta, pegando no meu ombro.

- Não.- sinto que estou chorando.

A cada tempo que passa, Marília está ficando mais azulada e estamos todos entrando em estado de terror. O que é Invocação do Mal perto disso que a gente está vivendo.

- Marília, não desiste!- Maria fala agachada perto da amiga.

- Nã...não vo...vou.- ela fala entre as ofegadas.

Vejo Henrique vestir uma blusa e procurar um chinelo.

- Aonde você vai?- pergunto.

- O meu vizinho do lado cursa medicina, ele tem que ajudar em alguma coisa. Ele tem.- e sai correndo, sumindo da minha visão.

Desligo o telefone, não adianta mesmo. Eu já liguei umas vinte vezes e ninguém atende. Sento ao lado da Marília e começo a orar. Deus no ajude.

- Achei! Achei, caramba eu tô me tremendo, mas eu achei!- e desce correndo as escadas, escorregando nos últimos degraus.- Ai, doeu. Mas eu tô bem!- e entrega para Arthur, que já estava a ponto de sofrer um ataque cardíaco.

Ele entrega a bombinha para a Marília, e com muito esforço, volta a respirar novamente. Amém.

- Marília, está se sentindo bem de novo?- Marina pergunta, ainda sentada no chão. Todos nós estamos ofegantes.

Ela engole em seco.

- Estou. Bem. Melhor.- ela diz, sorrindo. Obrigada, meu Deus!

Um milhão de suspiros de alívio. Arthur pega a menina e dá uma abraço carinhoso.

- Eu quase morri de susto quando vi você daquele jeito na areia. Me perdoa, Marília. Me perdoa. Porque você não me disse era asmática? Eu pensei que você iria, sabe... E ainda seria minha culpa!- ele diz, no ombro dela.

- Você não é culpado de nada, deveria ter avisado. Na verdade, muito obrigada por me carregar até aqui. Foi muito fofo.- ela fala, passando a mão no cabelo dele, corando. Ele a solta.

A porta da casa é aberta e chega Henrique com duas pessoas. Uma delas é uma menina, alta e de cabelo castanho, que está usando uma jardineira linda. A outra, é um homem, alto também e com o cabelo liso jogado de lado, em um tom claro. Ele usava um brinco pequeno de argola em uma das orelhas e vestia apenas uma calça moletom cinza.

- Acharam a bombinha dela?-Henrique pergunta, chegando mais perto da Marília.

- Sim.- Bruno responde da bancada da cozinha, colocando uma aspirina para dor de cabeça em um copo de água.

Amigas, Meninos e ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora